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Após críticas de Trump, atletas da NFL protestam durante hino

24/09/2017 12h17

NOVA YORK E ROMA, 24 SET (ANSA) - Em mais uma das suas polêmicas de governo, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou sua artilharia para os jogadores da National Football League (NFL) e também para a maior estrela da atualidade do basquete do país, Stephen Curry.   

No primeiro caso, Trump criticou os jogadores da NFL que se ajoelham durante a execução do hino nacional. No ano passado, no meio dos protestos sobre a morte de negros inocentes por policiais norte-americanos, alguns jogadores começaram a se ajoelhar como forma de protesto às mortes.   

Neste sábado (23), ele afirmou que os jogadores que fizessem esse tipo de protesto "deveriam ser demitidos" porque é "uma falta de respeito total com a nossa história nacional e com tudo que defendemos". Ao falar sobre o caso, ele ainda usou uma frase de seu reality show, "O Aprendiz" para dizer o que os donos das franquias deveriam fazer. "Você está despedido", afirmou.   

A reação foi imediata. O comissário da NFL, Roger Goodell, afirmou que "o presidente mostra uma total falta de respeito para os nossos campeões e sobre as ideias dos outros".   

Já o dono da franquia do New England Patriots, vencedor do último Superbowl, Robert Kraft, afirmou que estava "profundamente decepcionado" com Trump - do qual foi um dos maiores apoiadores durante a campanha eleitoral.   

"Eu estou profundamente decepcionado pelo tom usado pelo presidente. Nossos jogadores são inteligentes, racionais e se preocupam profundamente com a nossa comunidade. Eu apoio o direito deles causarem pacificamente uma mudança social", emitiu em nota.   

Em um artigo publicado na revista "Sports Illustrated", a NFL emitiu uma nota oficial em que afirma que a entidade e "nossos jogadores estão melhores quando ajudamos a criar um senso de unidade em nosso país e nossa cultura".   

"Não há exemplo melhor do que a extraordinária resposta dos nossos times e atletas aos terríveis acidentes naturais que esperamos no último mês. Comentários segregadores como esses demonstram uma infeliz falta de respeito com a NFL, nosso grande esporte e todos os nossos jogadores, e uma falha ao entender a esmagadora força do bem que nossos times e atletas representam em nossa comunidade", disse a entidade.   

Em sua fala, Trump ainda afirmou que o ex-quarterback do San Francisco 49ers Collin Kaepernick, que iniciou os protestos que se espalharam para diversos esportes, era um "filho da puta". A mãe do jogador, Teresa Kaerpernick, usou sua conta no Twitter e afirmou que "então, isso me faz uma puta bem feliz".   

Neste domingo, como forma de protestar contra o mandatário, todos os jogadores do Jacksonville Jaguar e do Baltimore Ravens se ajoelharam durante o hino nacional. Atrás deles, os técnicos, comissão e donos de equipes colocaram a mão nos ombros deles em sinal de apoio.   

No entanto, Trump não esmoreceu e pediu um "boicote" aos jogos da NFL. "Se os torcedores da NFL rejeitarem ir às partidas até quando os jogadores não pararem de não respeitar nossa bandeira e o nosso país, veremos rápidas mudanças. Demissão ou suspensão", escreveu em seu Twitter.   

- Basquete: Em outra polêmica, Trump "retirou" o convite para a visita do Golden State Warriors à Casa Branca, como é tradicional com os times campeões da NBS. Isso porque o astro da equipe, e aquele que é apontado como o melhor jogador em atividade na competição, Stephen Curry, afirmou que não desejava ir ao encontro do republicano.   

"Eu não quero ir. É tipo o núcleo das minhas crenças. Mesmo se fosse, esta seria uma conversa bastante curta. Nós não defendemos basicamente o que o nosso presidente defende, as coisas que ele disse e as coisas que ele não disse nos momentos certos", afirmou Curry durante a semana.   

Ontem, o republicano afirmou que "como Curry estava hesitando", o "convite foi retirado".   

A repercussão também foi imediata nas redes sociais. "Rival" do astro dos Warrior, LeBron James usou seu Twitter para ironizar a decisão. "Stephen Curry já disse que não ia! Portanto, não há convite. Ir para a Casa Branca era uma grande honra antes de você aparacer por lá", escreveu.   

Outra lenda do basquete norte-americano, Kobe Bryant, afirmou em seu Twitter que "um presidente cujo só o nome causa divisão e raiva. De quem as palavras inspiram divisão e ódio não pode 'fazer a América grande de novo".   

Em nota oficial, o Golden State Warriors também criticou Trump.   

"Enquanto nós pretendíamos como time ter a primeira oportunidade para discutir uma potencial visita à Casa Branca, nós aceitamos que o presidente Trump deixou claro que nós não estamos convidados. Nós acreditamos que não há nada mais americano do que nossos cidadãos terem o direito de se expressar livremente no que realmente é importante para eles", escreveu o clube.   

"Nós estamos desapontados que não teremos durante esse processo de compartilhar nossas visões ou abrir um diálogo nos problemas que impactam nossas comunidades e que nós acreditamos ser importantes debater", continua a nota.   

Ao fim, a nota dá uma "alfinetada" em Trump, ao afirmar que os Warriors visitarão a capital do país em fevereiro "para celebrar a igualdade, a diversidade e a inclusão - valores que nós abraçamos como uma organização". (ANSA)
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