Esse conteúdo é antigo
O que se sabe sobre a nova variante ômicron do coronavírus
O que se sabe sobre a nova variante ômicron do coronavírus - Nova cepa da covid-19 foi declarada "variante de preocupação" pela OMS. Possivelmente mais contagiosa, ela pode dificultar a reação do sistema imunológico. Vários países impuseram restrições de viagem ao sul da África.Onde foi detectada a nova variante do coronavírus?
A nova variante B.1.1.529, batizada de ômicron pela Organização Mundial da Saúde (OMS), foi descoberta em 11 de novembro de 2021 em Botsuana, que faz fronteira com a África do Sul, onde a cepa também foi encontrada dias depois.
Na África do Sul, os primeiros registros ocorreram principalmente nas cidades de Joanesburgo e Pretória, na província de Gauteng, onde a incidência da covid-19 está bastante alta. No dia 3 de dezembro, autoridades sul-africanas afirmaram que sete das nove províncias do país já haviam registrado casos da variante, e que as infecções haviam aumentado mais de 300% em uma semana.
Mais de 50 países já confirmaram casos da nova variante, inclusive o Brasil , os Estados Unidos e vários na Europa.
Para tentar conter a disseminação do vírus, diversos países, entre eles os EUA, todos os 27 membros da União Europeia (UE) e o Brasil, impuseram restrições para viagens com origem na África do Sul e vizinhos. Japão e Israel chegaram a fechar suas fronteiras paras estrangeiros.
Quão perigosa é a nova variante?
Pesquisadores estão preocupados com o fato de a ômicron conter um número considerado extremamente alto de mutações do coronavírus. Eles encontraram 32 mutações na chamada proteína spike (S), que o vírus usa para se prender a células humanas e infectá-las. Na variante delta, considerada altamente infecciosa e dominante no mundo atualmente, foram encontradas oito mutações.
Ao mesmo tempo que o número de mutações nessa proteína não é uma indicação exata do quão perigosa a variante pode ser, isso sugere que o sistema imunológico humano pode ter maior dificuldade em combater a nova variante. Também há indicações de que a ômicron possa escapar das respostas imunológicas do corpo humano.
Infecções com a nova variante não necessariamente são mais graves do que as com cepas anteriores. Mas há sinais de que a ômicron se dissemina mais rapidamente, o que pode sobrecarregar sistemas de saúde.
Das mutações da ômicron, 15 são numa parte da proteína spike que se liga a anticorpos específicos e a receptores ECA2. O coronavírus usa esses receptores, que podem ser encontrados no nariz humano, por exemplo, para entrar no corpo, e é possível que as mutações facilitem infecções.
Pesquisadores estão analisando três mutações específicas no local de clivagem (processo de divisão celular) da furina, uma enzima que vírus – como o Sars-Cov-2, influenza, dengue, HIV e muitos outros – precisam para ser funcionais, ou seja, para causar uma doença no corpo humano.
Se a ômicron de fato tiver mais facilidade para infectar e se tornar totalmente funcional, cientistas afirmam que ela também pode ser capaz de se espalhar mais rapidamente e, portanto, terá uma taxa de transmissão mais alta.
O biólogo molecular Ulrich Elling, do Instituto de Biotecnologia Molecular de Viena, especializado em sequenciamento do coronavírus e detecção de novas variantes, afirmou à DW que as primeiras estimativas indicam que a ômicron "pode ser 500% mais infeciosa que a delta", a variante dominante atualmente no mundo.
Além disso, cientistas sul-africanos afirmaram que reinfecções são três vezes mais prováveis com a ômicron do que eram com as variantes delta e beta.
Dados preliminares apontam que as hospitalizações por covid-19 estão aumentando na África do Sul, mas isso pode se dever ao fato de que mais pessoas estão contraindo o vírus, e não necessariamente à gravidade da ômicron.
Como reagiu a OMS?
No dia 26 de novembro, a Organização Mundial da Saúde (OMS) classificou a a B1.1.529 como "variante de preocupação" (variant of concern – VOC) e a nomeou de ômicron, seguindo a tendência de batizar as variantes do coronavírus Sars-Cov-2 com letras do alfabeto grego.
Dias depois, a OMS afirmou que a ômicron representa um risco global muito alto, apontando que a cepa apresenta mutações preocupantes, provavelmente se espalhará internacionalmente e pode ter consequências graves.
A agência ressaltou, no entanto, que são necessários mais estudos sobre o potencial de a nova variante escapar da imunidade induzida tanto por vacinas quanto por infecções anteriores e que ainda não foram registradas mortes ligadas à cepa.
