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1887: Nasce o arquiteto Le Corbusier

Carlos Albuquerque

06/10/2018 05h28

1887: Nasce o arquiteto Le Corbusier - Em 6 de outubro de 1887, nascia Charles-Édouard Jeanneret, mais conhecido como Le Corbusier, cuja obra revolucionou a arquitetura do século 20.Nascido em La Chaux-de-Fonds, nos Alpes da Suíça francesa, Le Corbusier foi, juntamente com Walter Gropius e Mies van der Rohe, um dos principais precursores da Arquitetura Moderna. Sua obra foi essencial para a formação do modernismo brasileiro.

Se foi o alemão Mies van der Rohe quem deu forma à arquitetura racionalista difundida em países do Norte, como os Estados Unidos, Reino Unido e Japão, foi a obra de Le Corbusier que resgatou a herança greco-romana e um certo tempero do Oriente para a arquitetura dos países do Sul. Para ele, a arquitetura nos Alpes suíços, nas montanhas do Rio e nas ruas de Paris deveria ser semelhante àquela das costas do Mediterrâneo.

Homem de letras

Le Corbusier incorporou o que Marx chamou de o "homem renascentista do futuro". Foi pintor, arquiteto, designer e, como escritor, publicou mais de 50 livros em 60 anos de trabalho. Não foi à toa que, ao ser perguntado pela profissão, na ocasião de sua naturalização como cidadão francês, por volta de 1930, Le Corbusier respondeu: "Letrado".

Após uma série de viagens pela Europa e Turquia e após estágios nos escritórios de Auguste Perret, em Paris, e Peter Behrens, em Berlim, Charles-Édouard Jeanneret deixou finalmente sua cidade natal para viver em Paris em janeiro de 1917.

Através de publicações como a revista L'Esprit Nouveau (O Espírito Novo) e o livro Por uma Arquitetura, editados no início dos anos de 1920, Le Corbusier defende o purismo na arquitetura e lança as bases de um modernismo racionalista.

Seus estudos para estruturas independentes de pilares e lajes o levam a formular, no final dos anos de 1920, aquilo que se poderia chamar a lei fundamental do Modernismo: os "cinco pontos da arquitetura".

Tais pontos foram materializados em projetos como a Villa Savoye, nos arredores de Paris, com seus pilotis, sua planta e fachada livres, seu teto-jardim e suas janelas corridas horizontais.

Tropicalismo

A viagem à América do Sul em 1929 foi essencial para a correção que se nota em seu racionalismo, a partir de 1930. Le Corbusier entregou-se não somente aos braços de Josephine Baker, com quem viajou no mesmo navio, mas deixou-se inebriar pelas montanhas do Rio e pelo curso sinuoso dos rios que viu, ao inaugurar a primeira linha de aviação comercial aérea, em viagem de Assunção para São Paulo pilotada pelo autor Saint-Éxupery.

Diferentemente do plano urbanístico que fez para Buenos Aires, Montevidéu e São Paulo, o desenho sinuoso dos prédios projetados para o Rio de Janeiro marca o início da segunda fase de Le Corbusier. Chamada de maneirista pelo crítico americano Charles Jencks, esta fase vem a influenciar de forma decisiva a opção modernista dos brasileiros de resgatar o passado colonial e mediterrâneo.

Le Corbusier voltaria poucos anos mais tarde ao Brasil para dirigir o projeto da sede do Ministério da Educação e Cultura, no Rio de Janeiro, em 1936. Entre os arquitetos que trabalhavam com Le Corbusier no primeiro arranha-céu modernista da história estavam Lúcio Costa, Afonso Eduardo Reidy e Oscar Niemeyer.

Curvas barrocas

Se a presença de Le Corbusier foi essencial para o desenvolvimento do mais importante movimento da arquitetura brasileira, a obra do pupilo Niemeyer o influencia em sua última fase, que Charles Jencks denomina de "barroca".

Tal influência se comprova no concreto das curvas da capela de Capela de Notre-Dame-du-Haut, em Ronchamp, ou nos projetos para a cidade indiana de Chandigarh.

A personalidade de Le Corbusier nem sempre foi, no entanto, das mais fáceis. Sua colaboração com o governo de Vichy durante a ocupação nazista na França e seu comportamento quanto ao projeto das Nações Unidas são exemplos do egoísmo e da ambição do mestre franco-suíço.

A arte da arquitetura

Le Corbusier tentou impedir que Niemeyer apresentasse seu projeto vencedor para a sede da ONU, já que não queria modificações em sua proposta original. Outros incidentes similares são também citados por Charles Jencks na monografia que escreveu sobre Le Corbusier.

Entretanto, nem Niemeyer nem Jencks deixaram de reconhecer a genialidade de Le Corbusier, que sempre tentou dar um tom humano à sociedade industrial, aceitando a intelectualidade e o lirismo da arte e a arquitetura como parte dela.


Autor: Carlos Albuquerque