Coronavírus: quais medidas estão sendo tomadas por diferentes países para conter pandemia
O surto do novo coronavírus levou países a tomarem diferentes medidas para tentar impedir a propagação.
Os estágios de propagação são diferentes em cada um dos países. O que eles têm feito para tentar conter a nova doença?
Testes
Há uma variação considerável em relação à quantidade de pessoas que estão sendo testadas para detecção do coronavírus em todo o mundo.
A Coreia do Sul realizou cerca de 4 mil testes por milhão de habitantes entre 3 de janeiro e 11 de março, enquanto os Estados Unidos realizaram apenas 26 testes por milhão de pessoas.
Até 10 de março, a Itália realizou cerca de 1.000 testes por milhão, em comparação com 400 por milhão no Reino Unido até a mesma data.
No Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde divulgados nesta quinta-feira (12/03), há 77 casos confirmados, 1.427 casos suspeitos, e 1.156 descartados.
Existem algumas razões diferentes para a variação nos níveis de teste em todo o mundo.
Uma delas é a capacidade dos sistemas de saúde de diferentes países, incluindo a quantidade de laboratórios preparados para fazer esses testes.
No Reino Unido, há 12 laboratórios de vigilância de doenças infecciosas administrados por agências de saúde pública e o país planeja tornar aptos também os laboratórios do NHS.
Mas os EUA, que têm um sistema de saúde mais fragmentado, têm sido mais lentos para agir: eles também têm 12 laboratórios preparados, apesar de ter cinco vezes mais pessoas que o Reino Unido. Ao mesmo tempo, a Coreia do Sul forneceu mais instalações de teste.
No Brasil, até o início de março o teste só era feito no Rio de Janeiro, São Paulo, Pará e Goiás. Foi quando o governo divulgou que ampliaria a capacidade laboratorial para diagnóstico do coronavírus e distribuiria 30 mil kits para teste diagnóstico específico para covid-19, a doença causada pelo novo coronavírus.
O ministério informou, ainda, que depois ampliaria de forma gradativa para todos os 27 Laboratórios Centrais de Saúde Pública (Lacens) do país.
Outro fator importante é a gravidade do surto.
O Reino Unido hoje está testando apenas pessoas que apresentam os sintomas se elas estiveram em um país de alto risco ou souberem que estiveram em contato com uma pessoa com coronavírus.
No Brasil, o Ministério da Saúde informou no dia 9 de março que passaria a "testar para o coronavírus todos os pacientes internados, em hospitais públicos ou privados, com quadro respiratório grave, independentemente do histórico de viagem das pessoas ao exterior".
A Itália, que teve muitos casos, está testando um grupo maior de pessoas que o Reino Unido, incluindo pessoas sem sintomas que estiveram em áreas de alto risco.
E a Coreia do Sul, que chegou a enfrentar o pior surto fora da China, tomou a decisão de testar muito amplamente.
Monitoramento em aeroportos
Alguns países estão fazendo monitoramento em aeroportos e outros centros de transporte. Outros, como o Brasil, não adotaram essa medida.
Na Inglaterra, a agência Public Health England afirmou ter imposto "monitoramento aprimorado" para passageiros que chegam de países como China, Irã, Japão e Malásia, mas não verificações de temperatura.
"Os pareceres de especialistas indicam que a triagem clínica de entrada (por exemplo, por meio de verificações de temperatura) seria de eficácia muito limitada e detectaria apenas uma pequena minoria de casos", afirmou a agência.
"Isso ocorre porque os sintomas geralmente não aparecem até cinco a sete dias e, às vezes, até 14 dias."
O monitoramento aprimorado significa ter equipe médica nos aeroportos para atender a voos diretos a partir de pontos considerados de risco, fornecendo informações sobre sintomas aos passageiros e incentivando-os a relatar se estão se sentindo mal.
Pesquisas acadêmicas recentes realizaram simulações que sugeriam que as verificações de temperatura nos aeroportos capturam pouco mais da metade dos passageiros infectados por coronavírus.
Os aeroportos da Itália realizam verificações de temperatura dos passageiros desde o início de fevereiro e também há testes nas estações ferroviárias. Termômetros são comuns nos aeroportos na Ásia.
Nesta quarta-feira, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou novas restrições de viagens vindas da Europa, em uma tentativa de barrar a propagação do novo coronavírus.
Escolas fechadas
A Unesco diz que 14 países fecharam escolas em todo o território nacional, enquanto outros 13 fecharam algumas das escolas.
