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O que se sabe sobre o terremoto de magnitude 7,2 que atingiu o Haiti

14/08/2021 14h35

Quase 1.300 mortes foram registradas.

Um terremoto de magnitude 7,2 sacudiu o sul do Haiti no sábado (14/8), deixando 1.297 mortos e mais de 2,8 mil feridos, além de desaparecidos.

A região sul do país foi a mais atingida, segundo a Defesa Civil haitiana.

O terremoto, que também foi sentido na República Dominicana e em Cuba, ocorre poucos dias antes da possível chegada da tempestade tropical Grace.

Segundo o Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS, na sigla em inglês), o epicentro do terremoto, de 10 quilômetros de profundidade, ocorreu a cerca de 12 quilômetros da cidade de Saint-Louis du Sud.

As autoridades locais relataram danos estruturais nas cidades Jérémie e Les Cayes, bem como na capital, Porto Príncipe.

Jérémie foi isolada pela estrada e seu cais, completamente destruído.

Em Les Cayes, vários edifícios desabaram ou sofreram danos significativos, de acordo com as autoridades. Uma operação de busca de sobreviventes está em andamento.

Ajuda internacional

O primeiro-ministro haitiano, Ariel Henry, disse que a situação é "dramática" e acrescentou que o terremoto causou "várias perdas de vidas humanas e materiais" em várias regiões do país.

Henry declarou estado de emergência por um mês e pediu à população que não entrasse em pânico.

"O mais importante é resgatar o máximo possível de sobreviventes sob os escombros", disse.

"Sabemos que os hospitais locais, especialmente o de Les Cayes, estão sobrecarregados com o número de feridos."

Em sua conta no Twitter, o primeiro-ministro haitiano convocou o "espírito de solidariedade e compromisso de todos os haitianos" para enfrentar "esta dramática situação que vivemos".

Henry compartilhou fotos aéreas de Les Cayes, cidade que sobrevoou para ter uma ideia melhor de como canalizar medidas de emergência.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, autorizou uma "resposta imediata" daquele país para ajudar o Haiti.

Uma equipe de especialistas em desastres dos Estados Unidos já está no país caribenho para avaliar os "danos e necessidades" da população.

O anúncio foi feito no sábado (14/8) pela chefe da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID, na sigla em inglês), Samantha Power, designada por Biden para coordenar a resposta ao terremoto.

No mesmo dia, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, também ordenou o envio de todo o apoio possível ao Haiti.

O presidente da República Dominica, Luis Abinader, cujo país divide a ilha Hispaniola com o Haiti, ofereceu-se para ajudar "dentro de suas possibilidades".

Organizações internacionais insistem na necessidade de instalar abrigos "imediatamente" para ajudar "muitas pessoas" que perderam suas casas.

Save the Children e Unicef, o braço da ONU para a infância, ??destacaram a vulnerabilidade de crianças e adolescentes, em particular.

"Estamos profundamente tristes com as informações sobre as vítimas e os danos causados??pelo terremoto no Haiti", disse Bruno Maes, representante da Unicef no país caribenho, em nota enviada à imprensa.

"A Unicef está trabalhando com parceiros governamentais e não governamentais para fornecer apoio às comunidades afetadas. Expressamos nossa solidariedade às famílias e crianças nestes tempos difíceis."

Leila Bourahla, diretora do escritório da ONG Save the Children no Haiti, falou ao jornal americano The New York Times: "Está claro que esta é uma emergência humanitária em grande escala."

A tenista japonesa Naomi Osaka anunciou que doará todos os seus ganhos do torneio que jogará na próxima semana para os esforços de recuperação no Haiti, país natal de seu pai.

Edifícios destruídos

Nas redes sociais, usuários compartilharam imagens de edifícios afetados pelo terremoto na região norte do país.

"Muitas casas estão destruídas, há pessoas mortas e algumas no hospital", disse Christella Saint Hilaire, que mora perto do epicentro do terremoto, à agência de notícias AFP.

A agência de notícias Reuters informou que a cidade de Les Cayes, onde moram 129 mil pessoas, tem a pior situação. Lá, testemunhas relataram o desabamento de vários edifícios, incluindo um hotel.

'Mesmo ou pior do que 2010'

Milford Milo, morador de Porto Príncipe, disse à BBC News Mundo, o serviço de notícias em espanhol da BBC, que a área mais afetada foi, sem dúvida, o sul do país.

"Não houve estragos na capital, embora tenha havido uma onda de pânico que fez com que muitas pessoas saíssem às ruas por conta do que aconteceu há 11 anos", observou Milo.

Em 2010, o Haiti foi atingido por um forte terremoto que deixou quase 200 mil mortos e mais de 300 mil feridos.

De 2004 a 2017, militares brasileiros estiveram no país, numa missão de paz da ONU liderada pelo Brasil (Minustah). O objetivo era restaurar a ordem no Haiti, após um período de insurgência e a deposição do então presidente Jean-Bertrand Aristide.

E para Milo, o tremor de sábado poderia ter uma dimensão semelhante.

"O que as pessoas que moram lá me dizem é que há muitos prédios desabados e muito caos. São províncias onde as construções são muito mais frágeis do que as que existiam ou estavam na capital em 2010", disse.

O Sistema de Alerta de Tsunami dos EUA chegou a emitir um alerta de tsunami após o terremoto, mas o suspendeu logo em seguida.

Afundado em crises

O tremor de sábado ocorre com o país afundado em crises políticas, humanitárias e de segurança.

Também acontece um mês após o assassinato do presidente Jovenel Moïse, enquanto partes do Haiti sofrem com a fome e os serviços de saúde estão entrando em colapso devido à pandemia de covid-19.

"Este país nunca tem descanso! Cada ano de má gestão não doeu, mas os efeitos cumulativos nos tornaram vulneráveis a tudo", disse o empresário haitiano Marc Alain Boucicault no Twitter.

"Vai levar anos para consertar as coisas e ainda nem começamos!"


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