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Rei da Holanda pede desculpas por escravidão na era colonial

O rei da Holanda Willem-Alexander, 46, e sua mulher, a rainha Máxima - Robin Utrecht/Reuters
O rei da Holanda Willem-Alexander, 46, e sua mulher, a rainha Máxima Imagem: Robin Utrecht/Reuters

01/07/2023 15h18

O rei holandês Willem-Alexander pediu neste sábado desculpas pelo envolvimento histórico de seu país na escravidão e suas repercussões contínuas. As declarações foram dada em evento oficial para marcar os 160 anos desde o fim da escravidão nas colônias holandesas.

"Hoje estou aqui diante de vocês como seu rei e como parte do governo. Hoje estou me desculpando", disse Willem-Alexander. "E sinto o peso das palavras em meu coração e em minha alma."

"Neste dia em que lembramos a história da escravidão holandesa, peço perdão por este crime contra a humanidade", completou o rei.

No ano passado, o rei encomendou um estudo sobre o papel exato que a família real holandesa, a Casa de Orange-Nassau, desempenhou durante o período da escravidão. A expectativa é que os resultados sejam divulgados em 2025.

Um estudo concorrente publicado no mês passado apontou que a Casa de Orange lucrou o equivalente a cerca de US$ 600 milhões em valores atuais com a escravidão nas colônias holandesas entre 1675 a 1770, incluindo lucros em ações da Companhia Holandesa das Índias Orientais.

Milhares de descendentes de escravos na ex-colônia holandesa do Suriname e dos territórios ultramarinos holandeses de Aruba, Bonaire e Curaçao participaram do evento em Amsterdã.

O evento foi apelidado de "Keti Koti", que significa "quebrar correntes" em Sranan Togo, uma língua crioula falada no Suriname.

A rainha Maxina e o primeiro-ministro Mark Rutte também compareceram às comemorações de Keti Koti.

Ativistas pediram ao rei que se desculpasse pela instituição da escravidão durante seu discurso.

"Isso é importante, especialmente porque a comunidade afro-holandesa considera importante", disse Linda Nooitmeer, presidente do Instituto Nacional de História e Legado da Escravidão Holandesa, à emissora pública NOS. "É importante para processar a história da escravidão."

Em dezembro passado, Rutte já havia pedido desculpas pela escravidão em nome do governo holandês. Várias cidades holandesas, incluindo Amsterdã, apresentaram seus próprios pedidos de desculpas antes que o primeiro-ministro o fizesse.

A partir do século 17, a Holanda tornou-se uma das maiores potências coloniais da Europa e foi responsável por cerca de 5% do comércio transatlântico de escravos. Cerca de 600.000 escravos foram transportados da África para as colônias holandesas nas Américas, e muitos javaneses e balineses foram escravizados e levados para a África do Sul sob o domínio colonial holandês.

A Holanda baniu oficialmente a escravidão em 1º de julho de 1863. No entanto, os escravos continuaram trabalhando em plantações no Caribe holandês por mais uma década antes que a abolição fosse posta em prática.