Às vésperas de eleições,Valls causa crise em sigla governista
PARIS, 29 MAR (ANSA) - O ex-primeiro-ministro da França e candidato das primárias do Partido Socialista, Manuel Valls, causou uma crise sem precedentes em seu partido a menos de um mês das eleições presidenciais.
Tudo começou nesta terça-feira (28), quando Valls afirmou que o "único antídoto" contra a candidata da extrema-direita, Marine Le Pen, do Frente Nacional, seria votar em Emmanuel Macron, que fundou o "Em Movimento" após se desligar dos Socialistas. Os dois aparecem liderando as pesquisas eleitorais, revezando-se na primeira colocação das intenções de voto.
O problema é que seu partido, que atualmente governa o país com François Hollande, tem seu próprio candidato, Benoît Hamon, que derrotou Valls nas primárias da sigla.
Nesta quarta-feira (29), o ex-premier repetiu a fala em entrevista à "BFM-TV" e disse que sua declaração "não era uma adesão" à nova sigla.
"Não é uma adesão, mas uma decisão responsável. Temo uma alta abstenção e fico surpreso que não se fale do risco que é o Frente Nacional. Não vou arriscar nada pela República, pela França", declarou aos microfones da emissora.
A fala do ex-primeiro-ministro refere-se às ameaças feitas por Le Pen durante a campanha. Eurocética e contrária à imigração, a líder do FN propôs a proibição da entrada de imigrantes - sejam eles vindos pela crise migratória na África ou Oriente Médio ou de qualquer país do mundo -, a retirada da França da União Europeia e da zona do euro, além de uma aproximação à Rússia.
Após a entrevista, Hamon deu uma declaração à imprensa sem citar os nomes dos dois políticos. "É um duro golpe para a democracia e a democracia foi humilhada. A palavra perante ao povo deve ser escrupulosamente respeitada", disse Hamon em referência a um documento assinado por todos os pré-candidatos socialistas de que teriam que apoiar o vencedor do pleito na corrida eleitoral.
Já Macron evitou entrar na polêmica, mas "agradeceu" o apoio de Valls. "Isso traduz o que eu havia indicado há alguns meses e vale dizer que as primárias não estavam preparadas para unir a esquerda. Isso demonstra que os social-democratas e os homens e mulheres responsáveis da esquerda estão prontos a se inscrever em minha iniciativa. Serei o gerente da renovação dos rostos e das práticas", afirmou o representante do Em Movimento.
No entanto, a postura de Valls pode lhe causar a expulsão do Partido Socialista. O secretário da legenda, Jean-Christophe Cambadelis, enviou uma nota aos correligionários que "quem está com Macron não deve mais estar no Partido Socialista".
"A nossa posição é simples: Benoît Hamon é o candidato que foi escolhido nas primárias, legitimado por uma convenção unânime.
Aqueles que forem para o Em Movimento, não deve mais estar no Partido Socialista", escreveu Cambadelis.
Outro que mostrou toda sua raiva por Valls foi o também candidato nas prévias socialistas, Arnauld Montebourg. "Nesta altura, todos sabem que um compromisso assinado sobre a honra de um homem como Manuel Valls vale: nada. Ele é um homem sem honra", escreveu Montebourg.
Até mesmo o candidato da direita, François Fillon, dos Republicanos, criticou a atitude do ex-premier.
"Com o apoio de Manuel Valls já está claro que o governo Hollande está jogando apenas nos acréscimos. É preciso uma alternância", disse Fillon, que tenta se aproveitar da crise para subir nas pesquisas.
- Pesquisa: Uma pesquisa divulgada nesta terça mostrou que Le Pen voltou a liderar a corrida eleitoral, após ficar atrás nas últimas duas enquetes divulgadas pela mídia francesa. De acordo com os novos dados, ela tem 25% das intenções de voto, contra 24% de Macron, 18% de Fillon, 14% de Jean-Luc Mélenchon (esquerdista, dos Radicais) e 12% de Hamon.
