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Dorian: os recordes do furacão que devastou as Bahamas e ameaça a Flórida

Redação - BBC News Mundo

02/09/2019 08h15

O furacão é o mais intenso deste ano e atingiu o pico da escala Saffir-Simpson pouco antes de chegar às Ilhas Ábaco; sua energia é equivalente à de toda a temporada de 1977.

O furacão Dorian chegou às Bahamas neste domingo e causou uma terrível destruição, deixando casas debaixo d'água, carros virados e linhas de energia derrubadas.

O furacão - o mais intenso deste ano - atingiu o pico da escala Saffir-Simpson (que chega a 5) neste domingo, pouco antes de atingir as Ilhas Ábaco, no nordeste do arquipélago.

Apesar de ter tocado o chão, a intensidade do furacão continuou a subir. A força dos ventos às 21h GMT no domingo atingiu 297 km/h, de acordo com o Centro Nacional de Furacões dos EUA (NHC, na sigla em inglês).

O furacão Dorian deixou muitas pessoas desabrigadas nas ilhas Ábaco e, nesta segunda-feira (2/9), rumava a oeste. Com a aproximação do furacão dos Estados Unidos, Carolina do Sul e Geórgia determinaram a evacuação obrigatória de centenas de milhares de residentes ao longo de suas costas.

O deslocamento de Dorian se desloca lentamente , a apenas 7 km/h, o que implica em um dano potencial maior, já que os ventos fortes permanecem sobre a região por mais tempo.

Segundo o NHC, isso pode levar a uma "destruição extrema".

Meteorologistas dizem que algumas das características do furacão Dorian já o deixam entre os "mais intensos e potencialmente catastróficos" já registrados.

Não há consenso entre os cientistas sobre que fatores medir para determinar quais são os piores furacões: velocidade do vento, tamanho, quantidade de chuva, pressão barométrica, danos materiais ou humanos, Mas o fato é que Dorian já superou, em termos técnicos, alguns furacões de outras estações.

Confira alguns dos recordes que Dorian já bateu ou igualou:

https://twitter.com/Tribune242/status/1168237006570315777

O mais intenso dos tempos modernos a tocar terras no Atlântico

Em 1935, um furacão havia estabelecido um recorde que nunca havia sido alcançado - até domingo (1/9).

O furacão surgiu na mesma época do ano e foi batizado Dia do Trabalho (que se comemora em setembro nos Estados Unidos), devido ao dia em que chegou ao país.

O furacão registrou a maior velocidade de seus ventos máximos sustentados quando atingiu o solo: 295 km/h.

Depois de 84 anos, Dorian empatou: quando chegou às ilhas Ábaco, nas Bahamas, ele tinha a mesma velocidade dos ventos.

https://twitter.com/OfficialJoelF/status/1168245986671681538

O mais intenso a chegar ao noroeste do Caribe

Antes de tocar o solo nas Ilhas Ábaco, Dorian também atingiu Elbow Cay, nas Bahamas, com ventos máximos sustentados de 289 km/h.

Segundo o NHC, essa é a maior força de um furacão a tocar o arquipélago na história moderna.

De fato, desde que se começaram os registros, nunca um furacão de categoria 5 havia atingido as Ilhas Ábaco.

Bahamas não recebia um furacão desde 2017, quando Maria e Irma deixaram pequenos danos.

O recorde anterior para o noroeste do Caribe havia sido deixado por Irma, que atingiu Barbuda, San Martin e Ilhas Virgens Britânicas com ventos de 289 km/h.

Uma energia descomunal

Os furacões geram mais energia em sua trajetória do que centenas de bombas atômicas juntas: isso é conhecido como Energia Ciclônica Acumulada (ECA), um dos índices que os cientistas levam em consideração para estimar o possível impacto.

No final de cada temporada, os especialistas também consideram os registros de cada furacão para estimar a quantidade de energia gerada.

Mas Dorian, até domingo, já tinha gerado mais ECA do que todos os ciclones que se formaram durante toda a temporada de furacões no Atlântico de 1983.

E, de acordo com o meteorologista Philip Klotzbach, da Universidade Estadual do Colorado, ele também vai superar, antes de terça-feira, a quantidade de energia gerada durante toda a temporada de furacões no Atlântico de 1977.

Entre os piores desde 1980

Quando o avião de reconhecimento detectou, na tarde de domingo, a intensidade dos ventos ao redor dos olhos de Dorian, ela era de quase 300 km/h.

Isso não apenas tornou o furacão o mais intenso no Atlântico desde 1980, mas também o segundo com maior força de ventos desde que há registros, ao lado de Gilbert (1988) e Wilma (2005), que também alcançaram 297 km/h.

Em primeiro lugar está o furacão Allen, que atingiu território na fronteira dos Estados Unidos com o México em 1980. Allen tem o recorde de ventos máximos sustentados: 305 km/h.

Mas não para aí: os ventos de Dorian são os mais fortes já vistos a leste da Flórida, no norte do Oceano Atlântico, de acordo com Klotzbach.

Recorde de pressão

Para quem acompanha meteorologia, a pressão central dos ciclones é um dos dados mais interessantes.

Isso porque, no olho do furacão, a pressão atmosférica é geralmente menor do que no resto do planeta - mas quanto mais baixa, maior a sua intensidade. Quanto mais baixa a pressão, maiores as forças dos ventos.

Dorian também já está na lista de furacões que atingiram a terra com menor pressão atmosférica desde que há registro.

Quando chegou às Bahamas no domingo, sua pressão central era de 910 hectopascais. O patamar é ainda mais baixo que o do furacão Andrew, que devastou a Flórida em 1992.

O furacão do Dia do Trabalho de 1935, no entanto, detém o recorde de pressão: 892 hectopascais.


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