Topo

Pró-Rússia negam que MH17 foi abatido com míssil disparado de área rebelde

28/09/2016 11h11

Moscou, 28 set (EFE).- Os separatistas pró-Rússia rejeitaram nesta quarta-feira as acusações da procuradoria holandesa de que o voo MH17 da Malaysia Airlines foi derrubado em julho de 2014 por um míssil disparado de uma área do leste da Ucrânia controlada pelos rebeldes.

"Em nosso arsenal não havia esse tipo de sistemas, nem os sistemas, nem os especialistas. Por isso, não pudemos derrubar o Boeing", disse Eduard Basurin, porta-voz militar da autodenominada República Popular de Donetsk, à agência russa "Interfax".

Basurin insistiu que os insurgentes ucranianos não tinham nenhum motivo para abater o avião de passageiros, que foi derrubado quando sobrevoava a zona de conflito na região de Donetsk.

"Isso é uma loucura. Para que iríamos fazê-lo?", acrescentou o porta-voz.

Basurin lembrou que os Estados Unidos nunca apresentaram as imagens de satélite que supostamente demonstram que o míssil do sistema antiaéreo Buk foi lançado de uma área rebelde e o mesmo ocorre com os dados dos radares ucranianos sobre os aviões de guerra que sobrevoavam essa região.

"Mas, ao mesmo tempo, afirmaram que (o Boeing) foi derrubado por um sistema Buk da área controlada pelos rebeldes. Considero que esta afirmação tem como objetivo levar a investigação para um beco sem saída", disse Basurin.

O porta-voz acrescentou que, como consequência, esta já é a segunda vez que a comissão internacional "apresenta conclusões incorretas" ao acusar abertamente os pró-Rússia.

Por outro lado, Basurin lembrou que o avião malaio pode sim ter sido derrubado por um míssil Buk ucraniano, já que esses sistemas antiaéreos "permanecem no arsenal da Ucrânia desde os tempos soviéticos".

"Poderia ser um deles", sugeriu o porta-voz da autoproclamada República Popular de Donetsk.

A procuradoria holandesa informou hoje que o míssil Buk foi transportado do território russo e disparado de um campo próximo da cidade de Pervomaisk, no leste da Ucrânia, que estava nas mãos dos rebeldes pró-Rússia naquele momento.

Segundo as pesquisas da equipe de investigação conjunta, que reúne especialistas de Holanda, Austrália, Bélgica, Malásia e Ucrânia, a plataforma antiaérea de onde foi lançado o míssil foi retirada do local logo em seguida e levada de volta ao território russo.

As autoridades russas, por sua vez, apresentaram na última segunda-feira novas provas que demonstrariam que o míssil não poderia ter sido lançado, em nenhum caso, de áreas controladas pelos separatistas ucranianos pró-Rússia.

O sistema de radares russo situado na região de Rostov do Don - muito próxima do local da tragédia que causou a morte de 298 pessoas - "não detectou a aproximação de objetos voadores próximos do avião nos momentos prévios ao acidente", afirmou aos veículos de imprensa o comandante das forças radiotécnicas russas, Andrei Koban.

"Se o Boeing malaio tivesse sido derrubado por um míssil disparado de uma área situada ao leste do ponto da catástrofe, (o projétil) teria sido localizado pelo radar russo", afirmou Koban.

O oficial russo também disse ter provas que indicariam que as forças ucranianas contavam com sistemas de defesa antiaérea na região do acidente e insinuou que estas poderiam tê-los usado contra o avião de passageiros que fazia a rota entre Amsterdã (Holanda) e Kuala Lumpur (Malásia).

No Boeing-777 viajavam 298 pessoas, das quais 196 eram holandeses, outros 27 australianos, 44 malaios e um neozelandês, entre outras nacionalidades.

Um total de 33 parentes de vítimas de Austrália, Malásia e Nova Zelândia, representados por um advogado australiano, apresentaram uma denúncia no Tribunal Europeu de Direitos Humanos em Estrasburgo solicitando uma indenização de US$ 10 milhões por pessoa ao Estado russo.