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Muçulmanos vão às ruas para comemorar fim do Ramadã

Garoto observa muçulmanos fazendo oração durante o Eid al-Fitr, que marca o fim do Ramadã, o mês mais sagrado para o Islã, em Nova York (EUA) - Drew Angerer/Getty Images/AFP
Garoto observa muçulmanos fazendo oração durante o Eid al-Fitr, que marca o fim do Ramadã, o mês mais sagrado para o Islã, em Nova York (EUA) Imagem: Drew Angerer/Getty Images/AFP

Em Riad/Cairo (Egito)

25/06/2017 16h02

Os muçulmanos de quase todo o mundo começaram neste domingo as festas de Eid al-Fitr, que serve para celebrar o fim do mês sagrado do Ramadã, com banquetes e ruas cheias.

Como nos últimos cinco anos, as festividades deste ano foram novamente prejudicadas pela guerra em países como Síria, Iraque, Iêmen e Líbia e também pela crise diplomática aberta por vários países árabes contra o Catar.

Geralmente, as comemorações duram três dias, mas na Arábia Saudita o rei Salman bin Abdul Aziz al Saud concedeu permissão para que as férias se estendessem por mais duas semanas, ou seja até 14 de julho, por causa da nomeação do seu filho Mohammad Bin Salman Al Saud como príncipe herdeiro. Os sauditas costumam usar a última semana do Ramadã para rezar, pois consideram os últimos dias os mais sagrados.

Essas três semanas de recesso ajudaram Fahd al Suilem, de 34 anos, a rever seus hábitos e passar os dias do Eid em Riad com a família, em vez de viajar, como faz todos os anos.

"Temos muitos dias de festa, então aproveito os primeiros com a minha família e depois viajo", ponderou.

Os sauditas costumam ir às cidades litorâneas, um hábito também das populações de outros países do Oriente Médio. No Egito os hotéis de Alexandria e Marsa Matruh, no Mar Mediterrâneo, ficam lotados nesta época, assim como Ain Sokhna, a praia mais próxima do Cairo, no Mar Vermelho, onde a taxa de ocupação atinge 85%, conforme dados do site Booking.com.

Os números, porém, são muito mais baixos em destinos mais caros. Em um luxuoso complexo hoteleiro de Sharm el-Sheikh, no Sinai, a ocupação está em pouco mais da metade, também conforme o portal. A situação é reflexo da crise econômica que o país vive e que forçou o governo a liberalizar a cotação da moeda egípcia em novembro do ano passado, o que encareceu o preço das passagens aéreas. Esta baixa ocupação também está vinculada à queda do turismo internacional, após o atentado contra um avião de passageiros da Rússia que matou 224 pessoas em outubro de 2015 e levou vários países a suspenderem viagens ao Egito.

Muitos moradores do Cairo optaram por ficar na capital, passar o dia em família, participar da tradicional troca de presentes, estrear roupas novas e degustar banquetes coroados com as típicas "kahk", biscoitos recheados de tâmaras e coberto de açúcar de confeiteiro.

Essa não é uma opção, no entanto, para os milhões de afetados pelos conflitos que estão acontecendo no Oriente Médio, segundo alertou hoje a Organização Internacional das Migrações (OIM). No Iraque, cerca de 3 milhões de pessoas estão fora de seus lares, como resultado das campanhas militares contra os jihadistas, de acordo com a OIM.

Em Mossul, no norte do país, este é o primeiro Aid rl-Fitr após três anos de domínio do grupo terrorista Estado Islâmico (EI), ainda que a batalha continue na parte antiga da cidade e, conforme à OIM, pelo menos 432 mil pessoas desta cidade estejam em campos de deslocados.

Já na Síria hoje foram registrados casos de violência em vários pontos, entre eles Idlib, onde aconteceram explosões de carros-bombas. O presidente sírio, Bashar al Assad, foi à cidade de Hama, no centro do país, para participar das rezas do Eid al-Fitr.

Outro costume deste período é a anistia de presos. No caso do Egito, o Ministério do Interior soltou 913 detentos que cumpriam sentença e outros 98 que estavam em dependências policiais.

No Egito, uma das faces mais cruéis do Eid al-Fitr é o assédio sexual contra mulheres, geralmente cometido por jovens. O Conselho Nacional para as Mulheres do Egito habilitou um número de telefone especial para receber denúncias e oferecer ajuda legal neste período.

Omã e Marrocos são os únicos países de maioria muçulmana que estenderam o Ramadã por mais um dia. Por lá, as festas do Eid al-Fitr só começam amanhã.