O que se sabe sobre pior naufrágio envolvendo imigrantes no Canal da Mancha
Pelo menos 27 pessoas morreram, entre as quais sete mulheres, sendo uma grávida, e três crianças; França e Reino Unido trocaram acusações e realizaram reuniões de emergência.
Pelo menos 27 pessoas morreram afogadas depois que um barco com destino ao Reino Unido virou no Canal da Mancha.
É a pior tragédia envolvendo imigrantes já registrada no canal, que separa a ilha da Grã-Bretanha e o norte da França, desde que dados desse tipo começaram a ser coletados, em 2014.
A travessia é considerada perigosa por suas tempestades, frequentes neblinas que reduzem a visibilidade e correntes fortes.
Apesar disso, todos os dias, dezenas de imigrantes se arriscam no trajeto, com o objetivo de chegar ao território britânico.
Inicialmente, o governo francês havia anunciado que 31 pessoas morreram, mas posteriormente revisou o número para baixo.
Dos 27 mortos, havia pelo menos sete mulheres e três crianças.
Ainda não se sabe a nacionalidade dos que morreram, tampouco o que causou a tragédia. Acredita-se, no entanto, que a maioria vinha do Oriente Médio.
A polícia francesa prendeu cinco pessoas suspeitas de ligação com a travessia fatal.
O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, e o presidente francês, Emmanuel Macron, concordaram em "fazer todo o possível para impedir as gangues responsáveis"
Mas houve troca de acusações. Johnson cobrou maior esforço da França para impedir a travessia de migrantes, enquanto Macron disse que o Reino Unido precisa parar de politizar a questão.
Apesar das mortes trágicas e do frio extremo, cerca de 40 imigrantes foram resgatados por uma ONG ao tentar chegar ao Reino Unido nesta manhã (25/11) em dois barcos.
O que aconteceu?
Um barco de pesca soou o alarme na tarde de quarta-feira (24/11) após avistar várias pessoas no mar na costa norte da França.
O ministro do Interior francês, Gerald Darmanin, disse inicialmente que 31 imigrantes haviam se afogado.
O número foi posteriormente revisado para 27 ? 17 homens, sete mulheres (das quais uma grávida) e três crianças.
Darmanin disse que o barco tinha 34 pessoas a bordo. Duas pessoas foram resgatadas, de nacionalidades somali e iraquiana, e uma pessoa ainda está desaparecida.
Duas pessoas estão em estado crítico no hospital.
Autoridades francesas e britânicas conduziram uma operação de resgate por ar e mar.
O que fez o barco afundar?
A causa do acidente permanece desconhecida. Darmanin disse que a embarcação inflável parecia estar seriamente esvaziada.
Ele descreveu o barco longo e inflável que os migrantes usavam como "bote" e "extremamente frágil".
Segundo o ministro francês, "era como uma dessas piscinas infláveis de jardim".
A polícia francesa afirma que o barco partiu da área de Dunquerque, a leste de Calais.
Pescadores da região disseram que o tempo calmo fez com que mais migrantes do que o normal tentassem fazer a travessia na quarta-feira.
Há relatos de que cerca de 25 barcos tentaram a travessia durante o dia.
Cinco supostos traficantes ligados ao incidente foram presos.
Duas pessoas já compareceram ao tribunal e uma investigação sobre homicídio culposo foi aberta pelos promotores, disse Darmanin.
Reação internacional
A Organização Internacional para as Migrações (OIM) disse que o incidente representou a maior perda de vidas no Canal desde o início da coleta de dados em 2014.
Boris Johnson, disse que estava "chocado, horrorizado e profundamente triste" e prometeu não deixar "pedra sobre pedra" para impedir a ação das gangues de tráfico de pessoas" que estão escapando impunes de assassinatos". Ele presidiu uma reunião de emergência sobre o assunto na noite de quarta-feira.
O presidente Emmanuel Macron disse que não permitiria que o Canal se tornasse um "cemitério" e prometeu descobrir quem foi o responsável.
Seu governo está realizando uma reunião de emergência nesta quinta-feira (25/11).
Johnson e Macron falaram na quarta-feira à noite. Downing Street disse concordar com a importância de atuar em conjunto com as vizinhas Bélgica e Holanda, bem como outros países europeus, para resolver o problema antes que as pessoas cheguem à costa francesa.
O primeiro-ministro francês, Jean Castex, disse que o incidente foi uma "tragédia" e que os que morreram foram vítimas de "contrabandistas criminosos".
Em declarações à BBC News, o responsável pelos portos de Calais e Boulogne, Jean-Marc Puissesseau, disse: "Mesmo que o mar não pareça tão agitado, no meio (do Canal da Mancha) há sempre muitas ondas. É perigoso."
Segundo Macron, desde o início de 2021, 1.552 criminosos foram presos no norte da França e 44 redes de contrabandistas foram desmanteladas.
Apesar disso, 47 mil tentativas de travessia do Canal da Mancha da França para o Reino Unido ocorreram apenas neste ano e 7,8 mil imigrantes foram resgatados, acrescentou o presidente francês.
O Reino Unido se comprometeu a pagar à França 62,7 milhões de euros (R$ 400 milhões) durante 2021-22 para ajudar a aumentar o patrulhamento policial ao longo de sua costa, a vigilância aérea e a infraestrutura de segurança nos portos.
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