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As estratégias para fazer amizades ao ir morar em um novo país

30/04/2017 19h29

Para quem vive no exterior, a mudança de país vem acompanhada de uma série de desafios - de se acostumar com costumes culturais até encontrar um lugar para morar. Mas um dos mais difíceis é conhecer pessoas novas.

De fato, uma das reportagens mais populares da BBC no ano passado foi sobre paquera na Suécia, abordando a solidão que muitas pessoas sentem ao morar em outro país. Então perguntamos: como fazer amigos em terras estrangeiras? Muitos leitores responderam com ideias inovadoras.

Depois de trabalhar no Oriente Médio, na África, nos Estados Unidos e na Europa, "onde toda a vida social foi resumida a colegas de trabalho", Mark Richard Adams começou um projeto novo na Noruega em 1991.

"No começo era apenas mais um país, mais um projeto, mas quando comecei a frequentar academia, a esquiar e a escalar montanhas fui desenvolvendo uma rede de amigos fora do trabalho", diz.

"Quase 26 anos depois me mudei de vez para a Noruega, casei-me com uma norueguesa fantástica e tive um filho, agora com 11 anos. Os noruegueses não são fáceis de se aproximar, então você precisa ter paciência, mas vale a pena esperar. Fiz o que pude para aprender a língua, cultura, história e política, isso ajuda".

Para Jeannie Liu, o segredo é a persistência. "Tentei voltar várias vezes ao mesmo lugar, como um restaurante ou um supermercado. Até que comecei a conhecer as pessoas e fui convidada para todo tipo de evento. Lá eu conheci mais pessoas e fiz novos amigos."

Falar o mesmo idioma sempre ajuda, diz ela, mas "mesmo sem ter a língua em comum, continue sorrindo e sendo gentil com todos, escute as pessoas e, claro, seja atencioso com os que estão ao seu redor".

Entrar em grupos na rede social Meetup salvou Christine Ndirangu quando ela se mudou para Londres. "É uma vida tão agitada que é difícil encontrar até mesmo as pessoas que eu conhecia antes. Por sorte a Meetup é para pessoas procurando exatamente isso", diz.

"Fiquei surpresa que até mesmo as pessoas de Londres a usam para expandir suas redes de amigos depois que seus amigos antigos começaram a sair menos. Não posso dizer que fiz amigos para a vida inteira, mas ao menos saímos e fazemos coisas divertidas", afirma ela.

Aconteceu algo parecido com Caro Chan, que usou encontros de dança e de aulas de idioma para fazer novos amigos no Reino Unido. Mas ela achou mais difícil fazer isso no Japão, onde a maioria das amizades são feitas no trabalho.

Fazer parte de uma comunidade religiosa foi extremamente importante para Dave Kelly. "Ter a fé em comum ajuda a ultrapassar diferenças culturais, quebrar possíveis barreiras em relação a amizade e unir pessoas de diferentes nacionalidades", diz ele, ao responder nossa pergunta.

Depois de viver no exterior por cinco anos, Nayim Amari mapeou quatro principais táticas para se integrar: aceitar o outro, respeitar as diferenças, aprender sobre a cultura local e conhecer gente nova.

'Um certo medo'

Para algumas pessoas, isso não é tão simples. Emilia Bergoglio, que mora no Japão, está enfrentando dificuldades para conseguir uma vida social no país que adotou. "Eu simplesmente não fiz amigos", diz.

Ela afirma que colegas de trabalho não deveriam ser amigos e que estrangeiros tendem a se unir. "Apenas agora que as minhas habilidades com o idioma melhoraram eu consigo ter uma conversa com os locais, mas os relacionamentos basicamente ficam no nível de ter uma familiaridade e educação."

"Não estou chateada com a situação e quando preciso muito conversar falo com amigos antigos da Europa através do Skype. Também vou mudar de emprego em breve, então talvez a situação melhore no futuro próximo."

David W. Duffy também se sentiu sozinho após 10 anos de moradia na Polônia, mas ele acredita que ter um espírito independente é fundamental.

"É preciso ter um certo nível de coragem e uma mentalidade forte para conseguir lidar com a solidão, que pode ser paralisante às vezes. As pessoas mais ligadas aos confortos do lar e à família vão ter muito mais dificuldade. Mas eu não trocaria isso por nada, para mim o senso de aventura é bem mais forte."