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Ivica Strok, o maior jogador de futebol de todos os tempos - no mundo dos games

13/06/2017 16h00

Ivica Strok ganhou todo os troféus possíveis para um jogador de futebol. Tem uma legião fiel de seguidores nas redes sociais e ajudou o Glasgow Celtic, clube da Escócia, a se transformar em um dos gigantes do mundo da bola.

Claro que quem leu o parágrafo anterior achou alguma coisa estranha: Strok é um lenda tão virtual quanto os quatro títulos da Liga dos Campeões que conquistou com o Celtic ou os 836 gols marcados.

Todos só existem no mundo dos games.

Strok foi desenvolvido pelo britânico Jonny Sharples, um fã inveterado de Football Manager, videogame que simula a carreira de treinadores e dirigentes de futebol - de treinamentos à compra e venda de atletas.

O jogo não se limita aos clubes e jogadores mais famosos do mundo, e gamers criaram o hábito de tentar levar equipes desconhecidas a alturas que seriam impossíveis na vida real. Também costumam investir em atletas desconhecidos ou inventados.

Foi o que fez Sharples ao "contratar" um jovem croata de 18 anos em 2020. Isso mesmo: em Football Manager os anos passam mais depressa. O problema é que isso decreta a aposentadoria de jogadores da vida real. E a solução oferecida pelo próprio jogo é produzir atletas fictícios - chamados regen.

Ivica Strok é um deles.

A transação foi uma bênção para Sharples e para o clube por ele escolhido, o Celtic: em duas décadas de carreira, Strok levou o clube escocês a uma procissão de títulos. O atacante foi ainda campeão da Eurocopa de 2032 com a seleção da Croácia, além de por várias vezes ter sido o maior artilheiro da Europa.

Sua fama no mundo real, porém, não veio dos feitos no campo virtual: em dezembro 2014, Sharples recebeu um telefonema trágico.

"Minha irmã ligou para contar que nosso irmão mais velho, Simon, tinha se matado. Fiquei arrasado, e o único lugar para onde podia escapar era o computador e a vida de Ivica Strok", explica o escocês.

"Foi o que permitiu que minha dor passasse".

Sharples ficou tão imerso na vida de Strok que até criou contas para o jogador virtual em redes sociais.

"Senti-me um pouco como o doutor Frankenstein, porque dei vida a meu monstro. A reputação dele começou a crescer, o número de seguirdores a aumentar. Ivica deixou o mundo virtual", explica o gamer.

Sharples teve, então, a ideia de usar a fama do personagem para ajudar a "criar consciência sobre os problemas mentais a ajudar a prevenir suicídios".

Isso incluiu um jogo fictício de despedida para celebrar a aposentadoria de Strok, para arrecadar dinheiro para uma instituição de caridade. O total, US$ 1 mil, não foi nada graúdo se comparado ao dinheiro que circula no futebol, mas foi o suficiente para chamar a atenção do Museu Nacional do Futebol do Reino Unido, que durante nove meses exibiu uma cópia do programa junto a uma camisa do Celtic com o nome de Strok e o número 10.

"Ficou no mesmo prédio com verdadeiras lendas do esporte, como Pelé, Mardona e Messi", diz Sharples, surpreso.

O caso chamou também a atenção de ONGs de prevenção de suicídios e mesmo do clube escocês. Como consequência, Strok "deu" várias entrevistas para publicações britânicas e estrangeiras.