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Fracassa primeira tentativa de corredor humanitário na Ucrânia

05/03/2022 13h55

ROMA, 5 MAR (ANSA) - Fracassou a primeira tentativa de criar corredores humanitários para evacuar civis de cidades da Ucrânia sob assédio da Rússia.   

Nas primeiras horas deste sábado (5), o Kremlin havia anunciado uma trégua temporária de cinco horas em Mariupol e Volnovakha, no sudeste ucraniano, para permitir a retirada da população civil de áreas sob bombardeio.   

No entanto, as autoridades das duas cidades denunciaram repetidas violações do cessar-fogo pela Rússia e decidiram suspender a evacuação, pedindo que os moradores voltassem para abrigos.   

"Devido ao fato de que o lado russo não aderiu ao cessar-fogo e continua bombardeando Mariupol e seus arredores, a evacuação da população civil foi adiada", diz um comunicado divulgado pela prefeitura nas redes sociais.   

Mariupol tem cerca de 450 mil habitantes e está sob cerco da Rússia desde o início da semana, o que provocou o corte no abastecimento de água potável. "Pedimos para todos os residentes de Mariupol se dispersarem e ir para lugares onde possam se abrigar", acrescenta a nota.   

Em Volnovakha, de pouco mais de 20 mil habitantes, apenas 400 pessoas foram evacuadas. "Ainda que tivéssemos a intenção e o transporte necessário para evacuar muito mais, precisamos parar o movimento do comboio porque os russos recomeçaram a bombardear Volnovakha sem piedade", afirmou o governador da região de Donetsk, Pavlo Kyrylenko.   

Estima-se que mais de 200 mil pessoas pudessem deixar Mariupol e que outras 15 mil saíssem de Volnovakha, cidade que, segundo o deputado local Dmytro Lubinets, foi 90% danificada pelos bombardeios russos. "Os cadáveres não foram recolhidos, e as pessoas que se escondem nos abrigos estão ficando sem comida", salientou o parlamentar ao jornal Kyiv Independent.   

O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (ICRC) também se pronunciou e disse que as "operações de passagem segura em Mariupol e Volnovakha não vão começar" neste sábado.   

"As cenas em Mariupol e outras cidades são de cortar o coração.   

Qualquer iniciativa das partes que dê aos civis um alívio da violência e permita que eles saiam voluntariamente para áreas seguras é bem-vinda", ressaltou a instituição.   

Por sua vez, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmou que os corredores humanitários foram bloqueados por "nacionalistas ucranianos", enquanto o ministro das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, disse que "ninguém se apresentou" para a evacuação.   

Já o Ministério da Defesa russo anunciou a retomada dos combates em Mariupol por causa da "relutância da parte ucraniana em pressionar os nacionalistas para prolongar a trégua".   

O sul da Ucrânia tem sido um dos principais palcos da guerra, já que a Rússia tenta bloquear o acesso ao Mar Negro. A cidade de Kherson, de 300 mil habitantes, já foi conquistada pelas forças de ocupação, que seguem em direção a Odessa, terceiro município mais populoso do país, com 1 milhão de moradores.   

"Pedimos que vocês não se desloquem para a costa de Odessa. É perigoso para a vida de vocês", afirma uma mensagem divulgada pela Marinha ucraniana. Em Kherson, civis saíram às ruas neste sábado para protestar contra a invasão, mas foram dispersados por tiros de advertência das tropas da Rússia.   

Até o momento, a guerra na Ucrânia já gerou cerca de 1,4 milhão de refugiados, e o conflito será tema de uma nova reunião do Conselho de Segurança da ONU na próxima segunda-feira (7).   

(ANSA).   

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