Milhares de porto-riquenhos lembram vítimas de Orlando em Parada Gay
Mar Gonzalo
San Juan, 26 jun (EFE).- Milhares de pessoas participaram neste domingo da Parada do Orgulho LGBT realizada em San Juan, que lembrou das vítimas do massacre de Orlando, das quais quase metade era formada por porto-riquenhos.
"Eu perdi dois amigos, dois irmãos, Martín (Benítez Torres, de 33 anos) e Jimmy de Jesús (Velázquez, de 50)", disse à Agência Efe Serbella Tejeda, porta-voz da funerária Borinquen Memorial, que ofereceu seus serviços gratuitos às famílias dos 23 mortos no ataque à boate Pulse, de Orlando.
Na sua opinião, em Porto Rico a homossexualidade e questões de gênero gozaram nos últimos anos de grandes avanços, mas "como em todas partes, sempre há comunidades que não entendem nossas preferências, embora seja questão de tempo para que amadureçam e entendam que todos somos filhos de Deus".
"Espero que atos como este sejam capaz de normalizar uma realidade que está aí, embora haja quem não goste", comentou Tejeda, convencida de que esse ataque ajudou "muitos irmãos decidirem dar um passo e acabar com o medo", algo que celebrou, porque "temos que ser nós mesmos se quisermos avançar como sociedade".
Nesse sentido, Tejeda lamentou particularmente que o pai de uma das vítimas porto-riquenhas tenha se negado a reivindicar o corpo de seu filho pelo fato de que era gay, algo que foi publicado na imprensa americana sem identificar a vítima.
"Eu soube disso através de vários companheiros e claro é algo bem lamentável: o pai não estava de acordo com as preferências sexuais de seu filho e, mesmo após morto, suas crenças religiosas foram mais fortes", explicou a jovem, que apontou que finalmente outros parentes do morto se encarregaram do corpo.
Segundo seus dados, o pai vivia em Porto Rico e o jovem vivia em Orlando. "Talvez tenha se mudado por isso, como fazem muitos outros, para encontrar um espaço de liberdade que aqui não obteve", apontou.
O ativista Pedro Julio Serrano, possivelmente a cara mais conhecida da comunidade gay de Porto Rico, também se mostrou "extremamente entristecido" pela história desse pai que, "por vergonha, não quis reivindicar o corpo de seu filho".
"Tratei de confirmar o fato e não pude, mas se for assim, demonstra que ainda temos muito para caminhar", disse à Agência Efe o porta-voz da organização Puerto Rico Para Tod@s.
"Hoje marchamos pelas 23 vítimas porto-riquenhas de Orlando, e por todas as demais, pelos sobreviventes, por suas famílias, pela minha comunidade e pelo meu Porto Rico, porque temos o coração em pedaços", apontou Serrano, que após o massacre viajou para Orlando, onde visitou vários feridos e participou dos funerais de algumas vítimas.
Se é possível extrair algo de bom desse fato, explicou, é que ajudou muitos porto-riquenhos a assumirem sua sexualidade ou identidade de gênero, e muitos outros se solidarizarem com a comunidade LGBT.
"Nunca antes tínhamos começado a parada com tanta gente. O povo saiu às ruas e transbordou em solidariedade", disse.
Na sua opinião, "às vezes é preciso ocorrer tragédias como a de Orlando para tocar na nossa consciência", embora "seja absurdo que tenhamos que perder 49 vidas para que o ser humano entenda a fragilidade de cada vida. Não podemos seguir com este ódio irracional contra pessoas que estão amando e lutando pela liberdade, como todos os demais".
Na mesma linha seguiu a prefeita de San Juan, Carmen Yulín Cruz, que reconheceu em declarações à Efe que nos quatro anos do governo de Alejandro García Padilla "houve muitas conquistas" neste sentido.
"Devemos seguir lutando para que as crianças de hoje possam viver em um mundo sem discriminação e onde não seja necessário organizar paradas como esta porque todos têm os mesmos direitos", disse a prefeita.
