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Descobertos corpos de seis dirigentes da RENAMO

Bernardo Jequete (Chimoio)

23/09/2016 15h13

Os corpos foram descobertos, na quinta-feira (23.09), no leito do rio Mussapa, no distrito de Sussundenga, província de Manica, centro de Moçambique. A polícia diz que oficialmente não tem conhecimento do caso.

O chefe substituto da bancada da RENAMO (Resistência Nacional Moçambicana) na assembleia provincial de Manica, Manuel Zindoga, que também é delegado do partido da oposição em Chimoio, confirmou à DW África a descoberta dos corpos.

Manuel Zindoga denunciou ainda que os membros da RENAMO, ao nível da província de Manica, têm passado por momentos difíceis: "O partido FRELIMO [Frente de Libertação de Moçambique, no poder] está a perseguir os nossos membros, torturando-os para além de raptar e, consequentemente, assassinar. São muitos membros que estão sendo mortos", além dos casos de infraestruturas vandalizadas, enumerou o chefe substituto da bancada da RENAMO na assembleia provincial de Manica.

Manuel Zindoga "repudia atos de perseguição, raptos e assassinatos" dos membros da RENAMO, "principalmente na província de Manica". "Quem está atrás de tudo isso é o partido FRELIMO" acusou o dirigente da oposição.

FRELIMO rejeita acusações e contra-ataca

Já o chefe da bancada do partido FRELIMO, na assembleia provincial de Manica, Manuel Cebola, rejeita as acusações do principal partido da oposição.

"As matanças estão a surgir em todo o canto, estamos a acompanhar porque são membros da RENAMO, mas também da FRELIMO. Já ouvimos [informações sobre] a matança de régulos, primeiros secretários, dos membros do partido FRELIMO. Portanto, eu não vejo a razão da RENAMO estar a acusar a FRELIMO como protagonista destas ações", argumentou Manuel Cebola.

Ao mesmo tempo, o dirigente da FRELIMO contra-ataca: "Estamos a acompanhar todos as atividades e o esforço que o presidente da FRELIMO e da República de Moçambique está a fazer em solicitar o diálogo, como meio principal para estancar as hostilidades. Mas os outros não estão a considerar tudo isso e querem governar as províncias, violando a Constituição da República, principalmente no seu artigo 6", referindo-se assim à RENAMO.

PRM desconhece caso

Entretanto Elsidia Filipe, porta-voz da Polícia da República de Moçambique (PRM) em Manica, disse que a corporação não tem oficialmente conhecimento da ocorrência.

"A RENAMO, sempre que acontece algo, não reporta o caso à polícia, assim é difícil sabermos. Ela deve reportar às autoridades para encetarmos diligências para a captura dos promotores da ação", afirmou Elsidia Filipe, que entende que o principal partido da oposição deveria apresentar queixa à sub-unidade policial mais próxima do local onde os corpos terão sido encontrados.

Recorde-se que a província de Manica, no centro de Moçambique, é uma das seis províncias onde a RENAMO reivindica ter ganho as eleições, em 2014. E tem sido palco de confrontos militares, nos últimos meses.

Entretanto, a polícia de Tete, centro do país, anunciou que está sem pistas sobre o homicídio de um outro dirigente da RENAMO, em Moatize, mas garantiu que iniciou uma investigação.

A RENAMO, a principal força da oposição em Moçambique, acusou as Forças de Defesa e Segurança de terem morto a tiro, na quinta-feira (22.09.), Armindo António, delegado do partido, no distrito de Moatize, na província de Tete. O dirigente terá sido baleado quando saía de uma sessão ordinária da assembleia provincial.