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Líder antiescravista é condenado a 2 anos de prisão na Mauritânia

15/01/2015 16h12

Nouakchott, 15 jan (EFE).- O líder antiescravista mauritano Biram Ould Abeid Ould Dah foi condenado nesta quinta-feira a dois anos de prisão pelo Tribunal de Rosso, no sul do país, disseram à Agência Efe fontes judiciais.

Dah foi acusado por desobediência, perturbação da ordem pública e por dirigir uma organização não reconhecida pelas autoridades, em referência à Iniciativa pelo Ressurgimento do Abolicionismo (IRA), criada por ele.

Confrontos entre militantes da IRA e as forças de segurança, que já previam incidentes, foram registrados na porta do tribunal depois da decisão, disseram testemunhas.

Também foram condenados hoje o vice-presidente da IRA, Brahim Ould Bilal, e o presidente da ONG Kawtal (também antiescravista), Djibi Sow, por terem participado de uma passeata em Rosso contra a escravidão no país, especialmente no meio agrícola.

Oito militantes antiescravistas que também compareceram à manifestação foram absolvidos pelo mesmo tribunal.

O processo contra Dah e seus companheiros começou no dia 18 de dezembro do ano passado, depois da prisão dos 11 militantes no dia 11 de novembro.

Por "escravidão agrícola", a IRA se refere aos vários casos de negros mauritanos conhecidos como "harratines", "herdados" com a terra pelos fazendeiros de etnia árabe e que trabalham em troca de salários miseráveis.

Para o grupo, a posse da terra deve pertencer aos que trabalharam nela durante gerações, ou seja, os "harratines".

Biram Ould Abeid Ould Dah recebeu em 2013 o Prêmio de Diretos Humanos da ONU, por seu "combate não violento contra a escravidão na Mauritânia", onde já foi preso várias vezes.

A estadia mais longa na prisão foi em 2012, quando ficou detido por quatro meses após ter queimado em público livros religiosos malekitas (predominante em todo o Magrebe), que, segundo ele, serviu historicamente de justificativa para a escravidão.

Politicamente, o IRA surpreendeu quando Dah ficou em segundo nas eleições presidenciais de junho de 2014, com 8,6% dos votos, atrás do presidente Mohammed Ould Abdel Aziz, reeleito com 82%.