Coronavírus: 5 aspectos do vírus surgido na China que mais preocupam os cientistas
Vírus que causa doença pulmonar grave já foi detectado em vários países, onde infectou milhares de pessoas e provocou mais de 130 mortes.
O novo coronavírus que surgiu na cidade chinesa de Wuhan e causa uma doença pulmonar grave já foi detectado em vários países, onde infectou milhares de pessoas e provocou mais de 130 mortes.
E, de acordo com especialistas, estes números devem aumentar, o que está deixando as autoridades de saúde em todo o mundo em alerta.
O episódio lembra outro surto, o da Síndrome Respiratória Aguda Grave, conhecida como Sars (a sigla em inglês), também causada por um coronavírus, que matou 774 das 8.098 pessoas infectadas, quando eclodiu na China em 2002.
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"Existe uma lembrança forte da Sars, daí o medo, mas agora estamos muito mais preparados para lidar com essas doenças", diz à BBC Josie Golding, da fundação britânica de pesquisa médica Wellcome Trust.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) reconheceu que o risco global é "alto", mas decidiu não declarar emergência internacional de saúde pública, como fez com a gripe suína e o Ebola.
Seja como for, há muitas dúvidas pairando sobre o assunto. A BBC conversou com vários especialistas, e estas são as questões em relação ao vírus que mais os preocupam:
1) Com que facilidade é transmitido?
No início do surto, as autoridades chinesas disseram que o vírus não era transmitido entre seres humanos, mas desde então foram identificados milhares de casos de pessoas infectadas dessa maneira.
Os cientistas informaram que cada indivíduo infectado pode transmitir o vírus para uma média que fica entre 1,4 e 2,5 pessoas.
Esse número é particularmente importante porque corresponde à taxa de reprodução básica do vírus e, quando excede 1, significa que é "autossustentável", ou seja, os especialistas sabem que ele não será extinto por si só.
E isso coloca o coronavírus mais ou menos no mesmo grupo de virulência da Sars.
Por enquanto, apenas medidas como as tomadas na China, que incluem colocar cidades em quarentena, podem retardar sua propagação.
2) Qual é a fase de contágio?
Os cientistas na China indicam que os pacientes podem transmitir o vírus antes mesmo de aparecerem os primeiros sintomas, que incluem febre, tosse, falta de ar e dificuldade em respirar.
O intervalo de tempo entre o contágio e o início dos sintomas ? conhecido como período de incubação ? pode variar de um a 14 dias.
A Sars e o Ebola, por exemplo, são contagiosos somente após o aparecimento dos sintomas.
Isso faz com que esses tipos de surtos sejam relativamente fáceis de frear: as pessoas doentes são identificadas, e as que entraram em contato com elas são monitoradas.
A gripe é o exemplo mais famoso de um vírus que alguém pode espalhar antes de saber que está infectado.
A professora Wendy Barclay, do Departamento de Doenças Infecciosas da universidade Imperial College London, no Reino Unido, afirmou à BBC que é comum que infecções respiratórias sejam transmitidas antes que apareçam sintomas.
O vírus "se propaga pelo ar, ao conversar com uma pessoa infectada ou respirar próximo a ela", explica.
"Não seria muito surpreendente se o novo coronavírus fizesse o mesmo."
Mas os desafios de conter a "propagação assintomática" vão tornar o trabalho das autoridades de saúde muito mais difícil.
O que não se sabe ainda é quão infecciosos são os pacientes durante o período de incubação da doença.
3) Quão rapidamente a doença se alastra?
Em poucos dias, o número de pessoas infectadas passou de centenas para milhares.
Mas o rápido crescimento dos números, mais acelerado que em outros surtos, pode ser devido à maior capacidade da China hoje de identificar pessoas infectadas.
Na realidade, há muito pouca informação sobre a "taxa de crescimento" do surto.
Mas especialistas acreditam que o número real de pessoas atingidas é provavelmente maior que o divulgado.
É o que indica um relatório do Centro de Análise de Doenças Infecciosas Globais do Imperial College London.
"É provável que o surto de coronavírus em Wuhan tenha causado mais casos de doença respiratória moderada ou grave que o informado."
No fim de semana, pesquisadores da Universidade Lancaster, no Reino Unido, estimaram que há 11 mil casos da doença. Caso isso seja confirmado, significará que o atual surto já infectou mais pessoas que a Sars.
4) Como é possível conter o vírus?
Sabe-se que o vírus não vai retroceder por conta própria: somente medidas tomadas pelas autoridades podem acabar com a epidemia.
Tampouco há uma vacina disponível que possa fornecer imunidade à população. Mas os cientistas já estão trabalhando no desenvolvimento de uma.
A expectativa é de que as pesquisas conduzidas em torno da vacina contra a Síndrome Respiratória do Oriente Médio (Mers, na sigla em inglês), que também é um coronavírus, possam facilitar este trabalho.
Os hospitais também estão testando medicamentos antivirais. Uma combinação de dois medicamentos foi bem-sucedida contra a epidemia de Sars e está sendo testada agora na China.
Mas, por enquanto, a opção mais eficaz é impedir que indivíduos já infectados transmitam o vírus a outras pessoas.
Até agora, a China tomou as seguintes medidas para isso:
- Colocou cidades em quarentena e restringiu o deslocamento da população;
- Isolou os pacientes, que devem ser tratados por profissionais de saúde com equipamento de proteção individual;
- Recomendou à população a lavar as mãos regularmente.
Outros países asiáticos implementaram controles para monitorar passageiros provenientes de Wuhan ? e os Estados Unidos e o Reino Unido anunciaram que farão o mesmo.
Mas há dúvidas sobre a eficácia dessas medidas.
Será necessário um trabalho árduo de investigação para identificar todas as pessoas que entraram em contato com pacientes infectados para ver se elas têm o vírus.
5) O vírus pode sofrer mutação?
É esperado que os vírus, de uma maneira geral, sofram mutações e evoluam. Mas é difícil prever o que isso significa em cada caso.
A Comissão Nacional de Saúde da China alertou que a capacidade de transmissão do coronavírus está se fortalecendo, mas não foi clara sobre o risco apresentado por mutações virais.
Isso é algo que os cientistas estão observando atentamente.
"Deveríamos nos preocupar com qualquer vírus que infecte o corpo humano pela primeira vez, porque ele já superou o primeiro grande obstáculo", diz Jonathan Ball, virologista da Universidade de Nottingham, no Reino Unido, à BBC.
"Dentro de uma célula (humana) e ao se replicar, ele pode começar a gerar mutações que permitam que se espalhe com mais eficiência e se torne mais perigoso."
"Não queremos dar ao vírus essa oportunidade", completa.
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