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1991: Fundação do Partido Aliança 90

Daniela Ziemann (sv)

23/09/2016 04h49

No dia 23 de setembro de 1991, diversos movimentos pelos direitos civis do leste alemão uniram-se em Potsdam num partido de nome Aliança 90. Mais tarde, este partido se aliaria ao Partido Verde alemão.

Tudo começou cinco semanas antes da queda do Muro de Berlim, em outubro de 1989. Opositores do regime da antiga Alemanha Oriental, a RDA - República Democrática Alemã -, reuniram-se num apartamento perto da Igreja Samariter, no leste de Berlim. Durante o encontro secreto, foram debatidas as possibilidades de congregar sob um mesmo teto diversos movimentos populares em ação no país. Essa tentativa, no entanto, acabou fracassando.

Dois anos mais tarde, em setembro de 1991, foi formada enfim tal aliança. O movimento popular Democracia Agora, a Iniciativa para a Paz e os Direitos Humanos e parte do Novo Fórum fundaram, em Potsdam, o partido Bündnis 90 (Aliança 90), de ação nacional. Segundo Werner Schulz, membro do Novo Fórum, a decisão de aglomerar tendências convergentes num só partido teve razões explicitamente pragmáticas.

"Por um lado, tínhamos a experiência de ser oposição na Alemanha Oriental, onde os diversos movimentos foram obrigados a trilhar caminhos distintos. Por outro, ganhávamos uma nova experiência na Alemanha Ocidental, onde esses caminhos teriam de se unir para formar um tronco mais forte. Foi isto o que aconteceu", explica Schulz.

Coligação

Sem unir as forças, os pequenos movimentos populares remanescentes da antiga Alemanha Oriental não teriam tido chance alguma de sobrevivência. Opondo-se uns aos outros nas eleições, eles não teriam conseguido alcançar o mínimo de 5% de votos exigido para a representação no Parlamento alemão.

Aliados ao Partido Verde, esses movimentos populares conseguiram atingir inclusive 10%. Foram formadas chapas eleitorais sob o nome Aliança 90/Os Verdes. Contudo, em 1991, não se visava ainda a formação de um partido conjunto da Aliança 90 com o Partido Verde.

Princípios básicos, no entanto, já eram comuns aos dois partidos, como esclarece Werner Schulz: "A principal diferença era a origem distinta; o outro processo social, que vivenciamos na Alemanha Oriental. Apesar disso, nós somos, obviamente, aliados autênticos, pois temos uma cultura política semelhante. E tratamos, acredito eu, dos mesmos temas, porém valorizando-os de maneira distinta."

Chegar a um consenso sobre o peso a dar para cada tópico político, conseguindo trilhar um caminho comum, foi o grande desafio da Aliança 90 e dos verdes. Os quase três mil membros de movimentos populares nos estados da ex-Alemanha Oriental receavam ser engolidos pela estrutura já existente do Partido Verde ocidental. Por outro lado, estava claro para eles que, sozinha, a Aliança 90 não teria a menor chance nas eleições parlamentares de 1994 na Alemanha unificada.

Fusão do nome

Nos dois anos seguintes, os dois partidos aproximaram-se cada vez mais. Em abril de 1993, foi selada a sua fusão, com o nome de Aliança 90/Os Verdes. O objetivo era tornar-se o terceiro maior partido político alemão nas eleições parlamentares de 1994. A nova plataforma política deveria incluir não apenas as questões de interesse de cada movimento reunido na Aliança 90/Os Verdes, mas também um programa de maior alcance social.

Na convenção de Mannheim, em 1994, o programa político do partido foi definido. Ludger Vollmer, o segundo porta-voz da Aliança 90/Os Verdes, esclareceu então o "pacote de cinco complexos temáticos", que trataria de diversas questões político-sociais: a configuração da unificação alemã, o papel da Alemanha unificada nas instituições e nos conflitos europeus e internacionais, a política interna alemã, o papel da mulher da vida política do país e a ecologia.

Com esse programa, o novo partido Aliança 90/Os Verdes garantiu o seu lugar no Parlamento alemão nas eleições de 1994, conseguindo tornar-se a terceira força política do país. Quatro anos depois, o partido passaria até mesmo a fazer parte do governo, formando uma coalizão com o Partido Social Democrata (SPD), ainda que tenha perdido 0,9% de votos em relação ao resultado obtido nas eleições parlamentares anteriores.