Num relatório publicado em 28 de novembro, a OMS afirmou que "apesar de incertezas, é razoável pressupor que as vacinas atualmente disponíveis oferecem proteção contra casos graves e mortes" no caso de uma infecção pela variante ômicron.
Com base em estudo preliminares próprios, a Pfizer e a BioNTech afirmaram que três doses de sua vacina para a covid-19 oferecem proteção ampla contra a variante ômicron.
Como a nova variante se desenvolveu?
Uma teoria é que ela tenha emergido com todas as suas mutações de uma única vez.
O professor Francois Balloux, especialista em sistemas biológicos computacionais da University College de Londres, afirmou que é possível que o vírus tenha sofrido mutação durante uma infecção crônica em um indivíduo, cujo sistema imunológico estivesse já enfraquecido por outra infecção com o vírus HIV.
Mas, até o momento, isso é somente especulação.
Há alguma conexão com a variante beta?
Em todo o continente africano, a África do Sul foi o país mais atingido pelo coronavírus, com mais de 3 milhões de casos de covid-19 e em torno de 90 mil mortes em decorrência do vírus.
O alto número de mortes no país é atribuído à variante C.1.2, batizada de beta e qualificada pela OMS como variante de preocupação por causa da alta transmissibilidade e por ser mais resistente às vacinas.
Mas a variante delta, mais agressiva, superou de longe a beta na África do Sul, assim como no resto do mundo.
É possível deter a nova variante?
Os vírus e suas variantes não respeitam fronteiras nacionais. Mas é possível retardar a disseminação da nova variante restringindo o transporte aéreo, por exemplo, o que vários países já fizeram.
As restrições de viagem podem ajudar a diminuir as transmissões, mas, o fato de os primeiros casos em Botsuana terem sido detectados em meados de novembro faz com que seja concebível que a ômicron tenha sido transportada para vários outros países desde então.
A OMS pediu que países reforcem seus sistemas de saúde e ampliem a vacinação contra a covid-19 para conter a disseminação da variante ômicron, e afirmou que restrições de viagem podem fazer com que se ganhe tempo, mas não devem ser a única medida.
Apesar de indicativos de que a variante é altamente transmissível, a OMS afirmou que as informações disponíveis até o momento sugerem que as medidas que vinham sendo adotadas contra outras variantes, comouso de máscaras e distanciamento social, também devem ser eficazes contra a ômicron.
Autor: Alexander Freund, Roberto Crescenti
A nova variante B.1.1.529, batizada de ômicron pela Organização Mundial da Saúde (OMS), foi descoberta em 11 de novembro de 2021 em Botsuana, que faz fronteira com a África do Sul, onde a cepa também foi encontrada dias depois.
Na África do Sul, os primeiros registros ocorreram principalmente nas cidades de Joanesburgo e Pretória, na província de Gauteng, onde a incidência da covid-19 está bastante alta. No dia 3 de dezembro, autoridades sul-africanas afirmaram que sete das nove províncias do país já haviam registrado casos da variante, e que as infecções haviam aumentado mais de 300% em uma semana.
Mais de 50 países já confirmaram casos da nova variante, inclusive o Brasil , os Estados Unidos e vários na Europa.
Para tentar conter a disseminação do vírus, diversos países, entre eles os EUA, todos os 27 membros da União Europeia (UE) e o Brasil, impuseram restrições para viagens com origem na África do Sul e vizinhos. Japão e Israel chegaram a fechar suas fronteiras paras estrangeiros.
Quão perigosa é a nova variante?
Pesquisadores estão preocupados com o fato de a ômicron conter um número considerado extremamente alto de mutações do coronavírus. Eles encontraram 32 mutações na chamada proteína spike (S), que o vírus usa para se prender a células humanas e infectá-las. Na variante delta, considerada altamente infecciosa e dominante no mundo atualmente, foram encontradas oito mutações.
Ao mesmo tempo que o número de mutações nessa proteína não é uma indicação exata do quão perigosa a variante pode ser, isso sugere que o sistema imunológico humano pode ter maior dificuldade em combater a nova variante. Também há indicações de que a ômicron possa escapar das respostas imunológicas do corpo humano.
Infecções com a nova variante não necessariamente são mais graves do que as com cepas anteriores. Mas há sinais de que a ômicron se dissemina mais rapidamente, o que pode sobrecarregar sistemas de saúde.
