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Eduardo Bolsonaro se reúne com Salvini e pede desculpas

19/04/2019 16h33

ROMA, 19 ABR (ANSA) - O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL), filho do presidente Jair Bolsonaro, reuniu-se na tarde desta sexta-feira (19) com o vice-premier e ministro do Interior da Itália, Matteo Salvini, um dos símbolos da nova geração da extrema direita na Europa.   


O encontro ocorreu às 17h locais, em Milão, na sede do consulado-geral do Brasil. Esteve presente também o deputado ítalo-brasileiro da Liga Norte, Luis Roberto Lorenzato. Em uma live transmitida pelo Facebook, e depois em uma coletiva de imprensa, Eduardo pediu "desculpas" a Salvini pelo Brasil ter concedido asilo ao italiano Cesare Battisti, considerado terrorista na Itália e condenado à prisão perpétua por quatro assassinatos cometidos na década de 1970, quando militava no grupo de extrema esquerda Proletários Armados pelo Comunismo (PAC).   


"O Brasil pede desculpas por Cesare Battisti ter ficado tantos anos no país", disse Eduardo Bolsonaro. Salvini, por sua vez, respondendo também agradecendo pela colaboração na extradição, em janeiro.   


No vídeo de pouco mais de sete minutos, Salvini e Eduardo também falaram sobre as eleições europeias, imigração e a recém-aprovada lei na Itália de legítima defesa que flexibiliza o porte de arma.   


Ao questionar Salvini sobre a questão imigratória, Eduardo cometeu uma gafe ao confundir os termos em latim "jus sanguinis" e "jus soli".   


Jus sanguinis é um termo que significa "direito de sangue" e garante ao indivíduo a cidadania de um país por meio de sua ascendência - é uma modalidade defendida pela Liga Norte, de Salvini. Já o jus soli significa "direito de solo" e dá ao indivíduo o direito à nacionalidade do lugar onde nasceu.   


"O que os brasileiros podem esperar da dupla cidadania? Já que tem uma comunidade em torno de 30 milhões de brasileiros descendentes de italianos.   


Não que eles desejam ter esta cidadania, mas eles se sentem um pouco italianos. Então, o que o brasileiro pode esperar desta questão do jus sanguinis? Vocês são a favor somente do jus soli, ou concordam que o jus sanguinis é uma maneira de reconhecimento da nacionalidade italiana?", perguntou Eduardo a Salvini.   


Percebendo a confusão do termo, o deputado Roberto Lorenzato, que fazia a tradução da conversa, corrigiu.   


Ao responder, Salvini ressaltou que os únicos imigrantes que interessam são os descendentes de italianos no mundo, citando especificamente brasileiros, argentinos e europeus.   


Na transmissão pelo Facebook, Eduardo ainda ressaltou que o "mundo está mudando" e citou a eleição de Donald Trump nos Estados Unidos, de Viktor Orban na Hungria e a reeleição de Benjamin Netanyahu em []srael. Ele disse esperar que a direita saia /vitoriosa no pleito de maio ao Parlamento Europeu.   


Em sua visita à Itália, ontem (18), Eduardo Bolsonaro também se reuniu com Alberto Torregiani, filho de joalheiro assassinado pelo PAC de Cesare Battisti. A passagem de Eduardo pela Itália faz parte de um giro pela Europa que incluiu uma ida à Hungria para uma reunião com Orban, também da direita populista.   


Eduardo Bolsonaro é o presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados e representante na América Latina do chamado "Movimento" de direita lançado por Steve Bannon, ex-guru da campanha eleitoral do norte-americano Donald Trump. Passando as festividades de Páscoa no Brasil, o presidente Jair Bolsonaro confirmou sua intenção de estabelecer relações mais estreitas com a Hungria.   


"Meu filho Eduardo foi recebido por Orban, com o qual discutiu várias questões. Estou certo que essa viagem à Hungria gerará muitos frutos", disse Bolsonaro, em uma mensagem nas redes sociais. "Quero visitar a região, a Hungria e a Polônia no segundo semestre, para reforçar nossos laços de amizade, além, obviamente, dos comerciais", disse.   


Já a relação de Bolsonaro com Salvini tem sido amistosa desde a campanha eleitoral. O vice-premier italiano chegou a comemorar a vitória de Bolsonaro nas urnas, em outubro. Os dois trocam elogios simultâneos e o brasileiro já prometeu visitar a Itália em breve. (ANSA)
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