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Papa defende cuidado ao próximo como 'vacina para o coração'

Papa Francisco discursa em audiência no Vaticano, em setembro deste ano - GUGLIELMO MANGIAPANE
Papa Francisco discursa em audiência no Vaticano, em setembro deste ano Imagem: GUGLIELMO MANGIAPANE

Do Vaticano

01/01/2021 10h41

O papa Francisco defendeu nesta sexta-feira (1º) que o ano de 2021 deve ser marcado pelo "cuidado" com os outros, o que pode ser considerado como "uma vacina para o coração".

A reflexão foi lida durante celebração presidida pelo secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin, após o Pontífice cancelar seus compromissos em decorrência de uma dor no nervo ciático.

"Neste ano, enquanto aguardamos um renascimento e novos tratamentos, não negligenciemos o cuidado. Com efeito, além da vacina para o corpo, é necessária a vacina para o coração: é o cuidado", alertou o argentino em um texto proclamado durante a Missa da Solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus, e Dia Mundial da Paz.

Para Francisco, "será um bom ano se cuidarmos dos outros, como Nossa Senhora faz conosco", porque "é importante educar o coração para o cuidado, para cuidar das pessoas e das coisas".

"Tudo começa daqui, de cuidarmos dos outros, do mundo, da criação. Pouco aproveita conhecer muitas pessoas e muitas coisas, se não cuidarmos delas".

A mensagem do líder da Igreja Católica destaca a importância de "bendizer, em nome de Deus", e de evitar a tentação da maledicência. "O mundo está gravemente poluído por falar mal e pensar mal dos outros, da sociedade, de nós mesmos. De fato, a maledicência corrompe, faz degenerar tudo, enquanto a bênção regenera, dá força para recomeçar", indica.

Francisco ainda elogiou a "concretude paciente" das mulheres, capazes de "tecer os fios da vida" e de a fazer nascer. "Não estamos no mundo para morrer, mas para gerar vida. E a santa Mãe de Deus ensina-nos que o primeiro passo para dar vida àquilo que nos rodeia é amá-lo dentro de nós", sustenta.

Uma semana depois do Natal, o Papa refere que Jesus "nasce de mulher e revoluciona a história com a ternura". A reflexão desafia os fiéis a encontrarem "tempo" para Deus e para os outros, em particular "para quem está só, para quem sofre, para quem precisa de escuta e atenção".

Além da homilia lida por Parolin, Francisco recitou a oração do ângelus na biblioteca do Palácio Apostólico, com transmissão online.

Na ocasião, ele voltou a dizer que que a pandemia da Covid-19 mostrou ao mundo a necessidade de cuidar de todos, desejando que 2021 seja um ano de paz e de esperança.

"Os dolorosos acontecimentos que marcaram o caminho da humanidade no ano passado, especialmente a pandemia, ensinam-nos como é necessário interessar-nos pelos problemas dos outros e compartilhar as suas preocupações", reforçou.

No início de 2021, o Papa desejou que o ano seja dedicado ao "crescimento humano e espiritual".

"Que seja tempo de superar ódio e divisões, e há tantas; que seja hora de nos sentirmos todos mais irmãos, que seja hora de construir e não de destruir, cuidando uns dos outros e da criação", acrescentou.

O desejo dele é "que a paz reine no coração dos homens e nas famílias; no trabalho e lazer; nas comunidades e nações. Nas famílias, no trabalho, nas nações".

Citando a sua mensagem para o 54.º Dia Mundial da Paz, Francisco falou da "cultura do cuidado" e da necessidade de construir "uma sociedade fundada nas relações de fraternidade", com atenção "ao irmão que precisa de uma palavra de conforto, de um gesto de ternura, de ajuda solidária".

"Trata-se de desenvolver uma mentalidade e uma cultura do cuidado, para vencer a indiferença, a rejeição e a rivalidade, que infelizmente prevalecem", enfatizou.

Por fim, o Papa sustentou que a paz "não é apenas ausência de guerra", mas "uma vida cheia de sentido, construída e vivida na realização pessoal e na partilha fraterna com os outros".

"A paz é acima de tudo um dom, dom de Deus. Deve ser implorada com oração incessante, sustentada com diálogo paciente e respeitoso, construída com uma colaboração aberta à verdade e à justiça, sempre atenta às aspirações legítimas das pessoas e dos povos", concluiu.