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Presidente dos EUA volta a exigir mais dinheiro em cúpula da Otan

25/05/2017 14h57

Em sua primeira cúpula da Aliança Atlântica, Donald Trump reforça exigência de "enormes somas" devidas por 23 dos Estados-membros. No entanto, segue evitando se comprometer pessoalmente com cláusula de defesa mútua.O presidente americano, Donald Trump, voltou a pressionar os demais países-membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), nesta quinta-feira (25/05), para que paguem mais à aliança, a fim de compensar "pelos anos perdidos".Falando em Bruxelas, em sua primeira cúpula da Otan, o político republicano afirmou que 23 dos 28 membros devem "enormes somas de dinheiro", o que "não é justo com o povo e os contribuintes dos Estados Unidos". Ele também instou os chefes de Estado e governo presentes a combaterem o terrorismo e a priorizarem a gestão da imigração."Os senhores têm milhares e milhares de pessoas jorrando em seus diversos países e se espalhando por toda parte, e em muitos casos nós não temos a menor ideia de quem elas são", alegou.Durante sua campanha presidencial, Trump citou repetidamente a imigração descontrolada como um dos motores da criminalidade e do terrorismo. Após a posse, tentou proibir o ingresso nos EUA a partir de seis países de maioria muçulmana.Manchester gera atrito anglo-americanoO chefe de Estado americano abriu a cúpula pedindo um momento de silêncio pelas vítimas do atentado a bomba da segunda-feira, na cidade inglesa de Manchester, que ele classificou como "um ataque bárbaro e vicioso contra nossa civilização".Antes do encontro, em comunicado escrito, ele tachara de "profundamente preocupante" os vazamentos de dados sensíveis sobre o crime que matou 22 pessoas para a imprensa dos EUA, enquanto o serviço secreto britânico ainda mantinha sigilo, a fim de preservar as investigações. Trump assegurou que está pedindo ao Departamento de Justiça e a outras agências de seu país para "lançar uma revisão completa desse assunto".Os revelações ilícitas de inteligência provocaram indignação entre autoridades e público britânicos, assim como a decisão da polícia de Manchester de preservar dos americanos as informações sobre as investigações em curso. Anunciou-se, ainda, que a primeira-ministra Theresa May pretende confrontar Trump sobre as suspeitas de que funcionários dos EUA estariam por trás dos vazamentos.Otan, obsoleta ou não?Esta quinta-feira marcou também a inauguração do novo quartel-general da Otan em Bruxelas, cujos oito edifícios alongados de aço e vidro, entrelaçados como dedos, simbolizam a função da aliança como ponte entre os dois lados do Oceano Atlântico.Lá, a chanceler federal alemã, Angela Merkel, e o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, inauguraram um memorial feito com partes do Muro de Berlim, representando os esforços aliados para acabar com a divisão da Europa e a Guerra Fria. "A Alemanha não esquecerá a contribuição da Otan para reunificar nosso país. É por isso que damos nossa contribuição à segurança e solidariedade na aliança comum", disse a chefe de governo.Trump desvelou um fragmento de um dos prédios do World Trade Center destruídos nos atentados de 11 de setembro de 2001, também uma homenagem ao Artigo 5º da Otan, a cláusula de defesa mútua que compromete os aliados a irem em defesa de qualquer um dos 28 membros que seja atacado."A Otan do futuro deve incluir um foco maior no terrorismo e imigração, assim como nas ameaças da Rússia e das fronteiras leste e sul da Otan", declarou o presidente americano.Na prática, até o momento ele tem se recusado a se comprometer pessoalmente com o Artigo 5º, que foi ativado uma única vez desde a assinatura do Tratado do Atlântico Norte, justamente após os ataques do 11 de Setembro em Nova York e Washington.Entretanto, segundo o porta-voz de Trump, Sean Spicer, a presença do líder americano no evento já enfatizaria os "compromissos e obrigações de tratado" da Casa Branca. Embora durante sua campanha o republicano tenha atacado a Otan, tachando-a de "obsoleta", em abril declarou que ela só precisava ser "atualizada" para encarar ameaças modernas, como migração e terrorismo, e que "não é mais obsoleta".AV/afp,ap,rtr