Chegada de imigrantes haitianos põe racismo em pauta no Chile
Júlia Talarn Rabascall.
Santiago (Chile), 27 dez (EFE).- A chegada ao Chile de imigrantes haitianos, tanto culturalmente como fisicamente diferentes dos chilenos, pôs o racismo em pauta em um país que historicamente se caracterizou por acolher os estrangeiros.
Segundo estatísticas da Polícia chilena, neste último ano entraram no país cerca de 4 mil haitianos por mês.
Apesar do fenômeno da imigração no Chile não ser novo, o rápido crescimento desta comunidade caribenha, de idioma e costumes diferentes das do país andino, chamou a atenção da sociedade e da oposição política chilena, que aproveitou a situação para atiçar a chama da discriminação.
O ex-presidente chileno e possível candidato a um novo mandato Sebastián Piñera falou no mês passado sobre a necessidade de reformar as leis de imigração para facilitar a expulsão de "indesejáveis".
"O Chile deve estar aberto a receber imigrantes que forneçam para o desenvolvimento, mas deve fechar absolutamente suas fronteiras ao narcotráfico, à criminalidade, ao contrabando, ao crime organizado e também à imigração ilegal", disse Piñera.
Para o ministro de Desenvolvimento Social, Marcos Barraza, esse discurso da direita chilena "responde de maneira imprudente a um objetivo eleitoral".
"Rotular a população imigrante como delitiva ou só acentuar esse componente é um discurso imprudente", comentou à Agência Efe Barraza, explicando que em algumas ocasiões há idiossincrasias que podem "entrar em tensão", mas quando são "bem processadas", se transformam em "riqueza" para o país.
A imigração latino-americana em direção ao Chile quadruplicou desde o fim da ditadura de Augusto Pinochet em 1990. Atualmente, residem no país 465,3 mil estrangeiros (de uma população de 18 milhões), 89,5% deles procedentes de países da região.
Sua próspera economia, sua estabilidade social e as múltiplas oportunidades de trabalho impulsionaram a criação, entre latino-americanos, do 'chilean dream' (o sonho chileno), em referência ao "american dream" (sonho americano).
Os imigrantes que chegam ao país têm entre 15 e 45 anos e buscam oportunidades. "No Chile as pessoas podem desenvolver seus projetos de vida e por isso é visto como um país atraente", explicou o ministro.
Representantes de organizações de direitos humanos dizem que as condições de vida para os imigrantes não são tão boas.
Alguns deles, procedentes da Colômbia e da República Dominicana, caem em mãos de grupos internacionais de tráfico de pessoas que os introduzem no país de noite, através da região de Arica e Parinacota, na fronteira com o Peru.
Trata-se de uma região minada, por isso que todos os anos vários morrem ou ficam gravemente feridos devido à explosão de uma bomba.
A Pesquisa de Caracterização Socioeconômica Nacional do Ministério de Desenvolvimento Social evidencia que a vida dos imigrantes também não é um caminho de rosas: embora a maioria encontre trabalho, 28,4% das famílias lideradas por imigrantes sofreram discriminação em 2015.
Guivard Pierre, um haitiano de 30 anos que chegou ao Chile há seis para trabalhar na construção, foi economizando para comprar um carro e uma casa em um modesto bairro da capital, onde vive com sua esposa chilena e seu filho de dois meses.
Apoiado em um dos muros de concreto da construção na qual trabalha, Pierre afirmou que não se arrepende de ter ido para o Chile, apesar de as coisas não terem sido fáceis.
"O país não era como eu imaginava. Ou me discriminam pela cor da pele ou porque tenho um carro ou uma bicicleta. Não há direitos", lamentou Pierre.
Embora o governo de Michelle Bachelet tenha pedido várias vezes para que não fossem "não construídos muros simbólicos" para os imigrantes, ela compartilha com os políticos de direita a convicção de que o país precisa de uma nova lei que regule a imigração.
"A atual, que é da ditadura de Pinochet, não reflete as complexidades de convivência, por isso o governo preparou um projeto de lei que quer dar ao país leis modernas, capazes de regular corretamente o mercado de trabalho e integrar a população que chega ao país", ressaltou Barraza.
