Como a posse de Trump pode afetar a economia global

Como a posse de Trump pode afetar a economia global - Agenda protecionista e imprevisibilidade do presidente eleito dos EUA devem pressionar economia dos países.O ano de 2025 começa em meio a um cenário de pressão sobre as economias nacionais. Enquanto governos recém-eleitos assumem a gestão federal em dezenas de países, os blocos econômicos tentam contornar os desafios da inflação e das crises migratórias ocasionadas pelas guerras em diversas partes do mundo.

Nos Estados Unidos, o futuro governo do republicano Donald Trump promete pressionar acordos comerciais até então consolidados e a imprevisibilidade imposta por ele deve influenciar a economia mundial em 2025.

Veja os principais desafios:

1. Donald Trump 2.0 começa em janeiro

A imprevisibilidade provavelmente será a força orientadora para 2025. E quase tudo isso estará nas mãos de Donald Trump, o presidente eleito da maior economia do mundo. Sua abordagem denominada "America First" alcançará muito além das fronteiras do país. Os caprichos de Trump irão remodelar a ordem global como a conhecemos.

O mundo globalizado e as guerras serão decididas em grande parte em Washington. Isso não é novidade. O que é novo é a incerteza de tudo isso e o nível de caos que pode cercar tais decisões.

Trump colocou em questão a cooperação internacional e menosprezou aliados e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). Novas alianças comerciais e um Estados Unidos fechado em si mesmo podem ter consequências imprevistas. A falta de uma liderança clara dos EUA deixará brechas para países como China, Índia e Rússia preencherem as lacunas militares, políticas e econômicas.

2. Tarifas, guerras comerciais e preços mais altos

Trump defende a ampliação de barreiras tarifárias como uma maneira de punir os países por déficits comerciais. "A palavra tarifa é a palavra mais bonita do dicionário", disse ele em outubro.

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Durante a campanha eleitoral de 2024, Trump ameaçou tarifas gerais de 10% a 20% sobre todos os produtos que entrarem nos EUA e até 60% sobre os produtos chineses, implementados no seu primeiro dia no cargo.

Mais recentemente, ele também citou taxar em 25% todos os produtos do México e do Canadá. O México prometeu entrar na disputa fazendo o mesmo para produtos americanos. A China deve fazer o mesmo. O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, visitou Trump na Flórida para tentar evitar o desarranjo comercial.

Para empresas com cadeias de suprimento globais, o aumento das tarifas seria uma má notícia. Esses impostos prejudicariam os vizinhos dos EUA e provavelmente romperiam o Acordo Estados Unidos-México-Canadá, um tratado de livre comércio fechado durante o primeiro mandato de Trump.

Atualmente, cerca de 80% das exportações do México e mais de 75% das do Canadá vão para os EUA. Mais da metade das importações dos EUA de frutas e vegetais vêm do México. Os EUA importam madeira e milhões de barris de petróleo bruto diariamente do Canadá.

O republicano também vem ameaçando uma retirada dos EUA da Organização Mundial do Comércio (OMC), o que pode levar ao colapso do sistema de negociação comercial multilateral.

No final, os consumidores americanos seriam atingidos com preços mais altos e poderiam encontrar prateleiras vazias. Alguns afirmam que Trump está usando a ameaça de tarifas como uma ferramenta de negociação, mas tal blefe poderia levar a retaliações e rapidamente se transformar em uma guerra comercial global.

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3. Imigração sob ataque ao redor do mundo

Não são apenas os produtos que poderiam encontrar barreiras. A migração global será cada vez mais recebida com barreiras literais. Líderes mundiais sentem a necessidade de mostrar que estão no controle de suas fronteiras, adotando posturas mais rígidas em relação aos imigrantes. Isso tornará o mundo menos aberto e dinâmico.

Durante a campanha eleitoral dos EUA, os republicanos prometeram "realizar a maior operação de deportação da história americana". É uma ideia que Trump adotou.

Além das deportações e de uma ação mais rigorosa na fronteira com o México, ele prometeu, em uma entrevista no início de dezembro, acabar com a cidadania automática para nascidos nos EUA.

O presidente dos EUA tem autoridade quando se trata de imigração irregular, mas a maioria de suas propostas acabaria nos tribunais. Ele também tem o poder de dificultar a imigração legal, limitando o número de refugiados ou tornando mais difícil obter vistos ou green cards.

Manter os imigrantes fora — ou enviá-los de volta para casa — teria um efeito colateral no mercado de trabalho do país, dependente desta mão de obra em diversos setores da economia.

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Os EUA não estão sozinhos em sua postura contra a imigração. O mesmo é discutido na Alemanha, que enfrenta escassez de mão de obra. A União Europeia também prometeu restringir a migração irregular. Já a Itália está encampando processos contra refugiados albaneses.

4. Guerras na Ucrânia, no Oriente Médio e além

Vários conflitos armados ocorreram no mundo atualmente. Essas guerras causaram destruição e calamidades humanitárias. Elas também custam dinheiro que poderia ser gasto de maneira mais produtiva.

Trump afirma que acabará com a guerra da Rússia na Ucrânia em suas primeiras 24 horas de governo. Ele poderia reter o financiamento dos EUA que manteve o país funcionando durante os três anos desde a invasão russa. Como os EUA são o maior apoiador da Ucrânia, isso poderia pressionar o país a ir para a mesa de negociações.

A guerra de Israel contra o grupo palestino Hamas, em Gaza, se expandiu para conflitos contra o grupo extremista Hezbollah, no Líbano, e pode se tornar ainda maior em 2025. Na Ásia, a China continua a reivindicar Taiwan, que teme uma invasão iminente.

Durante décadas, a liderança dos EUA ajudou a equilibrar as escalas globais. Mas Trump coloca esse balanço em xeque. Se os EUA não ajudarem a defender seus aliados, décadas de políticas vão por água abaixo. Essa nova ordem mundial pode incentivar o Irã ou a Coreia do Norte a testar os limites de suas próprias ações militares.

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Autor: Thomas Kohlmann

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