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Estudo sugere que comer verduras e legumes não é suficiente contra risco de doenças cardíacas

21/02/2022 12h36

Segundo pesquisa britânica, outros fatores ligados a estilo de vida têm ainda maior impacto, mas outros especialistas reafirmam a importância dos vegetais.

Legumes e verduras são muito bons para sua saúde. Se você já os inclui em sua dieta diária, parabéns. Se ainda não, é bom começar logo.

A má notícia é que, de acordo com um recente amplo estudo, pode ser que a ingestão de vegetais em grande quantidade não reduza o risco de você ter um ataque do coração ou um derrame.

Segundo os pesquisadores, fatores como o que compõe o restante de nossa alimentação, quanto fazemos de exercícios físicos e onde e como vivemos podem ter um impacto maior.

Eles destacam, porém, que uma dieta equilibrada ajuda a reduzir a ocorrência de muitas doenças, inclusive alguns tipos de câncer.

Comer pelo menos cinco porções de frutas e legumes ou verduras, todos os dias, é uma recomendação feita por especialistas do setor de saúde, inclusive o sistema de saúde público britânico, o NHS.

Observação por 12 anos

A nova pesquisa, das universidades de Oxford e Bristol, na Inglaterra (Reino Unido), e da Universidade Chinesa de Hong Kong (China), pediu a 400 mil pessoas que participam do estudo UK Biobank que respondessem a perguntas sobre suas dietas, incluindo a quantidade de legumes e verduras, cozidos ou crus, que comiam diariamente.

Em média, as pessoas disseram comer duas colheres cheias de vegetais crus e três de vegetais cozidos, num total de cinco por dia. A saúde dessas pessoas - e qualquer problema cardíaco que levou a tratamento hospitalar ou à morte - foi então monitorada pelos 12 anos seguintes.

Embora o risco de morrer devido a alguma doença cardiovascular fosse cerca de 15% menor para aqueles que mais comiam legumes e verduras - particularmente aqueles comendo bastante vegetais crus -, em comparação com aqueles que comiam menos, os pesquisadores disseram que isso podia ser explicado por outros fatores.

Tais fatores incluíam estilo de vida - por exemplo, se eles fumavam e a quantidade de álcool que ingeriam -, assim como o tipo de trabalho que faziam, seu nível de renda e a alimentação de forma geral.

Como resultado, os pesquisadores disseram que seu estudo não encontrou evidência de "um efeito protetor da ingestão de vegetais" na frequência com que problemas cardiácos ou circulatórios ocorriam.

Ben Lacey, doutor da Universidade de Oxford, disse: "Este é um estudo importante, com implicações para o entendimento das causas, ligadas a alimentação, de doenças cardiovasculares (CVD)".

Nem todos concordam

Os resultados do novo estudo geraram questionamentos de outros especialistas, que colocaram em dúvida sua validade. O professor Naveed Sattar, da área de medicina metabólica da Universidade de Glasgow (Escócia, Reino Unido), disse que existe "bastante evidência de experimentos" de que comer alimentos ricos em fibra, como legumes e verduras, "pode ajudar a reduzir peso e melhorar os níveis de fatores de risco conhecidos por causarem doenças do coração".

Sattar afirmou que as conclusões do novo estudo podem ser debatidas e não deveriam mudar o conselho, divulgado amplamente, para que todos comam pelo menos cinco porções de frutas e verduras ou legumes por dia.

"Muitos que vivem no Reino Unido ficam muito aquém disso, lamentavelmente, e é preciso fazer mais para encorajar uma melhor ingestão de vegetais", disse ele. "Na verdade, eu suspeito que possamos ter subestimado a importância de uma dieta saudável sobre a saúde e as doenças em geral."

Outros especialistas disseram que medir quanto e quais tipos de alimentos as pessoas consomem ao longo de muitos anos com a finalidade de estudar o efeito sobre o risco de desenvolvimento de doenças é algo que pode levar a erros.

"Infelizmente, é preciso lançar dúvidas sobre a confiança dos resultados a partir do uso de perguntas simples, esperando que os usuários expressem um valor médio de ingestão", disse a professora Janet Cade, da Universidade de Leeds (Inglaterra, Reino Unido).

O estudo, divulgado pela publicação científica Frontiers in Nutrition, diz que pessoas que comem muitos legumes e verduras crus podem ter um risco menor de doenças cardíacas porque cozinhar vegetais remove nutrientes importantes, como vitamina C.

Óleos e gordura usados na preparação de alimentos também podem aumentar a ingestão de sódio e gorduras, que são conhecidos fatores de risco para problemas cardíacos.

Pessoas com uma dieta rica em legumes e verduras podem estar comendo menos calorias e gordura, ao mesmo tempo que consomem mais vitaminas e antioxidantes, que podem prevenir danos às células.

Por que comer legumes e verduras?

Segundo a orientação dada pelo britânico NHS, frutas, legumes e verduras são uma boa fonte de vitaminas, como ácido fólico, e minerais, como potássio.

Eles também contêm fibra, que pode ajudar a manter o aparelho digestivo saudável, evitando problemas digestivos e reduzindo o risco de câncer de intestino.

Frutas e vegetais, ainda segundo o NHS, também podem ajudar a reduzir o risco de doenças cardíacas, derrames e outros tipos de câncer.

Eles contribuem para uma dieta equilibrada e saudável e têm geralmente pouca gordura e poucas calorias - contanto que você não os frite nem os cozinhe com muito óleo.


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