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Coronavírus: britânica luta para sair de Wuhan sem deixar filho para trás

Natalie Francis disse estar preocupada com a saúde do filho, porque ele teve pneumonia no ano passado - Arquivo Pessoal
Natalie Francis disse estar preocupada com a saúde do filho, porque ele teve pneumonia no ano passado Imagem: Arquivo Pessoal

30/01/2020 16h37

Natalie Francis está entre os passageiros elegíveis a serem retirados da China em operação oficial, mas Jamie, de 3 anos, não poderia acompanhá-la porque, sob a jurisdição chinesa, só portadores de passaporte britânico que não têm nacionalidade chinesa podem sair do país.

Uma britânica que seria retirada de Wuhan, na China, em meio ao surto do novo coronavírus, foi informada pelo governo do Reino Unido de que não poderia sair do país com seu filho de 3 anos porque ele tem passaporte chinês.

"Fiquei literalmente sem palavras quando recebi a ligação", diz Natalie Francis.

O governo britânico planeja remover 200 cidadãos do país de avião e colocá-los em quarentena por duas semanas no Reino Unido.

Mas, sob a legislação chinesa, somente os portadores de passaporte britânico que não possuam a nacionalidade chinesa podem sair do país com a ajuda do Reino Unido.

"Posso ir sem problemas, mas meu filho não pode ir, e eles [autoridades britânicas] dizem que 'nada pode ser feito'", afirma Natalie.

"Estamos em Wuhan no momento. Fisicamente, estamos bem, mas o estresse de ficarmos presos aqui por tanto tempo está começando a pesar um pouco, principalmente depois dessa notícia. É raro você se sentir verdadeiramente desamparado, que não há nada que você possa fazer ou dizer. É perturbador."

Prioridade é manter famílias jutnas, diz governo

Até o momento, o novo coronavírus já infectou mais de 7 mil pessoas em 17 países e causou a morte de ao menos 170 pessoas, todas na China.

Francis, que trabalha como professora em Wuhan, disse que, no início do surto, ela, seu marido e seu filho, Jamie, não tinham planos de deixar a China.

No entanto, nos últimos dias, ela diz que a família começou "a entrar em pânico" após relatos de que crianças estavam sendo afetadas, principalmente porque seu filho teve pneumonia no ano passado.

"Meu marido disse para que, se eu tiver chance, devo levar Jamie. Não sei quem pode resolver isso."

O Ministério das Relações Exteriores britânico afirmou que a "prioridade é manter os cidadãos britânicos seguros e junto de seus familiares" e que o governo está discutindo o caso de Francis com as autoridades chinesas.

Retirada foi adiada

A princípio, a remoção de britânicos da China ocorreria nesta quinta-feira, mas o país a adiou "provisioriamente" para a sexta-feira.

O motivo seria que permissões solicitadas às autoridades chinesas ainda não teriam sido aprovadas.

De acordo com a tia de Francis, Michele Carlise, o caso da família teve um novo desdobramento e o nome de Jamie voltou a ser incluído na lista de pessoas que podem ser retiradas da China.

"Significa que eles estão considerando que ele poderá estar naquele voo. Estamos mais esperançosos", diz Michele.

"Se Jamie não puder voltar com Natalie, não há como ela vir. Estamos mantendo os dedos cruzados para que tudo seja resolvido em breve, não apenas para Natalie e Jamie, mas para todas as outras pessoas que estão em situações semelhantes."

Em seu publicação mais recente no Facebook, Francis diz ter sido instruída a ir para o aeroporto. "Eu posso ir, mas eles disseram não saber se Jamie poderá embarcar no avião. É nossa escolha ir e tentar."