Debate antiterrorista reaparece em campanha dos EUA após ataques em Bruxelas
Raquel Godos.
Washington, 27 mar (EFE).- Os atentados desta semana em Bruxelas reacenderam o debate antiterrorista na campanha eleitoral dos Estados Unidos, onde as propostas da favorita entre os democratas, Hillary Clinton, diferem quase totalmente com as medidas radicais apresentadas pelos seus rivais republicanos Donald Trump e Ted Cruz.
A crescente ameaça vivida pela Europa aumentou o temor de ataques no território americano, apesar do risco e as mortes ocorridas no Velho Continente ainda não serem a maior das preocupações dos eleitores para as eleições presidenciais que ocorrem em novembro.
No entanto, os candidatos de ambos os partidos reagiram à situação de um modo de que, para os analistas, era previsível, conforme as ações já tomadas durante a campanha.
"Não estou surpreso que Cruz e Trump tenham afiado sua retórica sobre o tema, era totalmente esperado", disse à Agência Efe o professor de Ciências Políticas da Universidade de Nothern Iowa, Christopher Larimer.
Trump, líder entre os pré-candidatos republicanos na corrida pela indicação, defendeu uma mudança na "obsoleta" Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), para que o órgão inclua o terrorismo em sua missão atual de defesa dos países-membros. Além disso, ele afirmou que os EUA deveriam gastar menos para financiar a aliança.
Cruz criticou a proposta de Trump, mas afirmou que o governo americano deveria iniciar um programa de patrulha policial nos bairros muçulmanos, com o objetivo de detectar e atenuar episódios como o ocorrido em Bruxelas.
Uma medida parecida com a anunciada pelo empresário após os ataques ocorridos em Paris em novembro do ano passado. Após os atentados, Trump anunciou que, se for eleito, irá proibir a entrada de muçulmanos no território americano.
O impacto social de eventos deste tipo pode representar uma mudança radical nas intenções de voto dos eleitores, especialmente suscetíveis desde os atentados de 11 de setembro de 2011, apesar de ainda ser cedo para afirmar qual o efeito dos ataques de Bruxelas.
"Favorecer um ou outro candidato dependerá da medida em que a segurança nacional e o terrorismo sejam temas dominantes na campanha. Ambas as questões tiveram no radar público e de maneira mais forte em dezembro do ano passado depois dos atentados de Paris", indicou Larimer.
"Nos últimos três meses, no entanto, a preocupação pública nos EUA sobre ambas as questões diminuiu drasticamente, com ascensão de questões econômicas como algo prioritário", acrescentou.
O especialista indica que, caso não haja até novembro uma sensação de ameaça iminente contra os EUA, a retórica dos candidatos republicanos "afastará potencialmente um grande número de independentes", sobretudo caso o indicado seja Trump, que já tem uma "qualificação desfavorável" dentro desse grupo de eleitores.
"Se eu for presidente, vamos ser muito duros, muito fortes e muito atentos. Não deixaremos que isso ocorra em nosso país e, se ocorrer, os pegaremos e os faremos sofrer muito", disse Trump, favorável ao uso de tortura contra os terroristas presos, após saber do duplo atentado ocorrido em Bruxelas na última terça-feira.
Por outro lado, Hillary se posicionou no polo oposto dos republicanos e apresentou uma proposta contra o Estado Islâmico (EI), que reivindicou a autoria do ataque, baseada na melhoria dos serviços de inteligência, no desmantelamento dos redutos jihadistas no Iraque e na Síria, e no fortalecimento da diplomacia.
Em discurso na Universidade de Stanford, a ex-secretária de Estado afirmou que tanto Trump como Cruz fariam dos EUA um país "menos seguro" e do mundo "um lugar mais perigoso".
As pesquisas realizadas depois dos ataques de Paris indicaram um aumento da preocupação sobre as ameaças terroristas. Hillary era quem mais contava com a confiança dos americanos para enfrentar o problema na época. Agora, os candidatos esperam as impressões dos cidadãos americanos sobre os atentados de Bruxelas.
"Nas pesquisas em novembro e dezembro, Hillary foi a primeira escolha dos eleitores em geral para enfrentar o terrorismo, com Trump em segundo. Ela parece ter vantagem na experiência e na capacidade ser dura sem parecer irracional", afirmou à Efe o especialista em política americana Justin Whitely Holmes.
"Dito isso, é possível que Trump possa ganhar neste tema se as pessoas se sentirem mais preocupadas com o terrorismo e 'abraçarem' sua dureza. Os analistas em política externa em geral pensam que ele seria terrível, mas certo grupo de eleitores acha atrativo a dureza que ele apresenta neste assunto", concluiu.
