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"Putin quer dividir a Europa", afirma Merkel
"Putin quer dividir a Europa", afirma Merkel - Em sua primeira entrevista após deixar o governo, ex-chanceler alemã faz duras críticas à invasão russa na Ucrânia e diz ter feito todo o possível para evitar o conflito. Ela afirma ter total confiança em seu sucessor.Em sua primeira entrevista após deixar a chefia de governo da Alemanha, a ex-chanceler federal Angela Merkel afirmou nesta terça-feira (07/06) ter "total confiança" no governo que a sucedeu, e fez duras críticas ao líder russo, Vladimir Putin, em razão da invasão russa à Ucrânia.
Na entrevista ao jornalista Alexander Osang, da revista alemã Der Spiegel, realizada em uma sala de concertos em Berlim, a ex-chanceler contou que, após 16 anos no poder, estava claro para ela que havia chegado a hora de parar.
Ela disse que sua vida pessoal vai bem, mas afirmou que a invasão russa na Ucrânia vem ocupando boa parte de seu tempo, e que, por vezes, isso a deixa deprimida.
A política conservadora disse que, enquanto estava no poder, se esforçou para que a situação na Ucrânia não se agravasse da forma como acabou ocorrendo, e revelou que não se sente culpada por não ter feito o suficiente para evitar o conflito.
Ela contou que era contra a ideia de incluir a Ucrânia na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), justamente para evitar um agravamento das tensões com Moscou, e por avaliar que Kiev não estava pronta para uma eventual adesão.
Contra adesão da Ucrânia à Otan
A ex-chanceler avalia que jamais houve a opção de se criar uma arquitetura de segurança capaz de convencer a Rússia a adotar uma estratégia diferente.
Mesmo assim, ela disse que se pergunta com frequência se poderia ter feito mais para evitar o que chamou de "grande tragédia".
Merkel avalia que não há justificativa para o "desprezo brutal pelas leis internacionais" por parte da Rússia.
Ela ressaltou que jamais foi ingênua em relação ao "ódio" de Putin ao modelo ocidental de democracia, e disse ter alertado diversas vezes os líderes internacionais de que o objetivo do líder russo era dividir a União Europeia.
Merkel disse que, em sua opinião, Putin, tem como objetivo a divisão da Europa. "Sabemos que ele quer dividir a União Europeia, porque a vê como uma precursora da Otan", afirmou.
Um dos motivos que o líder russo utilizou para tentar justificar a invasão ao país vizinho foi, justamente, a expansão da aliança militar ocidental no Leste Europeu.
Defesa da diplomacia
Ela, porém, disse que não há motivos para se desculpar pelos esforços realizados pelo seu governo, na busca por uma solução diplomática para as tensões que aumentavam durante os últimos anos em que esteve no cargo, especialmente em 2021, quando aumentavam os temores de uma invasão russa ao território ucraniano.
"É uma grande tristeza que não tenha dado certo, mas eu não me culpo por não tentar", afirmou, ao se referir ao Acordo de Minsk, no qual Alemanha e França tentaram intermediar negociações de paz entre Rússia e Ucrânia, após a anexação da Península da Crimeia por Moscou, em 2014.
"A diplomacia não está equivocada simplesmente por não ter dado certo", afirmou. "Dessa forma, não vejo motivo pelo qual eu deveria dizer que cometi erros, e não vou pedir desculpas."
Durante seu tempo à frente do governo alemão, ela sempre teve o cuidado de não deixar que a comunicação com Putin fosse interrompida, mesmo não tendo apreço pessoal pelo líder russo.
Merkel, no entanto, ainda é muito criticada por seu envolvimento no projeto do gasoduto Nord Stream 2, que exacerbou a dependência alemã no gás natural importado da Rússia.
Na semana passada, a ex-chanceler rompeu o silêncio que havia mantido desde o início do conflito e classificou o ataque russo contra a Ucrânia como "uma violação flagrante" do direito internacional e uma "ruptura profunda" na história da Europa depois da Segunda Guerra Mundial.
Ela expressou sua solidariedade à Ucrânia, e que apoia seu "direito à autodefesa".
Confiança total em Scholz
Nesta terça, Merkel disse confiar totalmente no governo que a sucedeu, e que os novos governantes são pessoas experientes que conhecem bem as circunstâncias políticas do país. O atual chanceler federal, Olaf Scholz, atuou como ministro das Finanças no último governo de Merkel.
Ela explicou que evita falar publicamente como ex-chefe de governo, e que seu papel não é o de dar aconselhamento nos bastidores, e prefere se manter à distância.
