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"Papa exerceu papel histórico ao tentar criar outra economia", diz Sanders

Em Caracas

15/04/2015 18h32

Cidade do Vaticano, 15 abr (EFE).- O pré-candidato democrata à presidência dos Estados Unidos, Bernie Sanders, afirmou nesta sexta-feira no Vaticano que o papa Francisco "exerceu um papel histórico e incrível ao tentar criar uma nova economia mundial" para que uns poucos não concentrem toda a riqueza.

"O papa exerceu um papel histórico e incrível em tentar criar uma nova economia mundial e uma nova visão para as pessoas de nosso planeta. O que está dizendo é que não podemos continuar desta maneira, na qual uns poucos têm tanto e quando a avareza é uma força tão destrutiva", declarou Sanders aos veículos de comunicação.

Anteriormente, Sanders tinha participado de um simpósio comemorativo da encíclica do papa João Paulo II, "Centesimus Annus", no qual também estiveram presentes os presidentes do Equador, Rafael Correa, e da Bolívia, Evo Morales.

Em seu discurso neste fórum, Sanders condenou que nas sociedades atuais "o enorme bem-estar de uns poucos seja em detrimento de muitos", e sustentou que é preciso "redefinir os valores do sistema econômico atual, que são imorais e insustentáveis".

O pré-candidato democrata lembrou que a crise econômica que explodiu em 2008 é a mais dura desde a década dos anos 1930 e lamentou que tenha dilapidado "décadas de proteções sociais dos trabalhadores".

Esta crise, segundo disse, é consequência de um período no qual os mercados foram ganhando cada vez maior importância, no qual "os lucros eram resultado da especulação" e no qual os políticos "se aliaram com os bancos para permitir que fossem 'grandes demais para cair'".

"Vivemos em uma globalização desregulada, na qual a especulação encontra seu espaço", criticou Sanders, ao mesmo tempo em que condenou que o sistema tenha permitido que "empresas financiem as campanhas eleitorais dos partidos" ou que "multimilionários possam chegar a ser presidentes", em referência ao pré-candidato republicano, Donald Trump.

"O povo perdeu a fé na política e nas instituições públicas", comentou.

Mas, nesta linha, citou o papa Francisco para afirmar que as sociedades contemporâneas possuem "a tecnologia e o conhecimento suficientes para resolver os problemas existentes nos âmbitos da pobreza, da proteção do meio ambiente, da saúde, da educação".

"Nós conseguiremos, se evitarmos que as grandes fortunas sigam se enriquecendo às custas dos demais e evadindo impostos, como demonstraram os Panama Papers", concluiu.