Itália tem maior abstenção da história em eleições europeias

ROMA, 10 JUN (ANSA) - A Itália registrou uma abstenção recorde nas eleições europeias no país, a primeira na história da República em que menos de 50% dos eleitores com direito a voto foram às urnas, apesar da disputa ter reunido muitos líderes partidários.   

Segundo dados definitivos divulgados nesta segunda-feira (10) pelo Ministério do Interior da Itália, a participação no pleito realizado nos dois dias do último fim de semana foi de 49,69% O número significa que, pela primeira vez em uma eleição na União Europeia (UE), menos de metade do eleitorado italiano exerceu o seu direito de voto. A participação da Itália nas eleições europeias de 2019 foi de 54,5%.   

Considerando apenas os eleitores e olhando não para os votos absolutos, mas sim para as porcentagens, os três partidos do governo veem os seus números reforçados, que totalizam juntos cerca de 48%, com uma liderança clara do partido de extrema direita da premiê Giorgia Meloni, Irmãos da Itália (FdI), que recebeu 28% dos votos.   

A legenda de centro-esquerda Partido Democrático (PD), liderado por Elly Schlein, também foi recompensado, crescendo em relação às políticas tanto em termos de votos absolutos como percentuais (24%), assim como a Aliança Verde de Esquerda (AVS) que subiu para 6,6%.   

Por outro lado, o resultado do Movimento 5 Estrelas (M5S) é "decepcionante", como admitiu o ex-premiê italiano e líder da legenda Giuseppe Conte, ficando abaixo do limite de 10%.   

A entrada em campo de muitos líderes, como Meloni, Schlein e o vice-premiê da Itália, Antonio Tajani, e o tom radical da campanha de alguns partidos não convenceram os eleitores a irem às urnas.   

A participação de 49,69% é inferior aos 63,9% das eleições de setembro de 2022 e aos 56,09% de 2019. E, isto, apesar da votação em 3,7 mil municípios e na região do Piemonte, que aumentou a participação, ocorrida em paralelo.   

De fato, a maior participação registra-se no círculo eleitoral do Noroeste, com 55,09%, enquanto a mais baixa é no Sul (48,32%) e nas Ilhas (37,20%), ou seja, a "área" do M5S, que cai para 9,95%, quando os assentos contados são 59.993 de 61.650.   

Já Meloni sorri: o FdI, apesar de perder 800 mil votos em relação às políticas, situa-se nos 28,8%, com uma delegação de mais de 20 eurodeputados, uma das mais fortes em Estrasburgo. Em termos percentuais, os parceiros de coalizão, o conservador Força Itália (FI), de Tajani, e o ultranacionalista Liga, de Matteo Salvini, registraram 9,72% e 9,12%, respectivamente.   

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Os três partidos juntos estão próximos dos 48%, o que permite a Meloni destacar que no próximo G7 o governo italiano é o mais forte, em comparação com "os maltratados" executivos da Alemanha, França e Reino Unido.   

A votação na Itália polarizou os dois lados, visto que mesmo entre a oposição o PD é em grande parte o primeiro partido com mais de 24% e mais de 100 mil votos a mais do que nas eleições políticas.   

Isso representa um sucesso para Schlein, que reiterou o seu "espírito de unidade" para guiar o nascimento de uma coligação competitiva com o centro-direita.   

Além disso, o pleito também mostrou que houve um aceno maior para a esquerda graças ao avanço da AVS, que passou de um milhão de votos em 2022 para um 1,5 milhão ontem, com um percentual de 6,6%.   

No entanto, nem os Stati Uniti d'Europa (3,75%) nem o Ação, de Carlo Calenda (3,31%), excederam o limite de 4% necessário para enviar representantes eleitos para Estrasburgo. (ANSA).   

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