Tarifa de trem e metrô em SP vai subir para R$ 5 em 2024; valor para ônibus não muda
O governo de São Paulo vai aumentar a tarifa do transporte de Metrô e trens da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) para R$ 5,00 a partir de 1º de janeiro de 2024, de acordo com o informado por assessores do Palácio dos Bandeirantes. A Prefeitura informou que o valor da tarifa de ônibus não será alterado.
O preço da passagem estava congelado em R$ 4,40 desde 2020, o que significa um aumento de R$ 0,60. Com o reajuste, os passageiros terão de pagar, em média, R$ 26,40 a mais por mês no transporte sobre trilhos em dias úteis. O anúncio oficial ainda não foi feito, mas o poder estadual prometeu divulgar novas informações sobre a decisão.
O poder municipal, por sua vez, vai manter a tarifa dos ônibus sem alteração. Historicamente, o município acompanhava o aumento com o estado. "A Prefeitura ressalta que não há qualquer impedimento técnico na gestão de tarifas distintas entre os serviços de ônibus, metrô e trens, como já ocorrera em anos anteriores", informou em nota.
No final do mês passado, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) havia sinalizado aumento no valor das tarifas de Metrô, trens da CPTM e trens metropolitanos privatizados.
"A tarifa está congelada há muito tempo e a gente tem que começar a fazer conta. Ou eu repasso alguma coisa pra tarifa ou a gente permanece com ela congelada e eu aumento o subsídio. Quanto mais tempo a tarifa ficar congelada, mais subsídio a gente vai ter", defendeu ele no final de novembro.
No ano passado, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) e Tarcísio haviam negociado o congelamento das tarifas de ônibus e metrô. Isso foi possível porque ambos os governos contam com reservas nos respectivos caixas financeiros.
O cenário, no entanto, mudou. O governador vem se mostrando incomodado com o congelamento por causa do déficit do metrô. Segundo relatório interno, a companhia terminou 2022 com prejuízo de R$ 1,16 bilhão e uma taxa de cobertura (relação entre receitas e gastos) de 83%. Ou seja, arrecadou menos do que o necessário para saldar as despesas. O volume de passageiros diminuiu. No ano anterior ao início da pandemia, foram pouco mais de 1 bilhão de passageiros. Já em 2022, foram só 794 milhões de passageiros.
Neste ano, a gestão Tarcísio enfrentou paralisações envolvendo os metroviários. A última delas, no dia 28 de novembro, contou com a participação de funcionários do Metrô, da CPTM, Sabesp (Companhia de Saneamento do Estado), de professores da rede pública e de servidores da Fundação Casa. Os grevistas pediam a suspensão de projetos de privatização, como a da Sabesp, de linhas da CPTM e do Metrô.
Por outro lado, o prefeito calcula que o aumento da passagem trará prejuízos à sua campanha de tentativa de reeleição no ano que vem. "A atual gestão mantém o empenho em incentivar o transporte coletivo, responsável pela locomoção de 7 milhões de passageiros por dia, e que não sofreu reajuste nos últimos três anos", diz outro trecho da nota da Prefeitura.
O anúncio do aumento nos trens e metrô ocorre exatamente na mesma semana do anúncio da tarifa zero nos ônibus. Na segunda-feira, 11, Nunes havia anunciado a implementação da tarifa zero nos transporte coletivo municipal aos domingos na capital paulista. A medida começa a valer já neste mês, a partir do próximo dia 17, e contempla 1.175 linhas. O acesso dos passageiros deverá continuar ocorrendo pela porta da frente dos ônibus.
A gratuidade também será estendida para Natal, Ano Novo e Aniversário de São Paulo. A ideia é usar esse modelo como teste para entender os efeitos da gratuidade da passagem na cidade. Com a medida, que ganhou o nome de Domingão Tarifa Zero, a Prefeitura irá deixar de arrecadar, por ano, R$ 283 milhões com passagens aos domingos. O custo total da operação não foi especificado.
Atualmente, cerca de 2,2 milhões de passageiros usam o sistema de ônibus aos domingos, segundo a Prefeitura.
Subsídios aumentaram nos últimos anos
No ano passado, mais de 2 bilhões de passageiros usaram o transporte municipal. É uma média de 6,8 milhões por dia útil. Em relação a 2021, houve um aumento de 22,75%, quando 1,67 bilhão de pessoas usou os coletivos.
A gestão municipal desembolsou R$ 5,3 bilhões em subsídios para as empresas de ônibus, de acordo com relatório da SPTrans, responsável por gerenciar o transporte na capital paulista. Trata-se de um aumento de 50% em relação a 2021, quando o repasse público foi de R$ 3,4 bilhões.
O subsídio é um valor pago pela Prefeitura para que o sistema de transporte não dependa exclusivamente da tarifa e também para custear as gratuidades oferecidas, como a de idosos e estudantes.
Evolução do valor da tarifa nos últimos anos
2010 - R$ 2,70
2011 - R$ 3,00
2013 - O então prefeito Fernando Haddad (PT) e o então governador Geraldo Alckmin (PSDB) cancelaram o aumento para R$ 3,20 após os protestos de junho
2015 - R$ 3,50
2016 - R$ 3,80
2018 - R$ 4,00
2019 - R$ 4,30
2020 - R$ 4,40
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