No entanto, no segundo turno, mantém-se a previsão de vitória de Macron, que teria 62% das intenções de voto contra 32% de Le Pen. (ANSA)Veja mais notícias, fotos e vídeos em www.ansabrasil.com.br.
Tudo começou nesta terça-feira (28), quando Valls afirmou que o "único antídoto" contra a candidata da extrema-direita, Marine Le Pen, do Frente Nacional, seria votar em Emmanuel Macron, que fundou o "Em Movimento" após se desligar dos Socialistas. Os dois aparecem liderando as pesquisas eleitorais, revezando-se na primeira colocação das intenções de voto.
O problema é que seu partido, que atualmente governa o país com François Hollande, tem seu próprio candidato, Benoît Hamon, que derrotou Valls nas primárias da sigla.
Nesta quarta-feira (29), o ex-premier repetiu a fala em entrevista à "BFM-TV" e disse que sua declaração "não era uma adesão" à nova sigla.
"Não é uma adesão, mas uma decisão responsável. Temo uma alta abstenção e fico surpreso que não se fale do risco que é o Frente Nacional. Não vou arriscar nada pela República, pela França", declarou aos microfones da emissora.
A fala do ex-primeiro-ministro refere-se às ameaças feitas por Le Pen durante a campanha. Eurocética e contrária à imigração, a líder do FN propôs a proibição da entrada de imigrantes - sejam eles vindos pela crise migratória na África ou Oriente Médio ou de qualquer país do mundo -, a retirada da França da União Europeia e da zona do euro, além de uma aproximação à Rússia.
Após a entrevista, Hamon deu uma declaração à imprensa sem citar os nomes dos dois políticos. "É um duro golpe para a democracia e a democracia foi humilhada. A palavra perante ao povo deve ser escrupulosamente respeitada", disse Hamon em referência a um documento assinado por todos os pré-candidatos socialistas de que teriam que apoiar o vencedor do pleito na corrida eleitoral.
Já Macron evitou entrar na polêmica, mas "agradeceu" o apoio de Valls. "Isso traduz o que eu havia indicado há alguns meses e vale dizer que as primárias não estavam preparadas para unir a esquerda. Isso demonstra que os social-democratas e os homens e mulheres responsáveis da esquerda estão prontos a se inscrever em minha iniciativa. Serei o gerente da renovação dos rostos e das práticas", afirmou o representante do Em Movimento.
No entanto, a postura de Valls pode lhe causar a expulsão do Partido Socialista. O secretário da legenda, Jean-Christophe Cambadelis, enviou uma nota aos correligionários que "quem está com Macron não deve mais estar no Partido Socialista".
"A nossa posição é simples: Benoît Hamon é o candidato que foi escolhido nas primárias, legitimado por uma convenção unânime.
Aqueles que forem para o Em Movimento, não deve mais estar no Partido Socialista", escreveu Cambadelis.
Outro que mostrou toda sua raiva por Valls foi o também candidato nas prévias socialistas, Arnauld Montebourg. "Nesta altura, todos sabem que um compromisso assinado sobre a honra de um homem como Manuel Valls vale: nada. Ele é um homem sem honra", escreveu Montebourg.
Até mesmo o candidato da direita, François Fillon, dos Republicanos, criticou a atitude do ex-premier.
"Com o apoio de Manuel Valls já está claro que o governo Hollande está jogando apenas nos acréscimos. É preciso uma alternância", disse Fillon, que tenta se aproveitar da crise para subir nas pesquisas.
- Pesquisa: Uma pesquisa divulgada nesta terça mostrou que Le Pen voltou a liderar a corrida eleitoral, após ficar atrás nas últimas duas enquetes divulgadas pela mídia francesa. De acordo com os novos dados, ela tem 25% das intenções de voto, contra 24% de Macron, 18% de Fillon, 14% de Jean-Luc Mélenchon (esquerdista, dos Radicais) e 12% de Hamon.
No entanto, no segundo turno, mantém-se a previsão de vitória de Macron, que teria 62% das intenções de voto contra 32% de Le Pen. (ANSA)
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