San Juan, 26 jun (EFE).- Milhares de pessoas participaram neste domingo da Parada do Orgulho LGBT realizada em San Juan, que lembrou das vítimas do massacre de Orlando, das quais quase metade era formada por porto-riquenhos.
"Eu perdi dois amigos, dois irmãos, Martín (Benítez Torres, de 33 anos) e Jimmy de Jesús (Velázquez, de 50)", disse à Agência Efe Serbella Tejeda, porta-voz da funerária Borinquen Memorial, que ofereceu seus serviços gratuitos às famílias dos 23 mortos no ataque à boate Pulse, de Orlando.
Na sua opinião, em Porto Rico a homossexualidade e questões de gênero gozaram nos últimos anos de grandes avanços, mas "como em todas partes, sempre há comunidades que não entendem nossas preferências, embora seja questão de tempo para que amadureçam e entendam que todos somos filhos de Deus".
"Espero que atos como este sejam capaz de normalizar uma realidade que está aí, embora haja quem não goste", comentou Tejeda, convencida de que esse ataque ajudou "muitos irmãos decidirem dar um passo e acabar com o medo", algo que celebrou, porque "temos que ser nós mesmos se quisermos avançar como sociedade".
Nesse sentido, Tejeda lamentou particularmente que o pai de uma das vítimas porto-riquenhas tenha se negado a reivindicar o corpo de seu filho pelo fato de que era gay, algo que foi publicado na imprensa americana sem identificar a vítima.
"Eu soube disso através de vários companheiros e claro é algo bem lamentável: o pai não estava de acordo com as preferências sexuais de seu filho e, mesmo após morto, suas crenças religiosas foram mais fortes", explicou a jovem, que apontou que finalmente outros parentes do morto se encarregaram do corpo.
Segundo seus dados, o pai vivia em Porto Rico e o jovem vivia em Orlando. "Talvez tenha se mudado por isso, como fazem muitos outros, para encontrar um espaço de liberdade que aqui não obteve", apontou.
O ativista Pedro Julio Serrano, possivelmente a cara mais conhecida da comunidade gay de Porto Rico, também se mostrou "extremamente entristecido" pela história desse pai que, "por vergonha, não quis reivindicar o corpo de seu filho".
"Tratei de confirmar o fato e não pude, mas se for assim, demonstra que ainda temos muito para caminhar", disse à Agência Efe o porta-voz da organização Puerto Rico Para Tod@s.
"Hoje marchamos pelas 23 vítimas porto-riquenhas de Orlando, e por todas as demais, pelos sobreviventes, por suas famílias, pela minha comunidade e pelo meu Porto Rico, porque temos o coração em pedaços", apontou Serrano, que após o massacre viajou para Orlando, onde visitou vários feridos e participou dos funerais de algumas vítimas.
Se é possível extrair algo de bom desse fato, explicou, é que ajudou muitos porto-riquenhos a assumirem sua sexualidade ou identidade de gênero, e muitos outros se solidarizarem com a comunidade LGBT.
"Nunca antes tínhamos começado a parada com tanta gente. O povo saiu às ruas e transbordou em solidariedade", disse.
Na sua opinião, "às vezes é preciso ocorrer tragédias como a de Orlando para tocar na nossa consciência", embora "seja absurdo que tenhamos que perder 49 vidas para que o ser humano entenda a fragilidade de cada vida. Não podemos seguir com este ódio irracional contra pessoas que estão amando e lutando pela liberdade, como todos os demais".
Na mesma linha seguiu a prefeita de San Juan, Carmen Yulín Cruz, que reconheceu em declarações à Efe que nos quatro anos do governo de Alejandro García Padilla "houve muitas conquistas" neste sentido.
"Devemos seguir lutando para que as crianças de hoje possam viver em um mundo sem discriminação e onde não seja necessário organizar paradas como esta porque todos têm os mesmos direitos", disse a prefeita.
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