Obama exorta Israel a retomar o caminho da paz em funeral de Shimon Peres
(Corrige cargo de Tusk no 13º parágrafo)
Elías L. Benarroch.
Monte Herzl (Jerusalém), 30 set (EFE).- O ex-presidente de Israel e prêmio Nobel da Paz, Shimon Peres, foi enterrado nesta sexta-feira em Jerusalém em uma cerimônia de Estado bastante emotiva, na qual o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, exortou os israelenses a assumirem suas responsabilidades e a retomarem o processo de paz.
"Nossa presença aqui é um gesto e uma lembrança de que a paz não é um assunto encerrado", declarou Obama, que em poucas palavras se remeteu ao falecido Peres: "o povo judeu não nasceu para governar outro povo".
"Peres me disse uma vez que, desde a sua criação, o povo judeu esteve contra escravos e amos, e que os palestinos devem ser tratados de igual para igual, porque esse era seu sentido de justiça", declarou Obama antes de começar a descrever o legado de um "sonhador", uma pessoa que classificou como "o último dos líderes da geração dos fundadores".
"Sou o 10º presidente americano desde John F. Kennedy que sucumbe a seus encantamentos", afirmou Obama em seu discurso, o último em uma cerimônia que durou aproximadamente duas horas e na qual o caixão de Peres esteve o tempo todo coberto com a bandeira de Israel.
O presidente americano tinha chegado apenas uma hora antes do início do funeral, que aconteceu no Monte Herzl, em Jerusalém, ao lado do túmulo do visionário do Estado judeu, Theodor Herzl, na parte destinada aos "Grandes da Nação" israelense.
Entre dois de seus antecessores, Yitzhak Rabin e Yitzhak Shamir, Peres foi enterrado posteriormente seguindo o ritual judeu, em meio às orações de cinco rabinos militares e na presença da família e dos convidados de maior destaque, enquanto os outros participantes deixavam o local ou assistiam à cerimônia através de dois telões.
Antes, nas exéquias, o presidente israelense Reuven Rivlin e o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu louvaram a disposição de Peres como pessoa, político e estadista.
"Peres era um exemplo de otimismo, de busca pela paz e de amor por Israel. Shimon viveu uma vida de grandeza. Foi um grande homem de Israel e um grande homem do mundo", afirmou Netanyahu, ao assegurar que seu legado não morre com ele.
Rivlin, por sua vez, falou "de presidente para presidente" e descreveu Peres como um "irmão mais velho". Além disso, o chefe do Estado judeu acrescentou que o ex-presidente "volta para a terra" hoje, mas que "sua visão não será enterrada".
"Para nós, o Estado de Israel não foi algo óbvio, mas hoje é um fato consumado", disse Rivlin diante de dezenas de dirigentes estrangeiros, lembrando aquela que foi a missão da vida de Peres.
Mais de 30 de chefes de Estado e de governo estavam presentes na cerimônia e, segundo o escritório de imprensa do governo israelense, 90 delegações de 70 países chegaram a Israel nas últimas horas para participar das exéquias do homem que levou adiante o processo de paz de Oslo com os palestinos, pelo qual recebeu o prêmio Nobel da Paz junto com os falecidos Rabin e Yasser Arafat.
Seu interlocutor direto nesse processo, o hoje presidente palestino, Mahmoud Abbas, estava sentado na primeira fila, ao lado do presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, e de outros líderes.
Um pouco além estava o padrinho dos acordos de Oslo, o ex-presidente americano Bill Clinton - que falou em qualidade de amigo pessoal e lembrou alguns dos momentos mais dramáticos da época -, e, mais longe ainda, alguns dos ministros nacionalistas do governo israelense que são contrários à solução de dois Estados que Peres defendeu em suas últimas duas décadas de vida.
Netanyahu não se dirigiu diretamente a Abbas, mas se referiu à paz "em termos regionais" e para com "nossos vizinhos palestinos", e mostrou seu convencimento de que Israel poderá concretizar essa ideia só a partir de uma posição de "segurança e do progresso", algo que o premiê garantiu que Peres estava de acordo com ele.
Em declarações à Agência Efe, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores de Israel, Emanuel Nahson, mostrou sua esperança de que a confluência de líderes de todo o mundo ajude a gerar algum tipo de processo.
"Temos aqui uma pequena reunião das Nações Unidas. Tomara que sirva para que haja conversas entre líderes mundiais e tomara que isto sirva (à causa) da paz", ressaltou o diplomata.
Muito mais crítico, o conhecido escritor Amós Oz, amigo pessoal do falecido ex-presidente, questionou abertamente em seu discurso: "Onde estão os líderes dispostos a levantar a bandeira de Peres?".
Longe dos assuntos de Estado, da guerra e da paz, os familiares de Peres, com nostalgia, mas serenidade, preferiram lembrar a pessoa, o pai, o avô.
"Eu me despeço de quem minha mãe chamava de Buyik, e eu, simplesmente, papai", disse sua filha Tsvia Walden, que narrou alguns dos aspectos mais privados da vida em família.
Desde como ele fazia seus sanduíches em formato triangular, até como ele a recebia em casa, passando pelo amor incondicional a sua mãe Sonia e os tradicionais jantares de sexta-feira, que costumavam começar com o kidush, a bênção do vinho.
Apenas seu filho Jemi, o mais visível da família nestas duas últimas semanas de hospitalização, pediu aos líderes mundiais presentes que não se esquecessem de uma das principais crenças de seu pai: "vocês (políticos e líderes)estão aqui para servir ao povo".
