Bélgica perde semifinal, mas ganha orgulho nacional
Belgas raramente demonstram orgulho de seu país multicultural, com três idiomas oficiais e que abriga centenas de milhares de imigrantes. Apesar da derrota contra a França, seleção deu ao país sentimento de unidade.A Bélgica não é o tipo de país onde é provável ver bandeiras sendo agitadas no ar durante feriados nacionais. Na capital, Bruxelas, os emblemas da União Europeia são mais numerosos que os símbolos belgas. Mas a cada quatro anos, tudo muda quando comunidades diferentes deixam de lado suas diferenças e ficam infladas de orgulho pela seleção nacional de futebol.
Às sete horas da noite desta terça-feira (10/07), milhares de torcedores vestidos de preto, amarelo e vermelho estavam reunidos na Place Dumon, nos arredores da capital, para assistir à semifinal da Copa do Mundo.
Woulwe-Saint-Pierre foi um dos pouquíssimos bairros autorizados a sediar uma transmissão pública de um jogo do Mundial, depois que o prefeito de Bruxelas, Philippe Close, proibiu as exibições no centro.
Quando pressionado por jornais locais sobre o motivo da decisão, o porta-voz da prefeitura respondeu: "Isso exige uma mobilização policial maciça para a segurança. Bruxelas é uma cidade multicultural com 184 nacionalidades, então, cada jogo vai mobilizar pelo menos uma comunidade."
Isso não impediu torcedores vindos de todos os cantos da cidade de se reunir e torcer pelo time nacional na busca daquela que teria sido a primeira final de Copa do Mundo da Bélgica. No entanto, o gol de Samuel Umtiti, aos cinco minutos do segundo tempo, garantiu a vitória aos franceses da "Les Bleus".
O goleiro da seleção belga, Thibaut Courtois, afirmou no Twitter que a derrota foi dura, mas que tem muito orgulho de fazer parte da equipe. Ele também agradeceu aos torcedores.
"Todos estão representados"
A Bélgica é um Estado federal dividido em três regiões: Valônia, onde se fala majoritariamente francês e um pouco de alemão; Flandres, onde se fala flamengo; e Bruxelas-Capital, oficialmente bilíngue (francês e flamengo). O pequeno país no coração da Europa também é o lar de centenas de milhares de imigrantes, que, em sua maioria, chegaram ao país depois da Segunda Guerra Mundial em busca de trabalho.
"A identidade belga é muito frágil e complexa", afirma Jean Michel de Waele, professor de Ciências Políticas na Universidade Livre de Bruxelas. "Não é possível dizer simplesmente que a Bélgica é um país dividido porque temos uma perspectiva do mundo muito específica. Mas, normalmente, o norte e o sul vivem em realidades diferentes", constata.
De Weale pesquisou como os "Diabos Vermelhos", apelido da seleção belga de futebol, influenciam a população do país. "Durante a Copa do Mundo, passamos juntos pelas emoções. Ficamos muito unidos, e isso nos surpreende", diz.
Christian nasceu na comunidade de língua flamenga, mas se autodescreve como bruxelense. Questionado sobre o que gosta nos "Diabos Vermelhos", ele diz que "a seleção nacional de futebol é como a Bélgica: todos estão representados".
"Fiquei tão feliz quando ganhamos do Brasil que pulei de um lado para o outro. Fiquei orgulhoso de ser belga, e ainda tenho esse orgulho", disse outro torcedor, Loïc, de 18 anos.
Nicola, de 29 anos, da Suíça, e Jonathan, de 27, do Congo, concordam com ele. "A Bélgica nos deu as boas-vindas. Não importa se você é negro, amarelo ou vermelho, somos todos como irmãos", define.
De fato, Bruxelas é extremamente cosmopolita: passear pela cidade às vezes é como viajar pelo mundo. Mas existem fronteiras invisíveis entre bairros diferentes, e comunidades tendem a permanecer unidas mesmo com o passar das gerações.
A integração nunca é fácil, mas "as dificuldades pelas quais o país passou nos últimos anos, como a crise política dos 541 dias, ou os ataques [terroristas] de Bruxelas mudaram um pouco a imagem que temos de nós mesmos", avalia De Waele.