Santiago (Chile), 27 dez (EFE).- A chegada ao Chile de imigrantes haitianos, tanto culturalmente como fisicamente diferentes dos chilenos, pôs o racismo em pauta em um país que historicamente se caracterizou por acolher os estrangeiros.
Segundo estatísticas da Polícia chilena, neste último ano entraram no país cerca de 4 mil haitianos por mês.
Apesar do fenômeno da imigração no Chile não ser novo, o rápido crescimento desta comunidade caribenha, de idioma e costumes diferentes das do país andino, chamou a atenção da sociedade e da oposição política chilena, que aproveitou a situação para atiçar a chama da discriminação.
O ex-presidente chileno e possível candidato a um novo mandato Sebastián Piñera falou no mês passado sobre a necessidade de reformar as leis de imigração para facilitar a expulsão de "indesejáveis".
"O Chile deve estar aberto a receber imigrantes que forneçam para o desenvolvimento, mas deve fechar absolutamente suas fronteiras ao narcotráfico, à criminalidade, ao contrabando, ao crime organizado e também à imigração ilegal", disse Piñera.
Para o ministro de Desenvolvimento Social, Marcos Barraza, esse discurso da direita chilena "responde de maneira imprudente a um objetivo eleitoral".
"Rotular a população imigrante como delitiva ou só acentuar esse componente é um discurso imprudente", comentou à Agência Efe Barraza, explicando que em algumas ocasiões há idiossincrasias que podem "entrar em tensão", mas quando são "bem processadas", se transformam em "riqueza" para o país.
A imigração latino-americana em direção ao Chile quadruplicou desde o fim da ditadura de Augusto Pinochet em 1990. Atualmente, residem no país 465,3 mil estrangeiros (de uma população de 18 milhões), 89,5% deles procedentes de países da região.
Sua próspera economia, sua estabilidade social e as múltiplas oportunidades de trabalho impulsionaram a criação, entre latino-americanos, do 'chilean dream' (o sonho chileno), em referência ao "american dream" (sonho americano).
Os imigrantes que chegam ao país têm entre 15 e 45 anos e buscam oportunidades. "No Chile as pessoas podem desenvolver seus projetos de vida e por isso é visto como um país atraente", explicou o ministro.
Representantes de organizações de direitos humanos dizem que as condições de vida para os imigrantes não são tão boas.
Alguns deles, procedentes da Colômbia e da República Dominicana, caem em mãos de grupos internacionais de tráfico de pessoas que os introduzem no país de noite, através da região de Arica e Parinacota, na fronteira com o Peru.
Trata-se de uma região minada, por isso que todos os anos vários morrem ou ficam gravemente feridos devido à explosão de uma bomba.
A Pesquisa de Caracterização Socioeconômica Nacional do Ministério de Desenvolvimento Social evidencia que a vida dos imigrantes também não é um caminho de rosas: embora a maioria encontre trabalho, 28,4% das famílias lideradas por imigrantes sofreram discriminação em 2015.
Guivard Pierre, um haitiano de 30 anos que chegou ao Chile há seis para trabalhar na construção, foi economizando para comprar um carro e uma casa em um modesto bairro da capital, onde vive com sua esposa chilena e seu filho de dois meses.
Apoiado em um dos muros de concreto da construção na qual trabalha, Pierre afirmou que não se arrepende de ter ido para o Chile, apesar de as coisas não terem sido fáceis.
"O país não era como eu imaginava. Ou me discriminam pela cor da pele ou porque tenho um carro ou uma bicicleta. Não há direitos", lamentou Pierre.
Embora o governo de Michelle Bachelet tenha pedido várias vezes para que não fossem "não construídos muros simbólicos" para os imigrantes, ela compartilha com os políticos de direita a convicção de que o país precisa de uma nova lei que regule a imigração.
"A atual, que é da ditadura de Pinochet, não reflete as complexidades de convivência, por isso o governo preparou um projeto de lei que quer dar ao país leis modernas, capazes de regular corretamente o mercado de trabalho e integrar a população que chega ao país", ressaltou Barraza.
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