O restaurante escocês que quer devolver sua estrela Michelin
Ser reconhecido internacionalmente pelo Guia Michelin é provavelmente um dos grandes desejos da maioria dos restaurantes do mundo.
Há alguns poucos, contudo, que garantem que a distinção não compensa - e chegam a pedir que a publicação retire suas estrelas.
Esse é o caso do Boath House. Depois de dez anos premiados com uma estrela pelo guia francês de gastronomia, os responsáveis por esse restaurante no pequeno vilarejo de Auldearn, na região das Highlands da Escócia, querem dar início a uma nova etapa longe das regras e exigências que vêm com a gratificação.
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Em meados de setembro, um restaurante francês com três estrelas também pediu para ser excluído da publicação.
Mas quais poderiam ser as desvantagens de aparecer em um guia prestigiado como um local de excelência gastronômica?
"Enorme stress"
Cumprir as normas do Guia Michelin, dizem os responsáveis pelo Boath House, não é compatível com os benefícios econômicos que a distinção que vem com as estrelas traz.
"Acreditamos que as expectativas do Michelin estão em desacordo com uma margem de lucro rentável e colocam enorme stress sobre um pequeno negócio familiar como o nosso", disse em comunicado a proprietária do restaurante, Wendy Matheson.
Apesar de se sentir orgulhosa da estrela mantida por uma década e de afirmar ter consciência do quanto o reconhecimento ajudou a construir a reputação do estabelecimento, ela ressalta que o restaurante, que funciona dentro de um hotel na pacata Auldearn, na região montanhosa das Highlands, registrou prejuízo por anos.
Em sua opinião, seus clientes buscam uma experiência que não se encaixa nos requisitos exigidos de um restaurante para que ele se mantenha no guia.
"Os comentários que temos escutado cada vez mais de nossos clientes é que querem uma experiência mais informal, e isso se estende ao restaurante, à comida e à forma como ela é servida".
As temidas visitas dos avaliadores
O Guia Michelin descreve o Boath House como um "elegante salão oval em um casarão do começo do século 19". "Menus modernos e equilibrados demonstram as habilidades e conhecimentos do chef" .
A publicação destaca a cozinha por seus "sabores interessantes", que exploram os ingredientes produzidos localmente na horta e no pomar.
"É claro que cada restaurante decide como quer conduzir seu negócio e que não há uma fórmula específica para ganhar ou manter uma estrela Michelin", disse a editora do guia para o Reino Unido e Irlanda, Rebecca Burr, depois de saber das declarações do Boath House.
"Sem dúvida, as refeições mais informais têm se tornado uma tendência nos últimos dez anos e o guia esteve na vanguarda no momento de reconhecer e celebrar isso".
Burr se refere ao Bib Gourmand, que reconhece o trabalho de restaurantes que oferecem cozinha de qualidade a preços competitivos.
Na semana passada, o chef francês Sébastian Bras solicitou que o seu Le Suquet, localizado na cidade de Laguiole e detentor de três estrelas desde 1999, fosse retirado do Guia Michelin.
O chef quer "começar um novo capítulo" longe da pressão dos avaliadores da publicação, que, antes, poderiam aparecer a qualquer momento no restaurante.
"Eles visitam duas ou três vezes por ano, você nunca sabe quando", afirmou Bras à agência AFP. Depois de desaparecer do guia em 2018, acrescenta, o chef espera poder cozinhar sem ter de se perguntar se suas criações serão "atraentes para os avaliadores".
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