Elías L. Benarroch.
Monte Herzl (Jerusalém), 30 set (EFE).- O ex-presidente de Israel e prêmio Nobel da Paz, Shimon Peres, foi enterrado nesta sexta-feira em Jerusalém em uma cerimônia de Estado bastante emotiva, na qual o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, exortou os israelenses a assumirem suas responsabilidades e a retomarem o processo de paz.
"Nossa presença aqui é um gesto e uma lembrança de que a paz não é um assunto encerrado", declarou Obama, que em poucas palavras se remeteu ao falecido Peres: "o povo judeu não nasceu para governar outro povo".
"Peres me disse uma vez que, desde a sua criação, o povo judeu esteve contra escravos e amos, e que os palestinos devem ser tratados de igual para igual, porque esse era seu sentido de justiça", declarou Obama antes de começar a descrever o legado de um "sonhador", uma pessoa que classificou como "o último dos líderes da geração dos fundadores".
"Sou o 10º presidente americano desde John F. Kennedy que sucumbe a seus encantamentos", afirmou Obama em seu discurso, o último em uma cerimônia que durou aproximadamente duas horas e na qual o caixão de Peres esteve o tempo todo coberto com a bandeira de Israel.
O presidente americano tinha chegado apenas uma hora antes do início do funeral, que aconteceu no Monte Herzl, em Jerusalém, ao lado do túmulo do visionário do Estado judeu, Theodor Herzl, na parte destinada aos "Grandes da Nação" israelense.
Entre dois de seus antecessores, Yitzhak Rabin e Yitzhak Shamir, Peres foi enterrado posteriormente seguindo o ritual judeu, em meio às orações de cinco rabinos militares e na presença da família e dos convidados de maior destaque, enquanto os outros participantes deixavam o local ou assistiam à cerimônia através de dois telões.
Antes, nas exéquias, o presidente israelense Reuven Rivlin e o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu louvaram a disposição de Peres como pessoa, político e estadista.
"Peres era um exemplo de otimismo, de busca pela paz e de amor por Israel. Shimon viveu uma vida de grandeza. Foi um grande homem de Israel e um grande homem do mundo", afirmou Netanyahu, ao assegurar que seu legado não morre com ele.
Rivlin, por sua vez, falou "de presidente para presidente" e descreveu Peres como um "irmão mais velho". Além disso, o chefe do Estado judeu acrescentou que o ex-presidente "volta para a terra" hoje, mas que "sua visão não será enterrada".
"Para nós, o Estado de Israel não foi algo óbvio, mas hoje é um fato consumado", disse Rivlin diante de dezenas de dirigentes estrangeiros, lembrando aquela que foi a missão da vida de Peres.
Mais de 30 de chefes de Estado e de governo estavam presentes na cerimônia e, segundo o escritório de imprensa do governo israelense, 90 delegações de 70 países chegaram a Israel nas últimas horas para participar das exéquias do homem que levou adiante o processo de paz de Oslo com os palestinos, pelo qual recebeu o prêmio Nobel da Paz junto com os falecidos Rabin e Yasser Arafat.
Seu interlocutor direto nesse processo, o hoje presidente palestino, Mahmoud Abbas, estava sentado na primeira fila, ao lado do presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, e de outros líderes.
Um pouco além estava o padrinho dos acordos de Oslo, o ex-presidente americano Bill Clinton - que falou em qualidade de amigo pessoal e lembrou alguns dos momentos mais dramáticos da época -, e, mais longe ainda, alguns dos ministros nacionalistas do governo israelense que são contrários à solução de dois Estados que Peres defendeu em suas últimas duas décadas de vida.
Netanyahu não se dirigiu diretamente a Abbas, mas se referiu à paz "em termos regionais" e para com "nossos vizinhos palestinos", e mostrou seu convencimento de que Israel poderá concretizar essa ideia só a partir de uma posição de "segurança e do progresso", algo que o premiê garantiu que Peres estava de acordo com ele.
Em declarações à Agência Efe, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores de Israel, Emanuel Nahson, mostrou sua esperança de que a confluência de líderes de todo o mundo ajude a gerar algum tipo de processo.
"Temos aqui uma pequena reunião das Nações Unidas. Tomara que sirva para que haja conversas entre líderes mundiais e tomara que isto sirva (à causa) da paz", ressaltou o diplomata.
Muito mais crítico, o conhecido escritor Amós Oz, amigo pessoal do falecido ex-presidente, questionou abertamente em seu discurso: "Onde estão os líderes dispostos a levantar a bandeira de Peres?".
Longe dos assuntos de Estado, da guerra e da paz, os familiares de Peres, com nostalgia, mas serenidade, preferiram lembrar a pessoa, o pai, o avô.
"Eu me despeço de quem minha mãe chamava de Buyik, e eu, simplesmente, papai", disse sua filha Tsvia Walden, que narrou alguns dos aspectos mais privados da vida em família.
Desde como ele fazia seus sanduíches em formato triangular, até como ele a recebia em casa, passando pelo amor incondicional a sua mãe Sonia e os tradicionais jantares de sexta-feira, que costumavam começar com o kidush, a bênção do vinho.
Apenas seu filho Jemi, o mais visível da família nestas duas últimas semanas de hospitalização, pediu aos líderes mundiais presentes que não se esquecessem de uma das principais crenças de seu pai: "vocês (políticos e líderes)estão aqui para servir ao povo".
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