Os segredos das mansões da URSS que Obama tirou dos diplomatas russos
Beatriz Pascual Macías.
Washington, 30 dez (EFE).- Propriedade do governo russo desde os tempos da União Soviética (URSS), as luxuosas mansões de Maryland e Nova York fechadas pelo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, acolheram durante anos as festas e banquetes dos diplomatas russos, que agora terão que abandoná-las devido às sanções impostas ontem.
As mansões estavam sendo usadas pelo Kremlin para supostas atividades de espionagem, o que representa um "desafio direto à segurança dos Estados Unidos", asseguraram em entrevista à imprensa vários funcionários do governo americano que falaram sob condição de anonimato.
Foi a primeira vez que o governo dos EUA afirmou de forma tão contundente que pessoal russo usou para "atividades de inteligência" as casas de Nova York e Maryland, retratadas pelos funcionários americanos como um ninho de espiões onde os russos podiam conspirar longe da vigilância de Washington.
No entanto, os funcionários dos EUA não esclarecerem que papel estas propriedades exerceram nos ataques cibernéticos que agentes russos supostamente executaram durante a campanha presidencial americana a fim de prejudicar a democrata Hillary Clinton e favorecer o republicano Donald Trump.
Obama deu aos diplomatas russos um prazo de 24 horas para deixar suas propriedades, uma ordem que faz parte do pacote de sanções anunciado nesta quinta-feira pelo governo dos EUA.
As mansões de Nova York e Maryland, adquiridas pela União Soviética na década de 1950 e 1970, respectivamente, foram desde sempre protagonistas dos rumores dos vizinhos.
De fato, em plena Guerra Fria, alguns moradores de Maryland se opuseram à compra do edifício por parte dos soviéticos e afirmaram a um jornal local que sentiam "temor que submarinos nucleares emergissem do rio Chester", próximo à propriedade, a fim de "coletar segredos e traidores americanos".
Com o tempo, os russos ganharam até os vizinhos mais céticos e conseguiram se acomodar em seu centro de férias, situado em Pioneer Point, uma península na qual se fundem os rios Córsega e Chester e onde durante anos puderam tomar banhos de vapor, nadar e até disputar partidas de tênis.
Em artigo publicado em 1974, o jornal "The New York Times" retratou a doce relação entre os moradores de Maryland e os russos, que tinham surpreendido os locais com sua excelente educação e seus presentes de vodca e caviar.
"Eles me trataram de maneira maravilhosa", contava ao "The New York Times " Joe Handley, um morador de 75 anos que a princípio se opôs a que os russos comprassem a mansão.
Desde que Obama anunciou as sanções, a única rede de televisão que pôde obter imagens da mansão de Maryland foi a estação "WUSA 9", que de um helicóptero mostrou as paredes de tijolo e as múltiplas chaminés da casa, assim como seu alpendre central de cor branca e adornado com várias colunas.
As imagens mostram uma casa descuidada e aparentemente vazia, afastada do esplendor dos dias nos quais pertenceu a John J. Raskob (1879-1950), um dos fundadores da General Motors e famoso por ser uma das pessoas que financiou a construção do icônico Empire State Building de Nova York.
As duas propriedades russas se mantiveram até ontem afastadas do foco das câmaras, embora em 1982 funcionários do governo de Ronald Reagan já tenham acusado o Executivo russo de usar a mansão de Nova York, situada em Long Island, para espionar as indústrias de defesa e tecnologia da ilha.
Segundo um antigo folheto, a mansão de Nova York, conhecida como "Killenworth", é de estilo neotudor e simula um palacete com diferentes elementos rústicos como solos de madeira, embora no momento de sua compra pelos soviéticos já contasse com uma piscina, uma quadra de tênis e diferentes jardins.
Segundo os arquivos da Biblioteca do Congresso, a casa é a residência da delegação russa nas Nações Unidas, mas funcionários do governo dos EUA disseram ao "The New York Times" que atualmente a propriedade está desocupada e está sendo protegida por poucos guardas de segurança.
Os diplomatas americanos ostentam propriedades similares na Rússia, mas por enquanto o presidente russo, Vladimir Putin, não anunciou nenhuma represália em resposta às sanções.
Putin, aliás, deu a cara a tapa hoje e optou por não responder às represálias de Obama, entre as quais se incluem sanções econômicas contra duas das principais agências de inteligência de Moscou, assim como a expulsão do país de 35 diplomatas russos e suas famílias em um prazo de 72 horas.
O fechamento das mansões, previsto para hoje, materializará as difíceis atuais relações entre EUA e Rússia.
Com o eco dos enfrentamentos da Guerra Fria, Washington e Moscou viveram nos últimos anos vários atritos pelo conflito na Ucrânia, o apoio de Moscou ao presidente sírio, Bashar al-Assad, e o asilo que a Rússia outorgou ao ex-funcionário da Agência de Segurança Nacional (NSA), Edward Snowden.