As escolas foram fechadas por diferentes períodos de tempo. O Japão, por exemplo, pediu que todas as escolas fechassem até o fim do ano letivo, que é no final de março. O anúncio foi feito em 27 de fevereiro, quando havia 186 casos confirmados no país.
A Itália fechou todas as suas escolas até 3 de abril. Anunciou o fechamento inicial em 4 de março, quando havia 2.500 casos confirmados na Itália.
A Espanha fechou todas as escolas e universidades da região de Madri.
No Reino Unido e na Alemanha, um número relativamente pequeno de escolas foi fechado temporariamente para permitir uma limpeza profunda depois que funcionários ou alunos testaram positivo ou retornaram de áreas de alto risco.
A França fechou creches e escolas por 15 dias, a partir de 9 de março, nas duas áreas mais afetadas pelo coronavírus no país: Bretanha e região de Oise, ao norte de Paris.
Eventos cancelados
Uma série de eventos esportivos ao redor do mundo foram cancelados ou realizados em estádios vazios.
A Argentina suspendeu todas as competições esportivas. A Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol) anunciou, nesta quinta-feira, a suspensão da Copa Libertadores da América.
O torneio de tênis de Indian Wells, na Califórnia, por exemplo, foi cancelado pouco antes do início das partidas classificatórias, em 9 de março.
Na Grécia, o governo anunciou que todos os eventos esportivos profissionais nas próximas duas semanas serão disputados sem espectadores.
A Maratona de Barcelona foi transferida de 15 de março para 25 de outubro.
A Liga Italiana de Futebol suspendeu todos os jogos até 3 de abril, a Liga Suíça de Futebol foi suspensa até 23 de março e uma série de outros jogos de futebol, especialmente entre times de diferentes países, foram disputados a portas fechadas.
Enquanto isso, a ministra das Olimpíadas do Japão, Seiko Hashimoto, disse que tudo está sendo feito para permitir que os jogos aconteçam — a abertura está prevista para 24 de julho.
No entanto, ela acrescentou que o contrato com o Comitê Olímpico Internacional permitiria que os jogos fossem adiados até o final do ano, se necessário.
Museus e atrações turísticas fechados
Algumas das atrações turísticas mais famosas do mundo fecharam, restringiram a entrada ou pediram que os visitantes minimizassem o contato próximo.
O imenso resort da Disney em Xangai foi reaberto parcialmente na segunda-feira, depois de ficar fechado por mais de um mês. Mas a Disney de Hong Kong permanece fechada, assim como os parques temáticos da Disney no Japão.
Museus e atrações também foram fechados em outros países da Ásia.
Também houve fechamento temporário de locais turísticos em toda a Itália, em meio às restrições anunciadas pelo governo. Em Roma, o Coliseu e outras atrações estão fechadas até 3 de abril.
Na França, o Museu do Louvre, em Paris, fechou no início de março devido a receios da equipe sobre a possível disseminação do vírus. Ele foi reaberto, mas está pedindo aos visitantes que não compareçam se não se sentirem bem ou estiverem viajando de uma área infectada.
A Torre Eiffel está pedindo aos visitantes que usem apenas cartões bancários para pagar as entradas. A Disney em Paris permanece aberta, embora um membro da equipe tenha testado positivo para o coronavírus no fim de semana.
A Arábia Saudita interrompeu temporariamente a entrada de peregrinos que desejavam visitar locais sagrados, e o Iraque introduziu restrições ao acesso a espaços religiosos.
Áreas em quarentena
Restringir o movimento é a outra medida que alguns países estão tomando, olhando para o exemplo da China, onde havia restrições em larga escala.
O primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte, pôs o país inteiro em quarentena e determinou que as pessoas ficassem em casa e pedissem permissão para saídas essenciais.
Com verificações nas estradas, aeroportos e estações ferroviárias, essas medidas entraram em vigor recentemente, então é muito cedo para dizer quão eficazes elas podem ser.
O Irã limitou as viagens entre as principais cidades, impedindo os não residentes de entrar. Mas o governo foi criticado por não ter isolado a cidade sagrada de Qom, que foi um dos lugares mais atingidos pela doença. O vice-presidente do Parlamento, Masoud Pezeshkian, que é médico, disse: "Se eu fosse ministro da Saúde, colocaria Qom em quarentena no primeiro dia".
Na Coreia do Sul, as autoridades colocaram em quarentena dois blocos de apartamentos na cidade de Daegu, no sul do país, que possui cerca de três quartos dos casos do país.
Na Coreia do Norte, o governo colocou em quarentena 380 estrangeiros — principalmente diplomatas e funcionários da capital Pyongyang — por mais de um mês.
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