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Veneza enfrenta pior cheia em 50 anos

13/11/2019 10h28

Nível da água atinge 1,87 metro, segundo maior nível de que se tem registro. Prefeito culpa mudanças climáticas por "situação dramática" vivida pela cidade. Basílica de São Marcos é atingida.Veneza registra sua maior cheia em mais de 50 anos. A prefeitura da cidade decretou estado de emergência nesta quarta-feira (13/11). Pouco antes da meia-noite, o nível da água atingiu 1,87 metro acima do nível do mar.

O prefeito de Veneza, Luigi Brugnaro, culpou as mudanças climáticas pela "situação dramática" na cidade. "Pedimos ao governo que nos ajude, os custos serão altos", afirmou.

"Precisamos que todos nos ajudem e que todos se unam para enfrentar estes que são evidentemente os efeitos das mudanças climáticas", disse o prefeito, citado pelo jornal local Il Gazzettino.

Desde que os registros começaram, em 1923, o nível da água esteve mais alto apenas uma vez: durante uma inundação devastadora em 1966, quando a água chegou a ficar 1,94 metro acima do nível do mar.

A altura da água voltou a diminuiu ligeiramente no decorrer da madrugada, conforme informação do prefeito, divulgada pelo Twitter nesta quarta-feira.



Brugnaro pediu a rápida conclusão de um projeto de construção de barreiras móveis submarinas, destinadas a proteger Veneza das inundações que periodicamente atingem a cidade, no fenômeno chamado de acqua alta.

Conhecida pelo acrônimo Mose, a estrutura de barreiras começou a ser erguida em 2003. As obras foram atrasadas devido a custos excessivos e escândalos de corrupção, e a previsão atual é de que o sistema seja inaugurado em 2021.

A mídia italiana informou que um morador de 78 anos morreu vítima de choque elétrico, ao tentar acionar uma bomba de drenagem após as águas invadirem sua casa.



A Guarda Costeira disponibilizou embarcações adicionais para servirem como ambulâncias aquáticas.

A célebre Praça de São Marcos está sendo especialmente afetada pela maré alta, por estar localizada em uma das partes mais baixas da cidade. O átrio da Basílica de São Marcos foi inundado, e as autoridades planejam vigiar a elevação do nível da água no prédio também durante a madrugada. A situação deve perdurar até sábado, preveem as autoridades locais.



O engenheiro Pierpaolo Campostrini, curador da Basílica de São Marcos, disse que a dimensão da inundação na terça-feira só foi vista cinco vezes na longa história da igreja, cuja construção começou em 828 e que foi reconstruída após um incêndio em 1063.

O prefeito afirmou via Twitter que a basílica sofreu graves danos, assim como todas a cidade as ilhas da Lagoa de Veneza.



Mais preocupante, segundo Campostrini, é que três desses cinco episódios ocorreram nos últimos 20 anos, mais recentemente, em 2018. As autoridades prometeram melhorias nas defesas contra inundação do edifício.

Chuvas intensas caem desde terça-feira na Itália, afetando em particular as regiões da Sicília, Calábria, Basilicata e Veneza, onde as precipitações se somam à maré alta incomum.

As chuvas provocaram o fechamento de escolas em várias cidades ao sul, incluindo Taranto, Brindisi e Matera, assim como as cidades sicilianas de Pozzallo e Noto, de acordo com o serviço nacional de meteorologia.

Em Matera, Capital Europeia da Cultura deste ano, um tornado causou a queda de árvores e postes de iluminação, danificando vários telhados e edifícios.

MD/afp/dpa/ap/rtr

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