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Em greve de fome, Battisti diz ser alvo de 'vingança do Estado'

Cesare Battisti afirma em carta ser alvo de "vingança do Estado" - Alberto Pizzoli/AFP
Cesare Battisti afirma em carta ser alvo de "vingança do Estado" Imagem: Alberto Pizzoli/AFP

11/09/2020 09h12

O italiano Cesare Battisti, 65 anos, considerado um ex-terrorista, voltou a reclamar do isolamento diurno ao qual está sendo submetido em uma penitenciária da Sardenha, na Itália, e acusou o Estado italiano de fazer uma "vingança" contra ele e de tê-lo "sequestrado". Há três dias, o italiano está fazendo uma greve de fome.

"[O ano de] 1968 na Itália durou 15 anos. A guerra das instituições contra mim foi externada com a segregação dos atos, o isolamento forçado e ilegítimo e com uma classificação retroativa de 41 anos. Essa é a vingança do Estado, vingança contra mim na distância de mais de 40 anos de contradições sociais", disse Battisti através de seu advogado, Gianfranco Sollai, que o visitou hoje no cárcere.

Para o ex-membro do grupo terrorista Proletários Armados pelo Comunismo (PAC), "o Estado quer me sacrificar por uma justiça que não existe". Na carta transmitida por Sollai, Battisti justificou sua greve de fome como uma falta de escolha dada pela Justiça italiana.

"Fui obrigado a fazer uma greve total de fome. Fui sequestrado".

"O sequestro começou em 12 de janeiro na Bolívia [onde foi preso e extraditado para a Itália] e continua hoje na ilha da Sardenha. Me sinto mais do que prisioneiro político, mas também prisioneiro de uma guerra suja, uma guerra do Estado e da luta armada e não no período de grande contradição social como entre os anos 1960 e o início dos 1980", acrescentou.

Após passar 40 anos foragido e alegando inocência, Battisti admitiu, em março de 2019, ter sido o autor de dois homicídios e de ter participado de outros dois. Ele foi condenado pelos quatro assassinatos na década de 1970 e está cumprindo a pena de prisão de perpétua.

O que Battisti e sua defesa contestam é que o isolamento diurno ao qual ele está submetido, que, segundo os advogados, deveria ter durado seis meses, mas já está em vigor há mais de um ano e oito meses.