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Holocausto: guarda de campo de concentração nazista foi considerado velho demais para ser julgado

Campo de Stutthof ficou conhecido pelas terríveis condições em que os cerca de 100 mil prisioneiros eram mantidos - AFP
Campo de Stutthof ficou conhecido pelas terríveis condições em que os cerca de 100 mil prisioneiros eram mantidos Imagem: AFP

12/03/2021 08h47Atualizada em 12/03/2021 08h57

Um tribunal na Alemanha considerou que um ex-guarda de um campo de concentração nazista, hoje com 96 anos de idade, não está em condições de saúde para ser julgado — mas mesmo assim deve pagar os honorários do processo até aqui.

O homem, identificado como Harry S., foi acusado de ser cúmplice no assassinato de centenas de pessoas no campo de Stutthof.

De acordo com o tribunal de Wuppertal, há um "alto grau de probabilidade" de que ele seja culpado dos crimes.

Este é um de três processos judiciais recentes relacionados ao campo de Stutthof, então localizado na Polônia ocupada pelos nazistas.

Bruno Dey, 93, foi condenado em julho do ano passado a dois anos de prisão, mas teve suspensão condicional da pena. Ele foi considerado cúmplice na morte de mais de 5 mil prisioneiros.

Condenado em julho do ano passado, Bruno Dey escondeu o rosto no tribunal - AFP - AFP
Condenado em julho do ano passado, Bruno Dey escondeu o rosto no tribunal
Imagem: AFP

Em fevereiro, Irmgard F, de 95 anos, se tornou uma das poucas mulheres a ajudar e a estimular assassinatos na era nazista. Ela era secretária em Stutthof.

Já Harry S. foi guarda no campo entre junho de 1944 e maio de 1945.

Ele teria supervisionado o transporte de quase 600 prisioneiros para as câmaras de gás no campo de Auschwitz-Birkenau em setembro de 1944.

Stutthof também tinha câmaras de gás e ficou conhecido pelas terríveis condições em que os cerca de 100 mil prisioneiros eram mantidos. Muitos morreram de fome e de doenças, enquanto outros foram baleados, submetidos a câmaras de gás ou a injeções letais.

As vítimas incluíam muitos judeus, além de poloneses não-judeus e soldados soviéticos capturados.

Na quarta-feira (10/3), o tribunal de Wuppertal disse em comunicado que, "devido à sua condição física", Harry S. "não era mais capaz de representar razoavelmente seus interesses dentro e fora do julgamento", iniciado em 2017.

Mas a representação da corte prosseguiu afirmando que, como guarda do campo nazista, ele teria supervisionado a locomoção de prisioneiros e "reconhecido a dimensão do assassinato em massa cometido" ali.

Como havia um "alto grau de probabilidade" de sua culpa, Harry S. deve arcar com suas despesas no processo. Não se sabe qual é este valor e se o réu vai recorrer.

Stutthof foi oficialmente designado como campo de concentração em 1942. Foi o primeiro do tipo construído fora das fronteiras alemãs na guerra e o último a ser libertado pelo exército soviético, em 9 de maio de 1945.

Acredita-se que mais de 65 mil pessoas morreram ali.

A Alemanha tem processado ex-funcionários de campos nazistas desde uma decisão histórica, em 2011, que condenou um ex-guarda, John Demjanjuk, como cúmplice de assassinatos em massa. Ele morreu enquanto aguardava um recurso, mas o veredito abriu um precedente legal.

Anteriormente, os tribunais exigiam evidências do envolvimento direto de funcionários nas atrocidades cometidas sistematicamente pelo regime nazista.