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Itália condena policiais envolvidos na morte de Stefano Cucchi

04/04/2022 17h32

ROMA, 4 ABR (ANSA) - A Corte de Cassação da Itália condenou nesta segunda-feira (4) a 12 anos de prisão dois policiais envolvidos no assassinato do geômetra Stefano Cucchi, ocorrido em 22 de outubro de 2009, enquanto ele estava sob custódia do Estado.   

A decisão põe fim a um processo judicial muito longo e doloroso que durou cerca de 15 anos. O "Caso Cucchi", inclusive, virou um filme na Netflix ("Na Própria Pele", 2018) porque, desde o início, uma série de reviravoltas fez com que um processo chegasse a ser anulado e o veredicto tenha sido anunciado apenas em 2019. Inicialmente, a sentença era de 13 anos de prisão, mas foi reduzida em um ano. Desta forma, os carabineiros Alessio Di Bernardo e Raffaele D'Alessandro terão que cumprir 12 anos de reclusão pelo caso iniciado em outubro de 2009, quando Cucchi morreu sete dias após sua prisão por drogas.   

Durante a audiência, a acusação declarou que "o espancamento realizado pelos carabineiros no quartel de Casilina foi um castigo corporal de extraordinária gravidade, caracterizado por uma evidente desproporção com a atitude pouco cooperativa de Cucchi".   

"Neste momento, podemos pôr fim a esta primeira parte do julgamento do assassinato de Stefano. Podemos dizer que ele foi espancado até a morte, que foi feita justiça a eles. Temos que agradecer a muitas pessoas, meus pensamentos neste momento vão para meus pais que ficaram cansados de tudo isso e não podem estar conosco", disse Ilaria Cucchi, irmã da vítima.   

Já a mãe do geômetra, Rita Calore, afirmou que "a justiça finalmente chegou depois de muitos anos, pelo menos contra aqueles que espancaram Stefano, causando sua morte".   

Hoje, o Supremo Tribunal também anunciou que realizará um novo processo de apelação para outros dois carabineiros acusados de falsificação no contexto da morte de Cucchi. Trata-se de Roberto Mandolini, que era o policial responsável pela delegacia que atuou no caso e havia sido condenado a quatro anos de prisão por falso testemunho; e de Francesco Tedesco, sentenciado a 2 anos e meio de detenção pelo crime de falsidade.   

Entenda o caso - O geômetra de 31 anos foi abordado por uma patrulha da Arma dos Carabineiros em Roma no dia 15 de outubro de 2009 e foi flagrado com 20 gramas de haxixe. De lá, foi para a delegacia comandada por Mandolini e enviado para o presídio Regina Coeli, o maior da capital italiana.   

Poucos dias depois, Cucchi foi internado na ala de detentos do hospital Sandro Pertini, local onde faleceu no dia 22 daquele mês. Na autópsia, foi constatado que o homem de 1,76 metro de altura pesava apenas 37 quilos, indicando um estado de desnutrição - além do corpo apresentar diversos hematomas.   

No primeiro processo, todos os acusados foram absolvidos por falta de provas: seis médicos e três enfermeiros (acusados de abandono de incapaz) e três membros da Polícia Penitenciária (lesões agravadas e abuso de autoridade). Na denúncia, afirmava-se que os carcereiros usaram força excessiva contra o italiano e que os profissionais da saúde tinham deixado Cucchi morrer de fome.   

Porém, a Procuradoria de Roma abriu uma nova investigação em dezembro de 2015 contra carabineiros suspeitos de agressão pós-prisão e com a suspeita de que havia ocorrido "uma estratégia científica" para "atrapalhar a correta reconstrução dos fatos". As penas, então, foram anuladas.   

Já em outubro de 2018, Tedesco mudou o seu depoimento e disse que Di Bernardo e D'Alessandro haviam espancando Cucchi ainda na delegacia e que ele tinha agido para parar com as agressões.   

O policial Tedesco foi condenado por falso testemunho, pois mudou o depoimento, tendo mentido no processo de 2015. Já Mandolini foi condenado pelo mesmo crime, mas por outra ação.   

Quando Cucchi foi preso, ele escreveu nos autos que o homem era "um sem-teto".   

O promotor Giovanni Musarò, por sua vez, explicou que "Stefano Cucchi foi levado para a prisão porque o marechal Mandolini escreveu na verbal de prisão que ele era um sem-teto. Mas, ele morava com os pais. Sem aquilo, talvez ele já teria sido mandado para a domiciliar". (ANSA)
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