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Bolsonaristas fazem atos antidemocráticos diante de sedes militares no Rio e SP

Rio e São Paulo

02/11/2022 14h36

Militantes apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) participam nesta quarta-feira, 2, de atos diante de sedes militares em São Paulo e no Rio de Janeiro. Há registro de manifestações também em outros Estados, como Santa Catarina, Distrito Federal e Minas Gerais.

Inconformados com a vitória nas urnas do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), os bolsonaristas pedem "intervenção militar" ou "intervenção federal", citando uma leitura distorcida do artigo 142 da Constituição, e a anulação das eleições presidenciais.

Após o resultado das urnas ter sido sacramentado, militantes bolsonaristas bloquearam rodovias e estradas federais e estaduais a partir da noite de domingo, 30. O cenário começou a mudar somente depois de o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) determinar a ação conjunta de policiais militares e policiais rodoviários federais e ameaçar de prisão o diretor geral da Polícia Rodoviária Federal para que as estradas começassem a ser desobstruídas.

Em São Paulo

Vestidas de verde-amarelo, milhares de pessoas pedem "intervenção federal" em frente ao Comando Militar do Sudeste, na região do Ibirapuera, em São Paulo. Por volta das 11h, manifestantes tomavam as duas faixas da Av. Sargento Mário Kozel Filho. Quase duas horas depois, já ocupavam parte da Av. Pedro Álvares Cabral. A Secretaria de Segurança Pública paulista informou que não há balanço de quantas pessoas participam da manifestação, mas destacou que ali fica o único ponto de manifestação na capital paulista.

Os bolsonaristas puxavam gritos de "Fora PT" e "intervenção federal". A multidão que se reúne na região do Ibirapuera pede provas da lisura do processo eleitoral e defende uma intervenção ora "militar" ora "federal" baseada equivocadamente no artigo 142, que trata sobre as atribuições das Forças Armadas. Em nenhum dos artigos da Constituição, no entanto, há brecha para qualquer ação que altere a decisão tomada nas urnas.

No centro do Rio

Um grupo de bolsonaristas ocupa a praça em frente ao Comando Militar do Leste (CML) e uma faixa da avenida Presidente Vargas, principal via do Rio de Janeiro. O ato é acompanhando por agentes da Guarda Municipal e pela Polícia Militar. Questionada, a PM afirmou que não faria estimativa da quantidade de pessoas presentes.

O grupo se reúne em frente ao Palácio Duque de Caxias, sede organizacional das Forças Armadas que abrange Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo. Os manifestantes chegaram ao local por volta das 8h com faixas e cartazes por "intervenção militar" e bandeiras do Brasil.

"Temos o artigo 142, mas sabemos que para ele ser colocado em prática precisaria passar pelo Congresso. O outro lado vai acabar com a gente. Não queremos virar Venezuela. Militares nos ajudem. Todo poder emana do povo", diz uma das organizadores do ato. Sob gritos de "eu autorizo", ofensas a Lula e entoando hinos militares e religiosos, o grupo protesta sob chuva fina.

Na zona oeste do Rio

Cerca de 500 pessoas se reúnem na manhã desta quarta diante do Comando da Primeira Divisão de Exército, na Vila Militar (zona oeste) para pedir intervenção militar.

A maioria dos manifestantes usa camisa da seleção brasileira e ostenta bandeiras do Brasil. A reportagem contou duas faixa e quatro cartazes pedindo intervenção militar. O grupo alterna cantos e coros - o hino nacional é repetido com frequência, e às vezes interrompido por coros como "a nossa bandeira jamais será vermelha" e "sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor".

Um homem usa um megafone para pedir intervenção militar: "O povo conclama, o povo exige. Só as Forças Armadas podem salvar o Brasil", disse à reportagem, sem se identificar. Os militares em serviço observam a manifestação e pedem aos manifestantes que se concentrem numa calçada.

"Minha mulher está doente e pediu que eu ficasse com ela, mas hoje não dá, eu tinha que vir aqui. É questão de vida ou morte para o Brasil", afirmou um manifestante que se identificou apenas como João, militar reformado de 63 anos.