Em meio a crise, Temer encerra participação no G20 "tranquilíssimo"
Em encontro de líderes na Alemanha, presidente destaca desempenho da economia do Brasil, nega existência de crise e diz que Trump elogiou o país. Alvo de denúncia, mandatário brasileiro deixa evento antes do fim.O presidente Michel Temer encerrou neste sábado (08/07) sua participação na cúpula do G20 em Hamburgo, na Alemanha, antes do encerramento oficial do encontro de dois dias. O líder disse à imprensa estar "tranquilíssimo" quanto ao retorno para o Brasil, apesar da crise política no país."Estou tranquilíssimo. Vou continuar trabalhando pelo país, fazendo a economia crescer como está crescendo e com que todos fiquem em paz", disse.Em meio à crise política e a negociações em Brasília para barrar na Câmara a denúncia de corrupção passiva contra ele, Temer tentou transmitir uma imagem de calma durante o encontro das 20 maiores economias do mundo.Leia mais: O que dizem acusação e defesa sobre a denúncia contra TemerInicialmente, o presidente havia cancelado sua participação na cúpula em Hamburgo. Depois ele voltou atrás, mas chegou à cidade somente nesta sexta-feira pela manhã e partiu no sábado por volta do meio-dia (hora local), antes da última sessão com os demais líderes e da emissão do comunicado final.Segundo analistas, o não comparecimento do presidente à reunião prejudicaria ainda mais a imagem do Brasil no exterior, abalada por escândalos de corrupção. Esta foi a segunda vez que Temer participou de uma cúpula do G20, dez meses após estrear nos palcos internacionais como presidente efetivo.Em tuíte publicado na manhã deste sábado, acompanhado de uma foto em que cumprimenta Donald Trump, Temer disse que o presidente americano "elogiou o desempenho da economia brasileira".Temer disse ainda ter sugerido a Trump uma aproximação entre empresários brasileiros e americanos para gerar novos negócios. "Ele gostou da ideia", escreveu."Não existe crise"Ao chegar a Hamburgo nesta sexta-feira, Temer negou que o Brasil esteja passando por uma crise econômica, defendendo que a crise política não afeta o desempenho econômico do país."Não existe crise econômica no Brasil. Pode levantar os dados. Estamos crescendo no emprego, na indústria e no agronegócio. Lá [no Brasil] não existe crise econômica", afirmou.Também nesta sexta-feira, Temer cometeu uma gafe em um vídeo gravado após uma das reuniões do G20 e publicada em seu Twitter. Ao discorrer sobre os "bons resultados" do Brasil, o presidente afirmou que seu governo está fazendo "voltar o desemprego"."Gerando exatamente inflação baixa, reduzindo os juros, fazendo voltar o desemprego e combatendo a recessão", disse Temer, num trecho do vídeo. Nele, o presidente também relatou que teve a oportunidade de contextualizar aos outros líderes mundiais o que seu governo vem fazendo, que há um interessa muito grande pelo Brasil e que a presença brasileira na cúpula do G20 tem sido "extremamente útil".Em reunião paralela ao encontro do G20 com os líderes dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), realizada nesta sexta-feira, Temer destacou a importância da implementação do Acordo do Clima de Paris e voltou a destacar o desempenho da economia brasileira."O Brasil está superando uma das crises mais graves de sua história, graças a uma ambiciosa agenda de reformas que traz de volta o crescimento e o emprego", disse.A economia brasileira está no patamar de 2010. O Produto Interno Bruto (PIB) registrou um crescimento de 1% no primeiro trimestre deste ano em comparação com os últimos três meses de 2016, a primeira alta desde dezembro de 2014. Economistas, no entanto, afirmam que a alta do PIB não é uma garantia de recuperação econômica e de que o país deixará a recessão para trás.No trimestre encerrado em maio, a taxa de desemprego registrada foi de 13,3%, a mais alta para este período desde 2012, afetando 13,8 milhões de brasileiros.Enquanto isso, a crise política se agrava. Na próxima segunda-feira, o deputado Sérgio Zveiter (PMDB), relator do processo de denúncia contra o presidente por corrupção passiva, deve apresentar à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara seu relatório.LPF/dpa/lusa/abr/ots
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