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China bloqueia declaração da ONU condenando golpe em Myanmar

Wang Wenbin afirmou que o governo "está perplexo e estupefato com o vazamento de um documento interno de discussão do Conselho de Segurança da ONU" - Artyom Ivanov/TASS via Getty Images
Wang Wenbin afirmou que o governo "está perplexo e estupefato com o vazamento de um documento interno de discussão do Conselho de Segurança da ONU" Imagem: Artyom Ivanov/TASS via Getty Images

03/02/2021 10h51

ROMA, 3 FEV (ANSA) - A China bloqueou uma declaração conjunta do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre o golpe militar ocorrido em Myanmar, informou a emissora britânica "BBC" nesta quarta-feira (3).

Segundo a TV, os chineses foram os únicos que não quiseram apoiar a moção apresentada pelo governo do Reino Unido durante uma reunião de emergência realizada nesta terça-feira (2) entre o grupo que conta ainda com Rússia, Estados Unidos e França.

Como é um dos membros-permanentes, a China tem o direito de vetar ações do tipo.

Um dos porta-vozes do Ministério das Relações Exteriores de Pequim, Wang Wenbin, afirmou que o governo "está perplexo e estupefato com o vazamento de um documento interno de discussão do Conselho de Segurança da ONU". Sem citar se era verdade ou não, o representante apenas se limitou a dizer que as afirmações de que a China poderia apoiar ou permitir os conflitos internos em Myanmar "não correspondem à realidade".

Essa é a segunda vez em menos de quatro anos que Pequim veta qualquer tipo de iniciativa que envolve o governo de Myanmar. Em 2017, o país vetou que o CS condenasse a ação dos líderes do país contra a minoria étnica rohingya - apenas o plenário da ONU, onde não há possibilidade de veto, condenou a postura da líder "de facto" Aung San Suu Kyi por violar direitos humanos.

Myanmar está vivendo um novo golpe militar desde a última segunda-feira (1º), quando deveriam ter tomado posse os parlamentares eleitos em dezembro. Os militares prenderam tanto Suu Kyi, que não pode ser a presidente por ter filhos com um homem estrangeiro, como o mandatário Win Myint.

O partido da Nobel da Paz de 1991, o Liga Nacional para a Democracia (LND), teve uma vitória avassaladora em 8 de dezembro, com mais de 70% dos votos, e iria manter seu controle total do Parlamento. As Forças Armadas, segundo especialistas, temeram pelo poder que Suu Kyi iria ter internamente e começaram a falar que houve "fraude eleitoral". No dia da posse, deram um golpe de Estado.

E, nesta quarta-feira, um tribunal do país determinou que Suu Kyi, que já está presa, cumpra 14 dias de "detenção provisória" por ter "violado uma lei de importação e exportação", informou Kyi Toe, porta-voz do LND. Conforme fontes, ela teria comprado um rádio no exterior.

Já o presidente foi acusado por "ter violado a lei sobre gestão de catástrofes naturais", sem pontuar especificamente o que aconteceu.

No entanto, os atos de desobediência civil continuam a aumentar, com protestos de médicos e enfermeiros, de taxistas e de jovens.

G7 condena golpe - Os ministros das Relações Exteriores do G7 emitiram uma nota em que se dizem "profundamente preocupados" com o golpe de Estado em Myanmar e exortaram os militares a colocar um "fim imediato" ao estado de emergência no país.

O grupo, que conta com Itália, França, Alemanha, Reino Unido, Estados Unidos, Canadá e Japão, ainda pediu a libertação de Suu Kyi e de Mynt.

"Pedimos o restabelecimento do poder ao governo democraticamente eleito, a libertação de todos aqueles que foram injustamente presos e o respeito aos direitos humanos e ao estado de direito", informa ainda o comunicado. (ANSA).