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Por que a Alemanha não tem cães de rua?

Na Alemanha, cidades cobram imposto para quem quiser ser dono de um cachorro - lukas Schulze/AFP
Na Alemanha, cidades cobram imposto para quem quiser ser dono de um cachorro Imagem: lukas Schulze/AFP

Karina Gomes

23/02/2018 10h56

Passaporte, microchip de identificação e imposto anual são apenas alguns dos requisitos para ter um cachorro em casa na Alemanha. Série de regras impede a existência de cães de rua. Uma educação impecável, obediência ao usar o transporte público e nenhum latido de reclamação. Na Alemanha, os cachorros têm um comportamento exemplar. Se encontrá-los na rua, nunca estarão sem seus donos. Eles são bem-vindos em bares, restaurantes, trens e ônibus.

Cães de rua simplesmente não existem, devido a uma série de regras rígidas para controlar o número de animais de estimação no país. Uma lista do que é preciso saber antes de trazer para casa o seu melhor amigo-cão:

Imposto do cão

Além de ter gastos com veterinário e ração, os donos devem pagar o imposto do cão (Hundesteuer), cobrado por mais de 10 mil municípios alemães. É uma estratégia adotada como forma de controlar o número de cães no país.

Todo cachorro na Alemanha possui um registro na prefeitura da cidade onde os donos moram. Os preços variam de acordo com a cidade e, em alguns casos, a raça do cão.

Eventualmente, é necessário contratar um seguro para cobrir danos que possam ser causados pelo cão. Pessoas com deficiências físicas que precisam de cães-guia são isentas da cobrança.

Em Mainz, ter um cão custa pouco mais do que 185 euros ao ano. Já em Windorf, na Baviera, o imposto não é cobrado. O imposto arrecadado é usado para serviços gerais da prefeitura, como construção de creches e renovação de prédios municipais.

Em 2014, os municípios alemães arrecadaram 309 milhões de euros com o Hundesteuer.

Adestramento

Dependendo da raça, alguns cães precisam passar por aulas de etiqueta. Escolas de cães (Hundeschule) oferecem todo o treinamento necessário. O principal comando é o "sentar-se”. Quando entram no transporte público, os cães se acomodam ao lado do dono e permanecem quietinhos até chegar ao destino.

Desde 2004, é obrigatório que os cães tenham um passaporte para viagens dentro e fora da União Europeia (UE). O documento emitido pela UE traz informações sobre todas as vacinas tomadas pelo cão, o país de origem e o número de identificação do microchip implantado. A emissão do passaporte (EU-Reisepass für Heimtiere) custa cerca de 20 euros e também vale para gatos e o furão doméstico.

Chip implantado

Todos os cães possuem um chip implantando no corpo com um número de identificação. Pode ser nos ombros ou nas costas. O número também é registrado na coleira, que traz o símbolo da prefeitura.

Caso o cão venha de outro país é preciso passar por todos os exames para garantir que o cão tem boa saúde e adquirir todos os documentos necessários. Os cachorros podem ser comprados de criadores de animais ou por anúncios na internet.

Outra opção é adotar. Os abrigos (Tierheime) oferecem todo o cuidado a cães abandonados que vêm, principalmente, do leste europeu. Voluntários se oferecem para fazer passeios regulares com os cães para que eles não fiquem sempre trancados no abrigo.

Para a adoção, o futuro dono precisa provar que tem boas condições para oferecer ao cão, como uma boa moradia.