Governador italiano diz que idosos mortos de covid 'não são indispensáveis'
GENOVA, 1 NOV (ANSA) - O governador da região italiana da Ligúria, Giovanni Toti, de centro-direita, virou alvo de críticas após ter dito que os idosos "não são indispensáveis para o esforço produtivo do país".
A declaração está em uma mensagem publicada no Twitter neste domingo (1º), enquanto prefeitos, governadores e o governo nacional tentam definir os próximos passos para conter a escalada da pandemia de Sars-CoV-2 na Itália.
"Por mais que lamentemos cada vítima da Covid-19, devemos ter em conta este dado: apenas ontem [31], das 25 mortes na Ligúria, 22 foram de pacientes muito idosos. Pessoas já aposentadas, que não são indispensáveis ao esforço produtivo do país, mas que devem ser tuteladas", disse Toti.
O governador lígure também criticou a hipótese de um novo lockdown nacional e pediu medidas voltadas para a população mais velha. "A maior parte dos pacientes graves em nossos hospitais e, infelizmente, dos mortos que choramos todos os dias é composta por pessoas de mais de 75 anos", acrescentou.
Logo em seguida, o antissistema Movimento 5 Estrelas (M5S), dono da maior bancada no Parlamento, chamou as declarações de Toti de "gravíssimas" e cobrou um pedido de desculpas. "Rechaçamos a imagem de um governador que deveria se preocupar com todos os cidadãos, mas, evidentemente vítima de delírios de onipotência, deu voz a um conceito tão deplorável", diz um comunicado do partido.
Já o movimento das Sardinhas, criado para combater a extrema direita na Itália, criticou Toti por considerar os idosos apenas do ponto de vista "econômico", e não pelo lado "humano". A deputada de centro-esquerda Laura Boldrini acusou o governador de considerar "descartável" a vida dos aposentados.
Após as críticas, Toti afirmou que sua mensagem no Twitter foi "mal compreendida". "Os nossos idosos são os mais atingidos pelo vírus, são pessoas aposentadas que podem ficar mais em casa e ser protegidas ali", declarou.
Com 52 anos de idade, Toti é governador da Ligúria, no noroeste da Itália, desde junho de 2015 e foi reeleito recentemente com cerca de 56% dos votos. Ele é fundador do partido de centro-direita Mudemos!, mas governa com o apoio de legendas ultranacionalistas, como a Liga, de Matteo Salvini.
A Ligúria tem a terceira maior taxa de mortalidade por Covid-19 entre as 20 regiões da Itália, com 114 óbitos para cada 100 mil habitantes, atrás apenas da Lombardia (174/100 mil hab.) e do Vale de Aosta (134/100 mil hab.).
O país vem registrando recordes consecutivos de casos diários do novo coronavírus, e as mortes a cada 24 horas voltaram ao patamar da primeira quinzena de maio, ainda antes do fim do lockdown.
O governo já fechou academias, cinemas e teatros e limitou o funcionamento de bares e restaurantes, mas viu aumentar a pressão da comunidade científica por medidas mais restritivas para conter a segunda onda da pandemia. (ANSA).
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