Washington, 30 dez (EFE).- Propriedade do governo russo desde os tempos da União Soviética (URSS), as luxuosas mansões de Maryland e Nova York fechadas pelo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, acolheram durante anos as festas e banquetes dos diplomatas russos, que agora terão que abandoná-las devido às sanções impostas ontem.
As mansões estavam sendo usadas pelo Kremlin para supostas atividades de espionagem, o que representa um "desafio direto à segurança dos Estados Unidos", asseguraram em entrevista à imprensa vários funcionários do governo americano que falaram sob condição de anonimato.
Foi a primeira vez que o governo dos EUA afirmou de forma tão contundente que pessoal russo usou para "atividades de inteligência" as casas de Nova York e Maryland, retratadas pelos funcionários americanos como um ninho de espiões onde os russos podiam conspirar longe da vigilância de Washington.
No entanto, os funcionários dos EUA não esclarecerem que papel estas propriedades exerceram nos ataques cibernéticos que agentes russos supostamente executaram durante a campanha presidencial americana a fim de prejudicar a democrata Hillary Clinton e favorecer o republicano Donald Trump.
Obama deu aos diplomatas russos um prazo de 24 horas para deixar suas propriedades, uma ordem que faz parte do pacote de sanções anunciado nesta quinta-feira pelo governo dos EUA.
As mansões de Nova York e Maryland, adquiridas pela União Soviética na década de 1950 e 1970, respectivamente, foram desde sempre protagonistas dos rumores dos vizinhos.
De fato, em plena Guerra Fria, alguns moradores de Maryland se opuseram à compra do edifício por parte dos soviéticos e afirmaram a um jornal local que sentiam "temor que submarinos nucleares emergissem do rio Chester", próximo à propriedade, a fim de "coletar segredos e traidores americanos".
Com o tempo, os russos ganharam até os vizinhos mais céticos e conseguiram se acomodar em seu centro de férias, situado em Pioneer Point, uma península na qual se fundem os rios Córsega e Chester e onde durante anos puderam tomar banhos de vapor, nadar e até disputar partidas de tênis.
Em artigo publicado em 1974, o jornal "The New York Times" retratou a doce relação entre os moradores de Maryland e os russos, que tinham surpreendido os locais com sua excelente educação e seus presentes de vodca e caviar.
"Eles me trataram de maneira maravilhosa", contava ao "The New York Times " Joe Handley, um morador de 75 anos que a princípio se opôs a que os russos comprassem a mansão.
Desde que Obama anunciou as sanções, a única rede de televisão que pôde obter imagens da mansão de Maryland foi a estação "WUSA 9", que de um helicóptero mostrou as paredes de tijolo e as múltiplas chaminés da casa, assim como seu alpendre central de cor branca e adornado com várias colunas.
As imagens mostram uma casa descuidada e aparentemente vazia, afastada do esplendor dos dias nos quais pertenceu a John J. Raskob (1879-1950), um dos fundadores da General Motors e famoso por ser uma das pessoas que financiou a construção do icônico Empire State Building de Nova York.
As duas propriedades russas se mantiveram até ontem afastadas do foco das câmaras, embora em 1982 funcionários do governo de Ronald Reagan já tenham acusado o Executivo russo de usar a mansão de Nova York, situada em Long Island, para espionar as indústrias de defesa e tecnologia da ilha.
Segundo um antigo folheto, a mansão de Nova York, conhecida como "Killenworth", é de estilo neotudor e simula um palacete com diferentes elementos rústicos como solos de madeira, embora no momento de sua compra pelos soviéticos já contasse com uma piscina, uma quadra de tênis e diferentes jardins.
Segundo os arquivos da Biblioteca do Congresso, a casa é a residência da delegação russa nas Nações Unidas, mas funcionários do governo dos EUA disseram ao "The New York Times" que atualmente a propriedade está desocupada e está sendo protegida por poucos guardas de segurança.
Os diplomatas americanos ostentam propriedades similares na Rússia, mas por enquanto o presidente russo, Vladimir Putin, não anunciou nenhuma represália em resposta às sanções.
Putin, aliás, deu a cara a tapa hoje e optou por não responder às represálias de Obama, entre as quais se incluem sanções econômicas contra duas das principais agências de inteligência de Moscou, assim como a expulsão do país de 35 diplomatas russos e suas famílias em um prazo de 72 horas.
O fechamento das mansões, previsto para hoje, materializará as difíceis atuais relações entre EUA e Rússia.
Com o eco dos enfrentamentos da Guerra Fria, Washington e Moscou viveram nos últimos anos vários atritos pelo conflito na Ucrânia, o apoio de Moscou ao presidente sírio, Bashar al-Assad, e o asilo que a Rússia outorgou ao ex-funcionário da Agência de Segurança Nacional (NSA), Edward Snowden.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.