No próximo sábado, as ruas da Bélgica se encherão novamente de pessoas vestidas de preto, amarelo e vermelho, na esperança de que o time conquiste o terceiro lugar da Copa da Rússia.
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A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas. Siga-nos no Facebook | Twitter | YouTube | WhatsApp | App | Instagram
Às sete horas da noite desta terça-feira (10/07), milhares de torcedores vestidos de preto, amarelo e vermelho estavam reunidos na Place Dumon, nos arredores da capital, para assistir à semifinal da Copa do Mundo.
Woulwe-Saint-Pierre foi um dos pouquíssimos bairros autorizados a sediar uma transmissão pública de um jogo do Mundial, depois que o prefeito de Bruxelas, Philippe Close, proibiu as exibições no centro.
Quando pressionado por jornais locais sobre o motivo da decisão, o porta-voz da prefeitura respondeu: "Isso exige uma mobilização policial maciça para a segurança. Bruxelas é uma cidade multicultural com 184 nacionalidades, então, cada jogo vai mobilizar pelo menos uma comunidade."
Isso não impediu torcedores vindos de todos os cantos da cidade de se reunir e torcer pelo time nacional na busca daquela que teria sido a primeira final de Copa do Mundo da Bélgica. No entanto, o gol de Samuel Umtiti, aos cinco minutos do segundo tempo, garantiu a vitória aos franceses da "Les Bleus".
O goleiro da seleção belga, Thibaut Courtois, afirmou no Twitter que a derrota foi dura, mas que tem muito orgulho de fazer parte da equipe. Ele também agradeceu aos torcedores.
"Todos estão representados"
A Bélgica é um Estado federal dividido em três regiões: Valônia, onde se fala majoritariamente francês e um pouco de alemão; Flandres, onde se fala flamengo; e Bruxelas-Capital, oficialmente bilíngue (francês e flamengo). O pequeno país no coração da Europa também é o lar de centenas de milhares de imigrantes, que, em sua maioria, chegaram ao país depois da Segunda Guerra Mundial em busca de trabalho.
"A identidade belga é muito frágil e complexa", afirma Jean Michel de Waele, professor de Ciências Políticas na Universidade Livre de Bruxelas. "Não é possível dizer simplesmente que a Bélgica é um país dividido porque temos uma perspectiva do mundo muito específica. Mas, normalmente, o norte e o sul vivem em realidades diferentes", constata.
De Weale pesquisou como os "Diabos Vermelhos", apelido da seleção belga de futebol, influenciam a população do país. "Durante a Copa do Mundo, passamos juntos pelas emoções. Ficamos muito unidos, e isso nos surpreende", diz.
Christian nasceu na comunidade de língua flamenga, mas se autodescreve como bruxelense. Questionado sobre o que gosta nos "Diabos Vermelhos", ele diz que "a seleção nacional de futebol é como a Bélgica: todos estão representados".
"Fiquei tão feliz quando ganhamos do Brasil que pulei de um lado para o outro. Fiquei orgulhoso de ser belga, e ainda tenho esse orgulho", disse outro torcedor, Loïc, de 18 anos.
Nicola, de 29 anos, da Suíça, e Jonathan, de 27, do Congo, concordam com ele. "A Bélgica nos deu as boas-vindas. Não importa se você é negro, amarelo ou vermelho, somos todos como irmãos", define.
De fato, Bruxelas é extremamente cosmopolita: passear pela cidade às vezes é como viajar pelo mundo. Mas existem fronteiras invisíveis entre bairros diferentes, e comunidades tendem a permanecer unidas mesmo com o passar das gerações.
A integração nunca é fácil, mas "as dificuldades pelas quais o país passou nos últimos anos, como a crise política dos 541 dias, ou os ataques [terroristas] de Bruxelas mudaram um pouco a imagem que temos de nós mesmos", avalia De Waele.
No próximo sábado, as ruas da Bélgica se encherão novamente de pessoas vestidas de preto, amarelo e vermelho, na esperança de que o time conquiste o terceiro lugar da Copa da Rússia.
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