Trégua na Síria é marcada por acusações de violação
O acordo de cessar-fogo na Síria entrou no segundo dia neste domingo (28/02) sem grandes enfrentamentos entre as partes envolvidas. Os episódios de violência foram provocados pelo grupo "Estado Islâmico" (EI) e a Frente al-Nusra, ligada à al-Qaeda, que não foram incluídos nas negociações.
A Arábia Saudita, no entanto, acusou Assad e a Rússia de terem violado o acordo de cessar-fogo. Segundo o ministro do Exterior do país, Adel Jubeir, a Rússia mirou em grupos de "oposição moderada" neste fim de semana. "As coisas vão ficar mais claras nos próximos dias sobre se o regime e a Rússia são sérios ou não em relação ao cessar-fogo", disse.
Jubeir afirmou que o enviado da ONU para a Síria, Staffan de Mistura, está "em contato" com a Rússia e o regime de Assad para alcançar um acordo que limite ou dê fim às operações militares contra a oposição moderada síria e coloque o foco dos ataques apenas no EI e na Al-Nusra. A Arábia Saudita é um dos principais apoiadores dos rebeldes moderados sírios.
Segundo o Comitê de Altas Negociações (HNC), coalizão que reúne políticos e grupos armados de oposição sírios, foram registradas 15 violações feitas pelo regime e aliados no sábado, mas os rebeldes não revidaram.
"Temos violações aqui e ali, mas no geral está bem melhor do que antes e as pessoas estão confortáveis", afirmou o porta-voz do HNC, Salem al-Meslet.
O cessar-fogo impulsionado por Estados Unidos e Rússia e com a aprovação do regime de Bashar al-Assad e da comissão que representa membros da oposição entrou em vigor à meia-noite deste sábado.
"Se ele [cessar-fogo] continuar, vai criar as condições para o acesso completo, permanente e desimpedido de ajuda humanitária ao redor da Síria", afirmou Federica Mogherini, chefe da diplomacia da União Europeia (UE).
Ataques terroristas continuam
Segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos, 180 pessoas foram mortas na Síria no primeiro dia de vigor do cessar-fogo, a maioria em ataques do EI na região norte do país.
Em Tel Abyad, cidade controlada pela milícia curda síria YPG na fronteira com a Turquia, 70 extremistas, 20 combatentes curdos e 10 civis morreram. Em outros pontos do país, cerca de 20 civis foram mortos em ataques e tiroteios.
Outros enfrentamentos entre forças do regime, rebeldes e jihadistas deixaram 50 combatentes mortos. Nas províncias de Aleppo e Hama, bombardeios aéreos foram feitos provavelmente por Moscou ou Damasco, informou o Observatório.
Segundo o chefe da organização, Rami Abdel Rahman, não está claro se o território está ou não coberto pelo acordo de cessar-fogo, porque diferentes grupos, incluindo a Al-Nusra, controlam diferentes setores nesta área.
KG/dpa/efe/afp
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