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Candidata acusada de sequestro gera polêmica no México

28/05/2018 18h27

CIDADE DO MÉXICO, 28 MAI (ANSA) - Por Marcos Romero - A um mês das eleições mexicanas de 1º de julho, uma mulher acusada de sequestro e candidata ao Senado por uma legenda de esquerda se converteu no "pomo da discórdia", em um clima de campanha cada vez mais quente.   

O favorito das pesquisas à Presidência, Andrés López Obrador, cujo partido, o Movimento Regeneração Nacional (Morena), indicou Nestora Salgado - ex-chefe de um grupo de autodefesa - ao Senado, e seu rival oficialista, José Antonio Meade, se lançaram em uma disputa verbal sobre o tema.   

Para López Obrador, a candidata é uma "lutadora social", mas o indicado do Partido Revolucionário Institucional (PRI, de centro) insiste que ela é uma "delinquente".   

Durante o segundo debate presidencial, em 20 de maio, Meade leu uma mensagem atribuída a Salgado, na qual ela se comunica com os pais de uma menina mantida em cativeiro por um grupo de autodefesa de Olinalá, no estado de Guerrero.   

"Sou a comandante Nestora Salgado e estou te ligando para dizer que, em troca da liberdade da sua filha, você tem que me entregar a quantidade de 5 mil pesos", advertiu a mulher.   

Meade, um tecnocrata que foi cinco vezes ministro em dois governos de diferentes teores ideológicos - do ex-presidente Felipe Calderón (2006-2012) e do atual mandatário Enrique Peña Nieto -, parece ter apostado grande parte das poucas munições que lhe restam para desacreditar Salgado.   

Contudo, a jogada arriscada, que poderia se converter na última oportunidade para Meade se recuperar nas sondagens, não é muito segura. Na verdade, após a denúncia, a autoridade eleitoral validou a candidatura de Salgado ao Senado, salientando que ela cumpre "os requisitos para obter o registro como postulante a um posto de eleição popular".   

Além disso, a Comissão de Queixas do organismo ordenou a suspensão "da difusão de uma mensagem propagandista do PRI que acusa Salgado de ser criminosa".   

A candidata ainda apresentou uma ação por "danos morais" contra Meade e exigiu que ele se retratasse e se desculpasse. No entanto, o presidenciável insistiu que Salgado "violentou sua comunidade".   

"Não me retrato nem me desculpo quando se trata de velar pela segurança e de dar voz às vítimas da violência", ressaltou o ex-ministro. López Obrador, por sua vez, argumenta que Salgado "foi caluniada de maneira infame" por Meade para "compensar sua desvantagem", porque "é uma dirigente social que está lutando para que haja paz e tranquilidade no México".   

O centro da polêmica está no espinhoso tema das autodefesas surgidas no calor da guerra contra as drogas, lançada pelo governo há 11 anos, e que permitem que grupos civis de povoados isolados se armem para combater criminosos, com base em normas e costumes ancestrais.   

Essas disposições preveem a "retenção de pessoas", e a cobrança de resgate é chamada de "fiança". (ANSA)
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