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Justiça russa indeniza famílias 12 anos após troca de bebês

01/11/2011 08h39

  • BBC

    Irina e Anya, que após 12 anos descobriram
    que foram trocadas na maternidade

Um tribunal russo determinou que um hospital pague uma indenização de US$ 100 mil (mais de R$ 170 mil) para cada uma das duas famílias que tiveram suas filhas trocadas na maternidade na noite do parto, em 1998.

As meninas estão hoje com 12 anos e as famílias vivem na mesma cidade.

O caso obteve grande repercussão na imprensa russa. As famílias descobriram o engano após um exame de DNA, feito depois do divórcio de Yuliya Belyaeva, quando seu ex-marido disse não acreditar ser o pai de Irina, porque ela não se parecia com ele.

Os testes mostraram que ela não era filha biológica de nenhum dos dois.

Belyaeva se lembrou da noite em que deu à luz Irina, em dezembro de 1998, quando havia outra mulher em trabalho de parto. Foi aí que ela percebeu o que havia acontecido: as bebês haviam sido entregues aos pais errados.

A polícia conseguiu encontrar os pais biológicos de Irina, que vivem em uma cidade vizinha.

"Era verdade. A filha deles, Anya, tem cabelos mais claros e se parece comigo e com meu ex-marido. E nossa filha tem pele morena e cabelos escuros e se parece com o outro pai. Ele é tadjique, e ela se parece muito com ele", disse Belyaeva.

"A outra família é muçulmana, então minha filha biológica foi criada como muçulmana. Eles têm tradições e costumes completamente diferentes, o que torna as coisas ainda mais difíceis."

O pai biológico de Irina, Naimat Iskanderov, não queria acreditar que tinha havido uma troca.

"Aí o detetive me mostrou uma foto da outra menina, Irina, a que eles diziam que era minha filha de verdade. Quando vi o rosto dela era como ver a mim mesmo", disse ele.

Futuro
Apesar da indenização determinada pelo tribunal na cidade de Kopeisk, nas proximidades dos montes Urais, Belyaeva diz que a troca deixará traumas.

"O dinheiro não alivia a dor. Todo o dinheiro no mundo não vale o olhar de uma criança para sua mãe... há momentos em que acho que teria sido melhor não saber de nada", disse ela.

A TV russa diz que as meninas não querem deixar as casas onde foram criadas, portanto as famílias pensam em usar o dinheiro - muito para os padrões russos - para viver perto uma da outra, ou mesmo dividir uma casa.

"Gostaria que dividíssemos uma casa para que não tivéssemos que nos preocupar com uma filha visitando a outra família", disse Iskanderov à TV russa.

Belyaeva disse preferir casas próximas, para que "posamos ver nossas crianças crescendo e façamos parte de suas educações".