Merkel contou que realizou amplas caminhadas de inverno na região do Mar Báltico, e que ouve muitos podcats. Ela afirma que não se sente entediada e que, após lidar por muito tempo com compromissos incessantes, se adaptou bem à nova vida.
rc (DPA, Reuters)
Na entrevista ao jornalista Alexander Osang, da revista alemã Der Spiegel, realizada em uma sala de concertos em Berlim, a ex-chanceler contou que, após 16 anos no poder, estava claro para ela que havia chegado a hora de parar.
Ela disse que sua vida pessoal vai bem, mas afirmou que a invasão russa na Ucrânia vem ocupando boa parte de seu tempo, e que, por vezes, isso a deixa deprimida.
A política conservadora disse que, enquanto estava no poder, se esforçou para que a situação na Ucrânia não se agravasse da forma como acabou ocorrendo, e revelou que não se sente culpada por não ter feito o suficiente para evitar o conflito.
Ela contou que era contra a ideia de incluir a Ucrânia na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), justamente para evitar um agravamento das tensões com Moscou, e por avaliar que Kiev não estava pronta para uma eventual adesão.
Contra adesão da Ucrânia à Otan
A ex-chanceler avalia que jamais houve a opção de se criar uma arquitetura de segurança capaz de convencer a Rússia a adotar uma estratégia diferente.
Mesmo assim, ela disse que se pergunta com frequência se poderia ter feito mais para evitar o que chamou de "grande tragédia".
Merkel avalia que não há justificativa para o "desprezo brutal pelas leis internacionais" por parte da Rússia.
Ela ressaltou que jamais foi ingênua em relação ao "ódio" de Putin ao modelo ocidental de democracia, e disse ter alertado diversas vezes os líderes internacionais de que o objetivo do líder russo era dividir a União Europeia.
Merkel disse que, em sua opinião, Putin, tem como objetivo a divisão da Europa. "Sabemos que ele quer dividir a União Europeia, porque a vê como uma precursora da Otan", afirmou.
Um dos motivos que o líder russo utilizou para tentar justificar a invasão ao país vizinho foi, justamente, a expansão da aliança militar ocidental no Leste Europeu.
Defesa da diplomacia
Ela, porém, disse que não há motivos para se desculpar pelos esforços realizados pelo seu governo, na busca por uma solução diplomática para as tensões que aumentavam durante os últimos anos em que esteve no cargo, especialmente em 2021, quando aumentavam os temores de uma invasão russa ao território ucraniano.
"É uma grande tristeza que não tenha dado certo, mas eu não me culpo por não tentar", afirmou, ao se referir ao Acordo de Minsk, no qual Alemanha e França tentaram intermediar negociações de paz entre Rússia e Ucrânia, após a anexação da Península da Crimeia por Moscou, em 2014.
"A diplomacia não está equivocada simplesmente por não ter dado certo", afirmou. "Dessa forma, não vejo motivo pelo qual eu deveria dizer que cometi erros, e não vou pedir desculpas."
Durante seu tempo à frente do governo alemão, ela sempre teve o cuidado de não deixar que a comunicação com Putin fosse interrompida, mesmo não tendo apreço pessoal pelo líder russo.
Merkel, no entanto, ainda é muito criticada por seu envolvimento no projeto do gasoduto Nord Stream 2, que exacerbou a dependência alemã no gás natural importado da Rússia.
Na semana passada, a ex-chanceler rompeu o silêncio que havia mantido desde o início do conflito e classificou o ataque russo contra a Ucrânia como "uma violação flagrante" do direito internacional e uma "ruptura profunda" na história da Europa depois da Segunda Guerra Mundial.
Ela expressou sua solidariedade à Ucrânia, e que apoia seu "direito à autodefesa".
Confiança total em Scholz
Nesta terça, Merkel disse confiar totalmente no governo que a sucedeu, e que os novos governantes são pessoas experientes que conhecem bem as circunstâncias políticas do país. O atual chanceler federal, Olaf Scholz, atuou como ministro das Finanças no último governo de Merkel.
Ela explicou que evita falar publicamente como ex-chefe de governo, e que seu papel não é o de dar aconselhamento nos bastidores, e prefere se manter à distância.
Merkel contou que realizou amplas caminhadas de inverno na região do Mar Báltico, e que ouve muitos podcats. Ela afirma que não se sente entediada e que, após lidar por muito tempo com compromissos incessantes, se adaptou bem à nova vida.
rc (DPA, Reuters)
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