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Panamá investigará caso que liga Mossack Fonseca com corrupção na Petrobras

29/01/2016 22h04

Cidade do Panamá, 29 jan (EFE).- A Procuradoria Auxiliar do Panamá abrirá uma "investigação de ofício" sobre o caso de corrupção na Petrobras ao qual foi vinculada a firma de advogados panamenha Mossack Fonseca, informou nesta sexta-feira à Agência Efe uma fonte judicial.

"De ofício será investigado o caso do Brasil, não a empresa ainda", detalhou hoje uma fonte do Ministério Público, ente que procura "esclarecer o fato" e determinar "se há incidência no Panamá".

As autoridades brasileiras vincularam nesta semana a Mossack Fonseca com o esquema de corrupção na Petrobras, porque suspeitam que a empresa facilitou a vários envolvidos no escândalo a abertura de empresas "offshore" no Panamá que poderiam ter servido para lavar dinheiro desviado da companhia petrolífera por meio de operações imobiliárias.

Um dos procuradores responsáveis pelo caso, Carlos Fernando dos Santos Lima, rotulou na quarta-feira passada a empresa de advogados panamenha como "uma grande lavadora de dinheiro", razão pela qual o Ministério Público Federal pediu a cooperação de autoridades policiais de outros países, sem que precisasse quais.

A Mossack Fonseca, que opera em 40 países, negou qualquer relação com os casos de corrupção investigados no Brasil e disse estar disposta "a cooperar com as autoridades que solicitem informação pelos canais legalmente estabelecidos".

"Nossa empresa está sendo erroneamente envolvida com temas nos quais não temos ingerência alguma", garantiu a Mossack Fonseca em um "esclarecimento" divulgado nesta sexta-feira.

A empresa acrescentou que seu "representante do Brasil foi requerido para fornecer informação como parte das investigações do Ministério Público em alguns casos que atualmente se ventilam no Brasil".

O jornal "La Estrella de Panamá" publicou nesta sexta-feira que "a Procuradoria Federal do Brasil emitiu uma ordem de detenção contra os advogados panamenhos Edison Teano Rivera e María Mercedes Riaño Quijano, acusados em um esquema de lavagem de dinheiro, através de sociedades 'offshore' criadas pela empresa Mossack Fonseca, da qual é sócio fundador o presidente do governante Partido Panameñista, Ramón Fonseca Mora".

Em sua nota de "esclarecimento", a Mossack Fonseca afirmou que "presta o serviço de Agente Registrado nas diversas jurisdições onde constitui sociedades por solicitação de seus clientes", e argumenta que um "serviço não representa nenhuma vinculação comercial com as sociedades assim constituídas, nem implica uma faculdade de administração ou de captação de fundos dos clientes".

"Não prestamos no passado nem prestamos no presente serviços de assessoria ou intermediação de nenhum tipo para a compra, empréstimo ou financiamento de nenhum imóvel, assim como também não oferecemos assessoria imobiliária em nenhum lugar do mundo, exceto a respeito de imóveis localizados dentro da República do Panamá", garantiu.

De acordo com a informação da Polícia Federal, um dos eixos da investigação da Operação Lava Jato, que investiga o esquema na Petrobras, é um edifício construído no Guarujá, no litoral de São Paulo, por uma cooperativa sindical vinculada ao PT e no qual a própria Mossack Fonseca possui um apartamento de três andares.

Em 2009, no meio de uma severa crise financeira, a cooperativa vendeu essa propriedade à construtora OAS, também envolvida no escândalo na Petrobras, e vários dirigentes do PT teriam adquirido apartamentos nesse edifício, entre eles o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.