Caminho aberto para intervenção na Catalunha
Líder independentista acusa governo central de ser abusivo e rejeita convocar eleições antecipadas, o que abre portas para que autonomia política catalã seja restringida por Madri.O chefe de governo da Catalunha, Carles Puigdemont, descartou nesta quinta-feira (26/10) a convocação de eleições antecipadas, o que abre caminho para a intervenção definitiva de Madri na autonomia política regional.
A convocação de eleições antecipadas vinha sendo especulada em Barcelona como uma saída para crise. A antecipação era o que queria Madri, que no sábado declarou uma intervenção inédita na autonomia da Catalunha, de a modo afastar do poder os líderes separatistas, como Puigdemont.
A intervenção é a resposta de Madri a um movimento independentista tido como ilegal pelas leis espanholas. A medida deverá passar pelo Senado nesta quinta-feira. No sábado, entraria em vigor.
"O artigo 155 (da Constituição), que será aprovado hoje pelo Senado, é uma aplicação fora da lei e abusiva", discursou Puigdemont em Barcelona. "Não tenho nenhuma garantia que justifique hoje a convocação de eleições."
É a primeira vez nas quatro décadas de democracia da Espanha que Madri ativou o artigo 155 da Constituição para efetivamente substituir um governo regional e convocar novas eleições.
O artigo estabelece que, se uma autoridade autônoma (no caso a Catalunha) não atender aos requerimentos para voltar à legalidade, o governo central pode aprovar um decreto com medidas concretas para assumir as competências políticas regionais.
A crise catalã
O impasse na Catalunha está sendo considerado a pior crise política na Espanha desde a tentativa frustrada de golpe militar de 1981, e o governo Rajoy está sob pressão para resolvê-la, enquanto a economia começa a sentir seus efeitos.
A incerteza política prolongada fez com que milhares de empresas transferissem suas sedes para fora da Catalunha. Segundo a associação patronal Pimec, cerca de 1.300 pequenas e médias empresas – quantidade que representa 1% das empresas catalãs de até 250 empregados – adotaram a medida.
Segundo pesquisa do jornal El Periódico, 68% dos catalães defendem a realização de eleições para resolver a crise política, enquanto 27% são contra.
A decisão de Rajoy de intervir na Catalunha marcou o ápice de uma crise que já se estende por mais de um mês, que colocou em xeque a jovem democracia espanhola e forçou inclusive o rei Felipe 6º a se manifestar.
Em 1º de outubro, os catalães foram às urnas, num referendo considerado ilegal por Madri, para votar sobre a independência. O "sim" à separação recebeu mais de 90% de apoio. Mas o comparecimento foi de apenas 43%.
Dizendo ter o "mandato do povo", Puigdemont, o chefe de governo catalão, compareceu em 10 de outubro ao Parlamento regional e declarou independência, num discurso confuso que terminou com ele mesmo suspendendo o processo separatista à espera de diálogo.
Madri deu um ultimato a Puigdemont e recusou-se a dialogar. Abriu-se então uma queda de braço com Barcelona, que culminou no sábado com a suspensão temporária da autonomia catalã.
RPR/ots
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A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas. Siga-nos no Facebook | Twitter | YouTube | WhatsApp | App
A convocação de eleições antecipadas vinha sendo especulada em Barcelona como uma saída para crise. A antecipação era o que queria Madri, que no sábado declarou uma intervenção inédita na autonomia da Catalunha, de a modo afastar do poder os líderes separatistas, como Puigdemont.
A intervenção é a resposta de Madri a um movimento independentista tido como ilegal pelas leis espanholas. A medida deverá passar pelo Senado nesta quinta-feira. No sábado, entraria em vigor.
"O artigo 155 (da Constituição), que será aprovado hoje pelo Senado, é uma aplicação fora da lei e abusiva", discursou Puigdemont em Barcelona. "Não tenho nenhuma garantia que justifique hoje a convocação de eleições."
É a primeira vez nas quatro décadas de democracia da Espanha que Madri ativou o artigo 155 da Constituição para efetivamente substituir um governo regional e convocar novas eleições.
O artigo estabelece que, se uma autoridade autônoma (no caso a Catalunha) não atender aos requerimentos para voltar à legalidade, o governo central pode aprovar um decreto com medidas concretas para assumir as competências políticas regionais.
A crise catalã
O impasse na Catalunha está sendo considerado a pior crise política na Espanha desde a tentativa frustrada de golpe militar de 1981, e o governo Rajoy está sob pressão para resolvê-la, enquanto a economia começa a sentir seus efeitos.
A incerteza política prolongada fez com que milhares de empresas transferissem suas sedes para fora da Catalunha. Segundo a associação patronal Pimec, cerca de 1.300 pequenas e médias empresas – quantidade que representa 1% das empresas catalãs de até 250 empregados – adotaram a medida.
Segundo pesquisa do jornal El Periódico, 68% dos catalães defendem a realização de eleições para resolver a crise política, enquanto 27% são contra.
A decisão de Rajoy de intervir na Catalunha marcou o ápice de uma crise que já se estende por mais de um mês, que colocou em xeque a jovem democracia espanhola e forçou inclusive o rei Felipe 6º a se manifestar.
Em 1º de outubro, os catalães foram às urnas, num referendo considerado ilegal por Madri, para votar sobre a independência. O "sim" à separação recebeu mais de 90% de apoio. Mas o comparecimento foi de apenas 43%.
Dizendo ter o "mandato do povo", Puigdemont, o chefe de governo catalão, compareceu em 10 de outubro ao Parlamento regional e declarou independência, num discurso confuso que terminou com ele mesmo suspendendo o processo separatista à espera de diálogo.
Madri deu um ultimato a Puigdemont e recusou-se a dialogar. Abriu-se então uma queda de braço com Barcelona, que culminou no sábado com a suspensão temporária da autonomia catalã.
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