Washington, 27 mar (EFE).- Os atentados desta semana em Bruxelas reacenderam o debate antiterrorista na campanha eleitoral dos Estados Unidos, onde as propostas da favorita entre os democratas, Hillary Clinton, diferem quase totalmente com as medidas radicais apresentadas pelos seus rivais republicanos Donald Trump e Ted Cruz.
A crescente ameaça vivida pela Europa aumentou o temor de ataques no território americano, apesar do risco e as mortes ocorridas no Velho Continente ainda não serem a maior das preocupações dos eleitores para as eleições presidenciais que ocorrem em novembro.
No entanto, os candidatos de ambos os partidos reagiram à situação de um modo de que, para os analistas, era previsível, conforme as ações já tomadas durante a campanha.
"Não estou surpreso que Cruz e Trump tenham afiado sua retórica sobre o tema, era totalmente esperado", disse à Agência Efe o professor de Ciências Políticas da Universidade de Nothern Iowa, Christopher Larimer.
Trump, líder entre os pré-candidatos republicanos na corrida pela indicação, defendeu uma mudança na "obsoleta" Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), para que o órgão inclua o terrorismo em sua missão atual de defesa dos países-membros. Além disso, ele afirmou que os EUA deveriam gastar menos para financiar a aliança.
Cruz criticou a proposta de Trump, mas afirmou que o governo americano deveria iniciar um programa de patrulha policial nos bairros muçulmanos, com o objetivo de detectar e atenuar episódios como o ocorrido em Bruxelas.
Uma medida parecida com a anunciada pelo empresário após os ataques ocorridos em Paris em novembro do ano passado. Após os atentados, Trump anunciou que, se for eleito, irá proibir a entrada de muçulmanos no território americano.
O impacto social de eventos deste tipo pode representar uma mudança radical nas intenções de voto dos eleitores, especialmente suscetíveis desde os atentados de 11 de setembro de 2011, apesar de ainda ser cedo para afirmar qual o efeito dos ataques de Bruxelas.
"Favorecer um ou outro candidato dependerá da medida em que a segurança nacional e o terrorismo sejam temas dominantes na campanha. Ambas as questões tiveram no radar público e de maneira mais forte em dezembro do ano passado depois dos atentados de Paris", indicou Larimer.
"Nos últimos três meses, no entanto, a preocupação pública nos EUA sobre ambas as questões diminuiu drasticamente, com ascensão de questões econômicas como algo prioritário", acrescentou.
O especialista indica que, caso não haja até novembro uma sensação de ameaça iminente contra os EUA, a retórica dos candidatos republicanos "afastará potencialmente um grande número de independentes", sobretudo caso o indicado seja Trump, que já tem uma "qualificação desfavorável" dentro desse grupo de eleitores.
"Se eu for presidente, vamos ser muito duros, muito fortes e muito atentos. Não deixaremos que isso ocorra em nosso país e, se ocorrer, os pegaremos e os faremos sofrer muito", disse Trump, favorável ao uso de tortura contra os terroristas presos, após saber do duplo atentado ocorrido em Bruxelas na última terça-feira.
Por outro lado, Hillary se posicionou no polo oposto dos republicanos e apresentou uma proposta contra o Estado Islâmico (EI), que reivindicou a autoria do ataque, baseada na melhoria dos serviços de inteligência, no desmantelamento dos redutos jihadistas no Iraque e na Síria, e no fortalecimento da diplomacia.
Em discurso na Universidade de Stanford, a ex-secretária de Estado afirmou que tanto Trump como Cruz fariam dos EUA um país "menos seguro" e do mundo "um lugar mais perigoso".
As pesquisas realizadas depois dos ataques de Paris indicaram um aumento da preocupação sobre as ameaças terroristas. Hillary era quem mais contava com a confiança dos americanos para enfrentar o problema na época. Agora, os candidatos esperam as impressões dos cidadãos americanos sobre os atentados de Bruxelas.
"Nas pesquisas em novembro e dezembro, Hillary foi a primeira escolha dos eleitores em geral para enfrentar o terrorismo, com Trump em segundo. Ela parece ter vantagem na experiência e na capacidade ser dura sem parecer irracional", afirmou à Efe o especialista em política americana Justin Whitely Holmes.
"Dito isso, é possível que Trump possa ganhar neste tema se as pessoas se sentirem mais preocupadas com o terrorismo e 'abraçarem' sua dureza. Os analistas em política externa em geral pensam que ele seria terrível, mas certo grupo de eleitores acha atrativo a dureza que ele apresenta neste assunto", concluiu.
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