Das mutações da ômicron, 15 são numa parte da proteína spike que se liga a anticorpos específicos e a receptores ECA2. O coronavírus usa esses receptores, que podem ser encontrados no nariz humano, por exemplo, para entrar no corpo, e é possível que as mutações facilitem infecções.
Pesquisadores estão analisando três mutações específicas no local de clivagem (processo de divisão celular) da furina, uma enzima que vírus – como o Sars-Cov-2, influenza, dengue, HIV e muitos outros – precisam para ser funcionais, ou seja, para causar uma doença no corpo humano.
Se a ômicron de fato tiver mais facilidade para infectar e se tornar totalmente funcional, cientistas afirmam que ela também pode ser capaz de se espalhar mais rapidamente e, portanto, terá uma taxa de transmissão mais alta.
O biólogo molecular Ulrich Elling, do Instituto de Biotecnologia Molecular de Viena, especializado em sequenciamento do coronavírus e detecção de novas variantes, afirmou à DW que as primeiras estimativas indicam que a ômicron "pode ser 500% mais infeciosa que a delta", a variante dominante atualmente no mundo.
Além disso, cientistas sul-africanos afirmaram que reinfecções são três vezes mais prováveis com a ômicron do que eram com as variantes delta e beta.
Dados preliminares apontam que as hospitalizações por covid-19 estão aumentando na África do Sul, mas isso pode se dever ao fato de que mais pessoas estão contraindo o vírus, e não necessariamente à gravidade da ômicron.
Como reagiu a OMS?
No dia 26 de novembro, a Organização Mundial da Saúde (OMS) classificou a a B1.1.529 como "variante de preocupação" (variant of concern – VOC) e a nomeou de ômicron, seguindo a tendência de batizar as variantes do coronavírus Sars-Cov-2 com letras do alfabeto grego.
Dias depois, a OMS afirmou que a ômicron representa um risco global muito alto, apontando que a cepa apresenta mutações preocupantes, provavelmente se espalhará internacionalmente e pode ter consequências graves.
A agência ressaltou, no entanto, que são necessários mais estudos sobre o potencial de a nova variante escapar da imunidade induzida tanto por vacinas quanto por infecções anteriores e que ainda não foram registradas mortes ligadas à cepa.
Num relatório publicado em 28 de novembro, a OMS afirmou que "apesar de incertezas, é razoável pressupor que as vacinas atualmente disponíveis oferecem proteção contra casos graves e mortes" no caso de uma infecção pela variante ômicron.
Com base em estudo preliminares próprios, a Pfizer e a BioNTech afirmaram que três doses de sua vacina para a covid-19 oferecem proteção ampla contra a variante ômicron.
Como a nova variante se desenvolveu?
Uma teoria é que ela tenha emergido com todas as suas mutações de uma única vez.
O professor Francois Balloux, especialista em sistemas biológicos computacionais da University College de Londres, afirmou que é possível que o vírus tenha sofrido mutação durante uma infecção crônica em um indivíduo, cujo sistema imunológico estivesse já enfraquecido por outra infecção com o vírus HIV.
Mas, até o momento, isso é somente especulação.
Há alguma conexão com a variante beta?
Em todo o continente africano, a África do Sul foi o país mais atingido pelo coronavírus, com mais de 3 milhões de casos de covid-19 e em torno de 90 mil mortes em decorrência do vírus.
O alto número de mortes no país é atribuído à variante C.1.2, batizada de beta e qualificada pela OMS como variante de preocupação por causa da alta transmissibilidade e por ser mais resistente às vacinas.
Mas a variante delta, mais agressiva, superou de longe a beta na África do Sul, assim como no resto do mundo.
É possível deter a nova variante?
Os vírus e suas variantes não respeitam fronteiras nacionais. Mas é possível retardar a disseminação da nova variante restringindo o transporte aéreo, por exemplo, o que vários países já fizeram.
As restrições de viagem podem ajudar a diminuir as transmissões, mas, o fato de os primeiros casos em Botsuana terem sido detectados em meados de novembro faz com que seja concebível que a ômicron tenha sido transportada para vários outros países desde então.
A OMS pediu que países reforcem seus sistemas de saúde e ampliem a vacinação contra a covid-19 para conter a disseminação da variante ômicron, e afirmou que restrições de viagem podem fazer com que se ganhe tempo, mas não devem ser a única medida.
Apesar de indicativos de que a variante é altamente transmissível, a OMS afirmou que as informações disponíveis até o momento sugerem que as medidas que vinham sendo adotadas contra outras variantes, comouso de máscaras e distanciamento social, também devem ser eficazes contra a ômicron.
Autor: Alexander Freund, Roberto Crescenti
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.