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Promotor que investiga morte de Alberto Nisman denuncia que recebeu ameaças

28/12/2016 16h27

Buenos Aires, 28 dez (EFE).- O promotor federal argentino Eduardo Taiano, que investiga as causas da morte de seu colega Alberto Nisman, achado sem vida em sua casa com um disparo na cabeça no dia 18 de janeiro de 2015, denunciou nesta quarta-feira que recebeu ameaças de morte em seu telefone celular, informaram fontes judiciais.

Segundo confirmou à Agência Efe o escritório do promotor, Taiano recebeu ontem uma mensagem que advertia: "Pare de mexer com esse russo filho de mil putas. Vamos fazer merda com você (...)", uma ameaça que faz referência à investigação que dirige para esclarecer a morte de Nisman.

Taiano considera que ocorreram irregularidades na preservação das provas da cena do crime, motivo pelo qual pediu no início de dezembro a interceptação das ligações entre César Milani, ex-chefe do exército, Sergio Berni, que era secretário de Segurança nesse momento, e a ex-promotora do caso, Viviana Fein.

O juiz que tramita a causa, Julián Ercolini, confirmou o pedido de Taiano de investigar os cruzamentos de ligações entre essas três pessoas, a fim de determinar se houve no dia 18 de janeiro uma "área liberada" ao redor do edifício Le Parc, no bairro de Puerto Madero, onde vivia Nisman.

A tese do promotor se baseia em que a perda de provas no local foi intencional.

Neste contexto, Taiano apresentou uma denúncia policial pelas ameaças que recebeu ontem de um número não identificado e que incluíam alguns detalhes sobre os últimos movimentos de seu filho.

"Pare de mexer com esse russo filho de mil putas! Vamos fazer merda com você e Federico (seu filho). Têm os dias contados...", foi o texto íntegro da ameaça recebida por Taiano.

Segundo explicou à Efe Manuel Romero, um dos advogados das filhas de Nisman e próximo a Taiano, a palavra "russo" faz referência ao modo como chamavam o falecido promotor público, de origem judaica, em algumas das ameaças que recebeu antes de morrer.

As ameaças acontecem a poucos dias que o máximo tribunal penal decida se reabre a denúncia que Nisman apresentou dias antes de morrer contra a presidente Cristina Kirchner por acobertar os terroristas iranianos suspeitos de explodir uma associação judaica em Buenos Aires em 1994 em troca de vantagens comerciais com o país asiático.

Aparentemente, esta não é a primeira vez que Taiano recebe ameaças durante uma investigação: em 2013, um jornal local revelou que em 2005 sequestraram o filho do promotor um dia antes que concluísse o prazo para pedir o desarquivamento de uma denúncia que ele mesmo apresentou contra o ex-presidente Néstor Kirchner (2003-2007) por enriquecimento ilícito.

Neste ano, a juíza María Servini de Cubría garantiu em entrevista que aquele sequestro teve a ver com pressões do governo Kirchner para conter os processos judiciais dos quais era alvo.